Humm, isso era bom.

— Obrigado, foi...

— Fica tranquilo, essa coisa de brocha é normal...

Estreito o olhar e tento fingir demência, agora sou brocha, merda. Melhor que elas descobrirem minha verdadeira identidade, porém, meu ego se encontra ferido.

— Obrigado por não falar nada. — As palavras queimam meus lábios, melhor assim, não corria risco de elas ou outras virem atrás de mim, tento me convencer, onde meus traumas me levaram? Parecer um brocha!

Ela pisca e vai embora rebolando, e eu suspiro alto, meu celular faz barulho de notificação, pego e olho a tela, e era a rede social da Zoe, criei um perfil falso para segui-la, só por proteção, minto para mim mesmo, ela postou uma foto de uniforme de enfermagem, cabelos presos, uma prancheta nas mãos e um sorriso radiante. Não entendo para que ela criou a droga de um perfil nas redes sociais, apesar de ser restrito e com poucos seguidores, a maioria era colegas de curso dela, e as postagens eram mais sobre flores e paisagem, localizações ou legendas sugestivas; para conseguir ser aceito em sua conta, tive que hackear seu celular. Volto a dizer que foi por precaução. Ela mora na minha casa. Agora tudo que ela posta, recebo as notificações, alguém rapidamente já tecia comentário na foto dela. Um tal de Maurício, quem é esse cara?

"Linda".

Ele escreve na foto dela e recebe um coração em resposta. Que porra estava acontecendo? Inferno! Entro no perfil do cara e é aberto, tem diversas fotos de ele sorridente, com outras pessoas, e achei que a boca do infeliz tem dentes demais. Poderia ficar sem alguns. Na descrição, diz que ele é estudante, amigo da natureza e surfista, uma onda poderia ser de grande ajuda para levar o corpo dele. Faço a ligação restrita, e logo Emma atende.

— Quem é Maurício?

— Quem? — O que ela fica fazendo que não sabe quem ronda a Zoe?

— Um conhecido da Zoe — respondo, tirando o boné da cabeça e olhando para os lados. — Como você não sabe quem é?

— Por que eu iria monitorar os namorados da garota? Sou babá dela agora?

grita do outro lado, e tiro o telefone do ouvido com o som dos gritos.

— Por que está gritando comigo?

— Porque você está me atrapalhando — geme, e eu entendo o que ela quer dizer com atrapalhar.

— Eca, não quero nem imaginar você nua. — Faço cara de nojo — Pare de trepar e descubra tudo sobre esse tal de Maurício, até o número dos sapatos dele, tudo, ouviu?

— Vai se foder! — Desliga na minha cara, que desgraçada, e nem são dez horas do dia para ela está transando, rumino com raiva dela por isso, já que agora sou brocha, pela Zoe ter um amigo.

Que porra está acontecendo com essas mulheres? Vejo a coach chata de longe e me escondo atrás das caixas, cansado de ela me cercar com suas insinuações. Será que meio milhão valia a pena, passando por tanta humilhação?

Podia ligar para Zoe e indagar quem é esse cara, mas terei que explicar duas coisas: por que estou ligando se nunca fiz isso e o como sei das suas amizades? Droga! Vejo por cima das caixas que a barra está limpa e abro a caixa debaixo, onde está o material que a Emma enviou para mim.

Preciso agir rápido, não aguento mais esse lugar bancando o lerdo imbecil, e agora preciso descobrir se a Zoe corre perigo com esse Maurício. Analiso os ângulos do local com meus óculos que detecta calor humano, assim, consigo ver, mesmo distante, que tem pessoas por perto. Pelo menos dessa vez a Emma fez seu trabalho correto, analiso o resto do material e sigo para meu alojamento.

PERSEU: FILHO DO FOGOWhere stories live. Discover now