Capítulo 25

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Enfim, Margarida havia terminado o vestido. Estava lindo demais. Como Roberta estava no culto, deixaria para entrega-lo no dia seguinte.

Como tudo já estava pronto, Margarida fez-se esperar pela presença de André e Olívia.

Guardando o vestido em uma pequena sacola, a porta da frente se abre, adentrando os dois, rindo de alguma coisa na qual Margarida não fazia ideia.

— Desculpe o atraso, mãe. — Disse Olívia.

Margarida tirara o vestido da sacola, levantando-o no ar. Olívia ficara de boca aberta.

— Nossa, como ficou lindo, mãe.

— Realmente, dona Margarida! — André elogiou.

— Acabei de acabar

— Roberta vai pirar.

— Encontrei ela, quando estava acabando de chegar. Estava indo para o culto. Amanhã eu entrego.

Margarida guardara o vestido novamente na sacola. Vendo Olívia e André, um de frente para o outro, contemplando-se, diz:

— Vamos jantar?

A atenção de ambos se voltara para ela. Ninguém resistia a comida de Margarida.

— O que temos hoje? — Perguntou Olívia, curiosa.

— Guisado de frango.

A barriga de André roncou.

Lembrara da época em que dona Margarida tinha o costume de fazer guisado de frango aos domingos, junto a uma deliciosa macarronada.

Com tudo pronto, só faltava pôr a mesa. E assim o fizeram. 

***

Estava acontecendo um grande festejo. Em meio a multidão dançando, Olívia não fazia ideia de onde se encontrava. Mas ao longe, podia escutar o som de um triângulo e uma sanfona tocando.

Estava de noite. No céu, luzes piscavam em variadas cores.

Tinha a sensação de que conhecia algumas pessoas presentes, porém não conseguia ver-lhes o rosto.

Sem que pudesse controlar suas pernas, Olívia caminhava calmamente entre as pessoas, que continuavam dançando e conversando entre si.

Chegando a um determinado local do festejo, a alguns metros de distância, ela pôde ver uma pessoa que há muito tempo não a encarava. Perto da porta de entrada da igreja, Eusébio se encontrava sentado no primeiro degrau da escada.

Ao ver Olívia, ele se levanta num solavanco, indo em sua direção.

Ela queria parar de andar e correr dali, mas não conseguia.

Porém,antes que Eusébio pudesse chegar o mais próximo possível, Olívia sente-se sersugada, não demorando para abrir os olhos e se deparar com o teto de seuquarto.

***

Desde que tivera o pesadelo na noite anterior, Olívia não tinha conseguido mais pregar os olhos. Ficara ainda mais receosa ao pensar que isso havia sido algum tipo de sinal, igual o sonho da carta.

Olhando para o relógio, que agora marcava 6h da manhã, ela se levanta, trocando-se de roupa. Em seguida se direciona ao andar de baixo.

A casa estava totalmente silenciosa. Margarida e André deviam estar dormindo.

Olívia vai para a cozinha, onde com bastante calma e cautela, para que não fizesse muito barulho, começa a preparar o café.

Margarida acaba despertando pelo cheiro que começava a se espalhar pela casa.

Adentrando a cozinha, Margarida estranha a filha já acordada.

— Ué? Já está acordada? O que aconteceu?

Olívia deposita um beijo na testa de sua mãe e volta colocando o resto de água no coador.

— Eu tivesse um sonho estranho essa noite, mãe.

Margarida enrijeceu-se. Da última vez não tinha sido algo tão bom assim e que de alguma forma fora algum aviso que acabou acontecendo.

— Que sonho, querida?

Olívia contara, dizendo que havia visto o pai na mesma festa em que estava e que ele tentava se aproximar, mas que a vontade dela era de sair dali.

Margarida sentiu o coração gelar.

Se Olivia soubesse que ela ainda continuava mantendo contato com Eusébio e que ele viria para São Paulo, era capaz de nunca mais lhe perdoar por ter escondido isso dela.

— Nossa, que estranho, não é?

— Demais, mãe. Mas creio em Deus de que foi tudo apenas um sonho.

Essa era a esperança de Olívia.

Desconversando, Margarida e Olivia começam a preparar a mesa do café da manhã e não demoram ouvirem passos descendo as escadas.

— Bom dia! — Exclamou André, dando um beijo no rosto de Margarida e seguindo para Olivia.

— Bom dia, meu amor! — Diz Olivia.

Margarida se alegrava toda vez que via ambos demonstrarem carinhos e afetos um para com o outro.

Com tudo pronto, os três se sentam à mesa para desjejuarem juntos e aproveitarem mais um dia em suas companhias.

***

André e Olívia haviam seguido para as suas respectivas tarefas do dia, enquanto Margarida esperava a chegada de Juvêncio, antes que fosse para o trabalho.

Pela janela, não demorou muito, para ver um homem usando um chapéu e carregando consigo uma bolsa marrom surrada.

Saindo para o lado de fora, Margarida faz gesto para ele parar.

— Bom dia, dona Margarida. Me desculpe, mas não tem nenhuma carta para a senhora, hoje.

— Não, meu filho. Está tudo bem. Eu só fiquei lhe esperando hoje para poder te avisar que houve uma mudança.

— Mudança?

— Sim. As cartas agora vão vir endereçadas de São Paulo, não mais do Rio. Você vai saber quem são, por não terem remetente. Eu só queria-lhe avisar isso.

— Ah entendo. Tudo bem, então.

— Muito obrigada. E você já comeu hoje?

— Não, mas estou sem fome, dona Margarida.

Sem dizer nada, Margarida volta para o lado de dentro, não demorando para trazer um pedaço de pão com queijo e uma pequena garrafinha contendo café.

— Tome! Para não ficar de estômago vazio.

— Não precisava, dona Margarida.

— Deixe de besteira... Pegue!

— Muito obrigado. A senhora é uma santa!

Juvêncio agradecido, se despede de Margarida e segue para a casa ao lado, continuando seu trabalho.

Com a consciência mais aliviada, Margarida volta para a dentro, pega sua bolsa e segue para o ponto mais próximo, em direção ao trabalho.

O Poder do Perdão - Inspirado Pelo Espírito AméliaWhere stories live. Discover now