Getaway Car || Percabeth AU

42.2

Annabeth's POV

Meus olhos se alternam entre o homem na minha frente e meu copo de bebida. Eu deveria ter pedido outro drink, algum que não fosse azul, porque azul me lembra dele, e eu não quero pensar nele agora. Agora, provavelmente, ele está com a namorada por quem é perdidamente apaixonado, então não tenho que estar com ele nos meus pensamentos quando finalmente estou tentando desapegar.

Talvez eu não o esqueci ainda porque estava deixando o tempo cuidar, mas o tempo não estava fazendo muito por mim. Talvez Percy me arranjar um encontro era o sinal que faltava, em vários sentidos. Primeiro, que eu precisava mesmo superar Percy logo, se ele estava me empurrando para outro homem é porque nem a atração boba que ele sentiu por mim teve muito peso, e isso não deveria me surpreender. Segundo, um sinal de que talvez era bem aquilo que eu precisava para acabar com isso logo, me envolver com outras pessoas, deixando cair no esquecimento como só o beijo dele me abalou até hoje.

Por isso agora estou aqui, produzida de um jeito que eu não estou acostumada, porque pensei que talvez assim alguém se interessasse por mim. E funcionou, afinal tem um homem falante bem perto de mim, que não para de falar já tem uns vinte minutos.

Ele não é muito o meu tipo. Na verdade, penso melhor, ele é exatamente meu tipo.

Engomadinho, egocêntrico, se acha, só fala dele mesmo. Ele me lembra um pouco Luke, exceto pela aparência. Este homem tem o cabelo em um corte militar, e sua pele negra faz um contraste muito bonito com a roupa social que ele usa. Ele também parece ser mais musculoso que Luke. Mas o restante, não é tão diferente, é quase como se eu não estivesse aqui, não importa muito o que eu tenho a dizer.

Acho que Percy realmente é o único homem que me envolvi que parecia gostar da minha pessoa. Claro que ele gosta apenas como amiga, e por isso é tão importante mantermos nossa amizade. Ele é tão diferente dos homens com que já me envolvi, provavelmente por isso eu não tive chance. Pessoas com aquela leveza e paz não encaixam muito comigo, acho que no fundo a minha essência é a da velha Annabeth, aquela que não espera carinho ou muita consideração, e assim não crio expectativas , e por isso homens como esse de agora que funcionam comigo, porque eu não espero nada deles.

Me repreendo por estar pensando no Percy de novo. É claro que ele sempre cruzava meus pensamentos, mas essa noite ele está habitando na superfície, sempre aparecendo. Provavelmente porque sai hoje determinada a fazer com que os últimos lábios que minha boca tem memória não sejam os do Percy.

Para me concentrar em outra coisa, tento recordar do nome do cara falante. Brian? Ryan? Alan? Não faço ideia. Mas também acho que ele não sabe o meu, então tudo bem. Tento prestar atenção no que ele diz, encarando seus olhos. Seus olhos também são verdes, mas não em um tom tão atrativo para mim. Balanço a cabeça, percebendo o que eu estava fazendo, de novo.

Viro o restante da minha maldita bebida azul, determinada a tirar Percy da minha cabeça. O álcool vai ajudar, mas sei que tem algo que vai ajudar mais ainda.

Me estico onde estou sentada, puxando o Luke 2.0 para perto, e junto minha boca na dele. Eu sei que era por isso que ele estava aqui, para chegar a esse fim, notei como ele deixava algumas cantadas bobas no ar, como olhava para o meu decote e minhas pernas, mas ele estava demorando demais.

Eu precisava beijar alguém, precisava limpar minha mente. Era isso que eu deveria ter feito, não era? Desde que me livrei de Luke e assumi o volante da minha própria vida, era isso que eu deveria ter feito. Não tem isso de esperar estar pronta, eu quis esperar e acabei me apaixonando por alguém que não retribuiu, quis esperar passar e estar pronta de novo, e não tem funcionado. Então engulo o bolo que se formou na minha garganta, ignoro meus olhos ardendo, porque me recuso a chorar só porque estou beijando alguém que não estava interessada.

Não preciso esperar estar pronta para nada, eu me obrigo a seguir minha vida agora, em algum momento vou simplesmente perceber que estou pronta para tudo, que eu só precisava de um empurrãozinho. E esse foi o empurrão, esse beijo gelado e voraz que estou recebendo agora. É assim que eu vou me curar dele, que parece ter enraizado dentro de mim e eu não consigo me livrar. 

O homem parece ter ficado satisfeito com a minha atitude - será que o nome dele é Phill? - mas não demorou a ficar frustrado quando percebeu que era só isso que ele ganharia de mim. O jeito que ele pareceu incomodado me lembrou como Luke ficava se algum dia eu alegasse não estar afim de sexo. Por isso, até considerei ir embora com ele conforme ele sugeriu, não seria a primeira vez que eu transaria com alguém sem estar com meu corpo ardendo em chamas de tanta vontade, na verdade, acho que nunca transei dessa forma. Mas não consegui ficar confortável com a ideia, então não demorou para ele - na verdade, acho que ele se chama Liam - inventar alguma desculpa qualquer e sumiu no meio do bar.

Me viro para o garçom e peço outro drink, tomando cuidado para não pedir um azul dessa vez. Aproveito a bebida gelada para tirar o gosto do beijo do... é, realmente não sei o nome dele. Seu beijo tinha gosto de tabaco, e não fez eu me sentir flutuando, como se fosse pouco e eu precisasse de mais. Me sinto um pouco culpada pelo beijo, como se eu tivesse feito algo errado, não por causa de alguém, mas como se estivesse falhando comigo mesma, já que o que eu sinto agora não é o alívio, leveza e satisfação que eu esperava sentir. Só me sinto... vazia.

Na minha mente, me vejo brindando em homenagem ao Percy, como se dissesse: pronto, o que você queria, que havia até armado, aconteceu. Imagino que ele ficaria satisfeito caso soubesse. Mas imaginar ele feliz por isso me deixa pior ainda.

Vou culpar o álcool pelos meus pensamentos nebulosos pararem nele outra vez. Logo hoje ele estar tão presente na minha mente não me ajuda em nada. E como eu começo a lembrar de momentos que tive ao lado dele, menos ainda. Eu mostrei todas as minhas faces, todos os meus lados, meus medos e pensamentos mais profundos, e ele ficou ali por mim. Nós éramos bons juntos, e hoje, por minha culpa, nem nossa amizade é a mesma. Se eu não tivesse me apaixonado por ele, será que ainda seríamos os mesmos? Se não doesse, ele estaria comigo agora, eu não estaria sozinha?

Olho em volta, e percebo que meu coração vem desabando um pouco mais a cada dia, e no fim dessa noite, ainda era dele que eu precisava, do conforto que ele fazia eu sentir, pois sinto falta disso como uma criança sente falta do seu cobertor. Mas eu não sou mais uma criança, e não posso contar com o que já passou para tentar me sentir melhor. É a hora de vestir a carapuça de uma garota crescida, encontrar um abrigo dentro de mim e guardar esses sentimentos lá, para minha própria proteção. Agora, não rogo mais para que um dia eu encontre alguém, e sim para que ficar sozinha não seja mais algo vazio, e sim um conforto.

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Quero muuuito saber o que estão achando dessa fase da Annabeth e o que vocês acham que vai acontecer, então me contem suas teorias aqui, vou amar ler 🫶🏻 Até o próximo capítulo, prometo não demorar