Capítulo 10 - Sarcófagos

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     Robert

    A nuvem de gafanhotos nos  perseguia constantemente. Todos os homens estavam apavorados, correndo desesperados sem ter a onde fugir e se esconder. As pessoas gritavam, caíam no chão e ficavam para trás. As dez pragas do Egito foram iniciadas por causa da fúria da grande rainha do Antigo Império. Um grande gafanhoto pousou em meu pescoço e senti uma picada; a dor se espalhou pelo meu corpo de uma forma avassaladora. Nada mais fazia sentido para mim.

       Depois de tanto corrermos, paramos dentro de uma sala secreta. Sua porta se abriu por algum tipo de mecanismo desconhecido. Essa câmara era diferente das outras que já havíamos adentrado. Ela estava totalmente limpa e cheirava a flores do campo, o que era realmente muito estranho. Havia poucas coisas lá dentro, só alguns objetos cobertos por teias de aranhas.

- Só eu que estou começando a ficar tonto? - O'Conell disse, colocando uma das mãos na cabeça.

      Olhei para trás e vi Gwen caída no chão desmaiada; logo em seguida, o Evan, O'Conell, Lina e Stevan ficaram desacordados. Eu fui o único que permaneci lúcido. Aproximei-me do piloto e o balancei para ver se ele acordava, mas seu estado de inércia permaneceu. Quando ergui minha cabeça, vi como um zumbi, uma múmia, uma coisa inexplicável, realmente assustadora e ameaçadora; seu corpo estava coberto por feridas, parecendo ferimentos de batalha; faixas amareladas enrolavam seus braços e pernas, sua má postura e seu hálito eram terríveis.

- Quem é você? - perguntei horrorizado. Minha visão começou a ficar turva e minha cabeça girava sem parar.

    Quando acabei de falar, já não tinha completa consciência. Por de trás do soldado morto-vivo, uma mulher apareceu vestida de preto. Sua roupa era feita com o mais fino tecido egípcio; o rosto dela era o mais lindo que eu já havia visto; diferente do seu companheiro, ela não estava ferida. Sua pele não tinha manchas. A mulher era sem dúvida perfeita, uma deusa.

- O rei não vai aguentar... - a mulher falou, aproximando-se de mim, enquanto minhas pálpebras tentavam permanecer paradas, mas logo em seguida fechei os olhos.

(...)

      Acordei com uma dor de cabeça suportável. Já não estava mais no mesmo lugar onde tinha desmaiado. "Será que aquilo teria sido uma alucinação causada pela picada do gafanhoto? ", pensei frustado. Parei de formular explicações lógicas para tudo que havia ocorrido e resolvi simplesmente aceitar. Eu olhei ao meu redor. Estava de volta ao sarcófago de ouro; não vi meus amigos; estava completamente sozinho. O exército dos mortos permanecía no mesmo lugar. Então, isso me alcamou de certa maneira. Andei pela rampa central e fui até a grande estátua do escorpião; este objeto tinha uns cinco metros de altura. Analisei-a bem . Uma luz e vento saíam das pernas ambulatórias do escorpião. "Como isso seria possível?", pensei curioso. Cheguei mais perto, e vi que era uma porta secreta. Eu a empurrei com grande esforço e a abri.

       Fiquei sem fôlego! Tochas de fogo iluminavam as pedras do chão; pratarias estavam em todo o lugar até onde a visão pudesse alcançar. Ouro refinado revestia as paredes. Era uma riqueza sem igual! Túmulos estavam enfileirados, as lápides dos sarcófagos tinhas desenhos estampados de deuses guardiões do submundo. O local era enorme! Eu andava e admirava o ambiente tão rico, literalmente; todo aquele tesouro despertava em mim uma ganância assustadora  e uma vontade de possuí-los só para mim, mas essa sensação não estava correta. Caminhei mais um pouco e achei à frente vários sarcófagos abertos,l. Olhei para dentro de um deles e vi Evan; todo seu corpo estava paralisado, mas seus olhos estavam abertos; o piloto parecia ter sido hipnotizado; no outro sarcófago estava Gwen. Todos os meus amigos estavam dentro de um caixão, com as mãos cruzadas sobre os peitos, em posição de múmias, desacordados.

     De repente, sinti alguém colocar a mão em meu ombro. Meu coração acelerou na hora, pânico tomou conta de mim, mas, engoli a seco e me virei para ver quem era a pessoa; Aaron. Ele estava todo coberto por sangue, seus olhos estavam fixos no ambiente tão valioso, o doutor aparentava loucura e maldade. Quando fui reparar mais nele, percebi que ele me ameaçava com uma arma apontada para minha barriga. Aaron destravou a arma de fogo e me olhou de um modo assasino.

- Pense bem no que você está prestes a fazer - falei cautelosamente, afastando-me dele bem lentamente, mas ele seguia meus passos.

- Você não entende! A coroa de Cleópatra está escondida em algum lugar por aqui! - Aaron disse sem um pingo de sanidade.

- Como você sabe? - perguntei, tentanto ganhar tempo; pensava em como sairia dessa cilada mortal com vida.

- Antes de vocês aparecerem para estragar a festa com os gafanhotos, - ele ironizou - eu e minha equipe estávamos vendo um mapa geral da pirâmide que encontramos na armadilha dos crocodilos, e o desenho do mapa acabava exatamente em frente a estátua do escorpião. Era óbvio que havia uma passagem secreta, e olhe onde nós estamos! - Aaron disse maleficamente. - Agora, - este mirou a arma para minha cabeça - posso desfrutar dessa riqueza sozinho.

- Eu volto para te assombrar - as palavras simplesmente vieram em minha mente e eu falei. - A morte é apenas o princípio.

        O rosto de Aaron se encheu de terror; parece que o quê eu disse a ele perturbou-o até a alma. O doutor largou a arma; ela caiu bruscamente no solo. O saqueador permanecia com os olhos fixados em mim.

- Você é o rei - Aaron susurrou desacreditado.

- Como assim? - questionei sem entender. - Foi só uma frase de efeito.

     O teto começou a ficar mais alto. Eu olhei para baixo e vi eu estava afundando na areia movediça. A areia já estava na altura do meu pescoço. Comecei a sentir-me sufocado, tentei prender a respiração, mas isso não atiantou quando se estar em pânico. Sinti alguém me puxando para fora daquele buraco. Quando recuperei totalmente a visão, vi Jane, sua barriga não estava mais como uma mulher grávida estaria. Ela havia mudado completamente, quase não a reconheci. Seus cabelos estavam na altura do ombro. A roupa que ela usava era parecida com a da mulher que havia visto antes de desmaiar.

- Jane!? - questionei sem acreditar.

A pirâmideWhere stories live. Discover now