Capítulo 9 - Exército dos mortos e pragas

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Robert

- Vamos tentar encontrar um jeito de tirá-los daí! - Kanope gritou confiante. - Aguentem firme! Tentaremos jogar uma...

     Ele parou de falar de repente.

- O que foi? - perguntei, franzindo a testa. Meu corpo já não aguentava mais ficar sem encostar os pés no chão.

- Estamos com problemas! - Jorge disse; sua voz demonstrava terror e alteração. - O exército dos mortos! - ele gritou lá de cima. Infelizmente não podíamos fazer nada para socorrê-los.

      Ouvimos gritos que não eram dos nossos amigos; só de ouvi-los dava arrepios. Passos pesados e sincronizados soavam lá de cima.

- Pulem! - exclamou O'Conell, aterrorizado com os sons que ouvia.

       Jorge pulou e caiu dentro da água. Mas, infelizmente, seu amigo havia ficado para trás.

- Não! - ele gritou, percebendo que Kanope não estava entre nós. - Um deles pegou ele - admitiu cabisbaixo.

- Eu suponho que a nossa única chance de sairmos daqui é por baixo -  falei ainda tendo uma chama de esperança dentro de mim. Olhamos para baixo, não conseguíamos ver nenhuma luz no fundo do poço. - Há como escapar de armadilhas, não é impossível.

- Eu não poderei ir com vocês - disse Gwen, ainda muito fraca.

- Você consegue - falou Evan, encorajando-a, demonstrando que se importava com o estado dela. Gwen lançou um sorriso para ele. Sintia que o piloto gostava realmente dela.

- É a nossa única chance - comentei, respirando profundamente.
 
       Evan soltou Gwen, mas ele permaneceu com seus olhos fixos nela. Todos nós puxamos a maior quantidade de ar possível para poder lutar pela vida, e nos arriscaríamos por isso. Mergulhamos. Abri meus olhos debaixo d'água, mas não enxergava absolutamente nada; somente os meus companheiros que estavam bem próximos de mim. Íamos cada vez mais para baixo, mas a solução não aparecia. Meu fôlego já estava acabando, quando, inesperadamente, uma luz apareceu no fundo; era tão brilhante que eu fechei os olhos por causa da sua luminosidade, mas continuei a nadar em sua direção. Não aguentava mais ficar sem respirar, comecei a me debater. Abri novamente os olhos e vi que todos os que estavam comigo atravessaram a luz como se ela não existisse, e eles conseguiram sair dali, mas eu não.

     Meu corpo estava imóvel. Assim que todos desapareceram do meu campo de visão, a luz começou a se aproximar velozmente de mim, como se fosse uma grande estrela; quando chegou mais perto, pude perceber que não era uma estrela, mas sim Jane, seus olhos brilhavam,  junto com todo o seu corpo, ela era a própria luz. Minha esposa estendeu a mão para mim e eu a segurei. Jane me guiou para fora daquele verdadeiro sufoco. Quando recuperei a consciência, eu estava deitado no chão de areia, ainda dentro da pirâmide. Evan ouvia meus batimentos cardíacos. Eu tossi água e só então pude respirar normalmente. Sentei e todos ficaram aliviados com minha recuperação. Estávamos num lugar diferente, onde tinham várias estátuas de deuses olhando para baixo. Seus olhares mostravam justiça e ira; havia também ossos de jacarés e de pessoas embaixo dos pés deles; fiquei apavorado por vê-los dessa maneira tão assustadora.

- E agora? - falou Lina, vendo que sua câmera havia sido estragada pela água. - Perdi tudo! - ela e seu companheiro ficaram chateados.

- Vocês viram Jane? - perguntei ainda espantado com a imagem dela em minha mente. Todos ali me olharam estranho, como se eu fosse um maluco.

- Não - Gwen respondeu tossindo.

- Estão todos prontos para continuar? - Evan questionou, vendo o estado de todos.

- Temos que ir! Kanope foi pego! E nem se sabe o que poderão fazer com ele! - Jorge exclamou nervoso. - Eu vi aqueles rostos verdes, pálidos, cadavéricos. Todos tinham ódio no olhar, eles estavam enfaixados como se fossem múmias recém postas para dormir.

- E como que se coloca para dormir de volta? - indagou O'Conell, medroso.

- Essas criaturas jamais irão adormecer; só com o comando daquele que os colocou no sono profundo.

- Gente, vamos - falei por vez.

     Nós andamos. O ar começou a ficar cada vez mais pesado. As paredes mais a frente começaram a ganhar luminosidade, sons estranhos estavam vindo de lá. Fiz sinal para que todos parassem de caminhar, para que eu pudesse ver o que se passava. Andei, tentanto não fazer barulho algum. A luz ficava mais forte a cada passo que eu dava. Meu coração acelerava a cada passo; acho que era simplesmente a esperança de ser Jane novamente, a luz acabava dentro de uma câmara secreta; onde todos os saqueadores estavam ao redor de um sarcófago. O lugar era cheio de tesouros dourados muito  esplendorosos. Havia uma rampa central que levava até o sarcófago de ouro. Logo abaixo, havia centenas de cadáveres deitados em seus caixões  abertos; atrás do sarcófago havia uma estátua gigante de um escorpião. Meus amigos aparecerem e todos olharam para o exército dos mortos.

- Como esses imortais estavam atacando o Kenope e Jorge se eles parecem nem ter saído do lugar? - Evan questionou apontando para eles. - Olha só as teias de aranha em volta dos corpos deles.

    Observei-os com bastante atenção. Os soldados usavam uniformes apropriados para uma batalha; todos possuíam espadas que pareciam afiadas. Parecia realmente que eles nem havia se movido há séculos! O que será que está acontecendo? Primeiro, enviaram-me o diário de Jane. Logo em seguida, ela me ligou do além túmulo dizendo palavras sem nexo, depois, a mesma me salvou da  morte, Akira virou pedra, Kanope foi sequestrado e agora isso! Esses mistérios estão cada vez mais sem chance de serem desvendados.

- O que vocês fazem aqui !? - Aaron perguntou, parecendo furioso.

- Estamos tentando sobreviver! - Gwen respondeu. - A saída foi selada.

      De repente, um vento muito forte começou a soprar da estátua do grande escorpião. Fechei os olhos; quando os abri, vi uma luz amarela surgindo do nada e, junto com a luz, apareceu uma mulher, usando roupas dignas de uma rainha; era sem dúvida Cleópatra.

- Não provoquem a ira da poderosa Cleópatra! - a rainha disse furiosa.

- Manda ver filhinha - Aaron falou com um sorriso irônico.

- Agora vocês sofrerão a minha vingança! - a Cleópatra deu uma risada maléfica e, por de trás dela, saíram milhões de gafanhotos que vieram em nossa direção.

- Temos que sair daqui - disse, começando a correr para fora dali o mais rápido possível.

A pirâmideWhere stories live. Discover now