Capítulo 19

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Ariela

Olhei ao meu redor sem conseguir identificar onde estava. Eu não me lembrava de muita coisa, na verdade. No momento em que fui levada por Samir para fora da igreja, fiquei tão entorpecida que ainda não sabia como havíamos chegado até esse lugar. Eu tinha a sensação de estar vivendo um pesadelo e desejando que assim que eu despertasse, tudo voltasse ao normal, mas infelizmente eu estava acordada.

Samir havia desaparecido assim que me trouxe. Eu não podia sair dali, pois a única porta do local estava trancada. O cômodo era minúsculo e tinha apenas alguns móveis velhos e empoeirados, parecia um lugar abandonado. Nervosa, eu não parava de andar de um lado para o outro e o meu vestido branquinho de noiva já estava com a barra toda suja. Samir não poderia me manter presa ali; o que ele queria, afinal? Eu ainda não entendia o motivo para ele ter feito tudo isso, mas seria capaz de fazer qualquer coisa, se ele me prometesse que ficaria longe das pessoas que eu amo.

Conforme o tempo foi passando, um turbilhão de coisas se passou pela minha cabeça e comecei a absorver o que ocorrera na igreja. Não era fácil para mim digerir que eu e Ethan procuramos o culpado pela morte de sua mãe e, esse tempo todo, o verdadeiro responsável sempre esteve ao meu lado. Durante meses eu acreditei que meu pai havia sido morto pelo reino inimigo, a Crivélia, quando na verdade eu conhecia o assassino do capuz preto melhor do que ninguém.

Meu.

Melhor.

Amigo.

Pensar nisso fez o meu estômago se revirar e seja lá o que eu tinha dentro da minha barriga saiu assim que inclinei o meu corpo para a frente e comecei a vomitar. Estremecia e tossia forte depois de cada golfada e, sem perceber, uma mão pesada pousou em minhas costas. Levantei o rosto para olhar quem estava ao meu lado.

— Ariela, você está bem? — Samir perguntou.

Surpreendentemente, o meu enjoo foi substituído pela raiva e não pensei duas vezes ao cerrar os meus punhos e acertá-lo no rosto com um soco. Ele cambaleou para trás e levou uma das mãos até o nariz, onde eu havia acertado o golpe. Meio tonto, ele disse:

— Aiii! Por que você fez isso?

Senti uma pontada de decepção por não ter conseguido tirar nenhuma gotinha de sangue dele, mas pelo menos tinha doído.

— Motivos não me faltaram — afirmei, enquanto endireitava o corpo.

Limpei o canto da minha boca na manga do meu vestido. Eu estava péssima, mas não era por fora, era por dentro.

— Fui me certificar de que ninguém havia nos seguido e quando eu voltei, vi você vomitando, fiquei preocupado. — Samir tentou se aproximar novamente de mim, porém, quando eu ameacei acertá-lo outra vez, ele resolveu não chegar mais perto. — Você não está se sentindo bem?

— E por acaso importa para você se eu estou bem ou não? Você me prendeu aqui, Samir. Como acha que eu estou? — retruquei.

A herdeira da espada do SolOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz