Despertei assim que os primeiros raios solares começaram a dissipar a neblina que foi formada na floresta durante a madrugada. A primeira coisa que eu reparei ao acordar foi que Ethan ainda permanecia deitado ao meu lado e que olhava para mim. Depois do pesadelo da noite anterior, achei que não conseguiria dormir novamente; contudo, fiquei muito melhor sabendo que ele estava ao meu lado e, por esse motivo, consegui adormecer.
— Você conseguiu descansar, Ariela? — ele perguntou, quando viu que eu estava acordada.
— Sim, e você?
Ele parecia cansado.
— Mais ou menos. Acordei faz um tempo e preferi deixar você dormir mais um pouco. Depois da noite de ontem, você precisava de um descanso.
— Obrigada, Ethan. Foi a primeira vez que eu sonhei com o meu pai desde a sua morte.
— Não precisa me agradecer. — Ele se levantou e bocejou. — Bom, acho melhor continuarmos com a nossa busca antes de precisar levá-la de volta.
Com muito custo, também me levantei e ao me espreguiçar, minhas costas estalaram. Senti dor por ter ficado a noite toda deitada no chão, mas essa não era a única coisa que me incomodava.
— Daria tudo por uma escova de dentes agora — pensei em voz alta.
Eu era muito apegada a higiene pessoal e não poder escovar os dentes de manhã era como se eu estivesse cometendo um crime.
— Que bom que não vamos nos beijar, não é mesmo? — Ethan disse e um dos cantos de sua boca se curvou para cima, formando o esboço de um sorriso.
Meu corpo congelou e tive a sensação de que o meu sangue tivesse parado de circular pelas veias.
O que ele queria dizer com isso? Que ele não me beijaria ou que meu hálito estava muito ruim? Se eu estivesse com bafo ele também estaria, afinal, comemos a mesma coisa ontem à noite. Discretamente, coloquei minha mão na frente da boca e dei uma baforada.
— Fique tranquila, seu hálito está normal.
Ele revirou os olhos.
Tive vontade de enforcá-lo, mas depois do que ele havia feito por mim naquela noite, eu nem poderia. Ignorando-o, passei as mãos pelos meus cabelos, tentando arrumá-los e coloquei o meu capuz. Ethan desamarrou a Princesa e montou sobre ela.
— Vamos — ele disse, estendendo a mão para me ajudar a subir.
Cavalgamos pela floresta na direção leste, pois já havíamos procurado na direção oposta. Ao Norte ficava a fronteira de Austery com o reino da Crivélia, e por ser uma área perigosa, não arriscaríamos entrar lá.
Conforme os minutos foram virando horas e o meu cóccix começou a doer, fui perdendo as esperanças de encontrarmos a feiticeira.
— Ethan, podemos parar e continuar a pé? Não consigo mais ficar sentada. — Quase supliquei.
— Está bem — ele concordou, sem reclamar.
No instante em que desci da Princesa e toquei os meus pés no chão, suspirei aliviada. Os músculos do meu corpo pareciam me agradecer.
— Você está arrependida de ter vindo?
— Claro que não! — afirmei.
Eu estava bem, mas, com o passar do tempo, não tinha mais certeza se a minha resposta ainda seria a mesma. Conforme caminhava pela floresta e reparava nas árvores ao nosso redor, tive a impressão de que estava vivendo o pesadelo que eu tive. Era tão semelhante que fiquei completamente arrepiada. Meu passo foi ficando mais pesado e fui ficando lenta. Andávamos lado a lado, quando Ethan me perguntou:
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A herdeira da espada do Sol
Teen Fiction🏅FINALISTA DO PRÊMIO WATTYS 2023🏅 Uma jovem princesa. Um rei morto. Uma rainha que não poderia governar sozinha. Tudo seria mais simples na vida da princesa Ariela Beaumont se dependesse apenas de um reino, uma coroa e uma espada, mas, o passad...