Capítulo 7

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Despertei assim que os primeiros raios solares começaram a dissipar a neblina que foi formada na floresta durante a madrugada. A primeira coisa que eu reparei ao acordar foi que Ethan ainda permanecia deitado ao meu lado e que olhava para mim. Depois do pesadelo da noite anterior, achei que não conseguiria dormir novamente; contudo, fiquei muito melhor sabendo que ele estava ao meu lado e, por esse motivo, consegui adormecer.

— Você conseguiu descansar, Ariela? — ele perguntou, quando viu que eu estava acordada.

— Sim, e você?

Ele parecia cansado.

— Mais ou menos. Acordei faz um tempo e preferi deixar você dormir mais um pouco. Depois da noite de ontem, você precisava de um descanso.

— Obrigada, Ethan. Foi a primeira vez que eu sonhei com o meu pai desde a sua morte.

— Não precisa me agradecer. — Ele se levantou e bocejou. — Bom, acho melhor continuarmos com a nossa busca antes de precisar levá-la de volta.

Com muito custo, também me levantei e ao me espreguiçar, minhas costas estalaram. Senti dor por ter ficado a noite toda deitada no chão, mas essa não era a única coisa que me incomodava.

— Daria tudo por uma escova de dentes agora — pensei em voz alta.

Eu era muito apegada a higiene pessoal e não poder escovar os dentes de manhã era como se eu estivesse cometendo um crime.

— Que bom que não vamos nos beijar, não é mesmo? — Ethan disse e um dos cantos de sua boca se curvou para cima, formando o esboço de um sorriso.

Meu corpo congelou e tive a sensação de que o meu sangue tivesse parado de circular pelas veias.

O que ele queria dizer com isso? Que ele não me beijaria ou que meu hálito estava muito ruim? Se eu estivesse com bafo ele também estaria, afinal, comemos a mesma coisa ontem à noite. Discretamente, coloquei minha mão na frente da boca e dei uma baforada.

— Fique tranquila, seu hálito está normal.

Ele revirou os olhos.

Tive vontade de enforcá-lo, mas depois do que ele havia feito por mim naquela noite, eu nem poderia. Ignorando-o, passei as mãos pelos meus cabelos, tentando arrumá-los e coloquei o meu capuz. Ethan desamarrou a Princesa e montou sobre ela.

— Vamos — ele disse, estendendo a mão para me ajudar a subir.

Cavalgamos pela floresta na direção leste, pois já havíamos procurado na direção oposta. Ao Norte ficava a fronteira de Austery com o reino da Crivélia, e por ser uma área perigosa, não arriscaríamos entrar lá.

Conforme os minutos foram virando horas e o meu cóccix começou a doer, fui perdendo as esperanças de encontrarmos a feiticeira.

— Ethan, podemos parar e continuar a pé? Não consigo mais ficar sentada. — Quase supliquei.

— Está bem — ele concordou, sem reclamar.

No instante em que desci da Princesa e toquei os meus pés no chão, suspirei aliviada. Os músculos do meu corpo pareciam me agradecer.

— Você está arrependida de ter vindo?

— Claro que não! — afirmei.

Eu estava bem, mas, com o passar do tempo, não tinha mais certeza se a minha resposta ainda seria a mesma. Conforme caminhava pela floresta e reparava nas árvores ao nosso redor, tive a impressão de que estava vivendo o pesadelo que eu tive. Era tão semelhante que fiquei completamente arrepiada. Meu passo foi ficando mais pesado e fui ficando lenta. Andávamos lado a lado, quando Ethan me perguntou:

A herdeira da espada do SolWhere stories live. Discover now