Prólogo

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Tenho certeza de que você conhece pelo menos uma história de conto de fadas, daquelas que terminam no "felizes para sempre", mas esta história é um pouco diferente e começou há muitos anos no reino de Austery, onde uma rainha conheceu um jovem rapaz e se apaixonou perdidamente por ele. Ela estava tão tomada por seus sentimentos que em pouco tempo eles se casaram. Até então tudo bem, certo? Não fosse pela noite de núpcias. Enquanto a rainha esperava a melhor noite da sua vida, o jovem tinha um plano para envenená-la, mas, por sorte, ela viu quando ele colocou veneno em sua bebida e ao oferecer-lhe a taça, não bebeu.

A rainha ficou furiosa ao perceber que tinha sido enganada pelo jovem, que a fez se apaixonar e se casar com ele para depois matá-la e tornar-se o rei de Austery. Contudo, o rapaz a subestimou, pois ela procurou uma feiticeira para fazer uma maldição. A rainha poderia ter acabado com ele se quisesse, porém, por mais difícil que fosse admitir, ela gostava dele e não o queria morto, por isso, pediu à feiticeira uma maldição para que o reino não pudesse ser governado apenas por um único soberano; assim, o seu marido não poderia matá-la.

— Posso sentir a sua fúria, Majestade, mas, se eu fizer o que está me pedindo, a maldição também recairá sobre todos os futuros reis e rainhas de Austery, inclusive você.

A feiticeira disse.

— Como assim? — a rainha perguntou, sem entender.

— Maldições são perigosas. Depois de lançadas, são difíceis de serem quebradas e, se algum dia o seu marido morrer, Vossa Majestade também será amaldiçoada. Nunca mais poderá haver apenas uma pessoa no trono.

Então, entendendo melhor a situação, a rainha pensou em uma condição. Ela disse à feiticeira que se um dos monarcas morresse, o outro poderia governar sozinho sem que fosse amaldiçoado por apenas um ano, dentro deste tempo, o seu herdeiro poderia subir ao trono com o seu marido ou esposa e a maldição não seria concretizada. Atendendo ao pedido da rainha, a feiticeira lançou a maldição e Austery nunca mais foi a mesma. Depois disso, o jovem nunca mais tentou matá-la, porque sabia que sem ela não poderia ser o rei, sem que fosse amaldiçoado.

Anos se passaram e o reino continuou sendo sempre governado por um rei e uma rainha, juntos. Austery era o maior entre os cinco reinos do Novo Continente. O rei Hebert e a rainha Ísis, da família real Beaumont, eram os últimos monarcas e eles tinham uma única filha, a princesa Ariela. Ela tinha a beleza de sua mãe, com longos cabelos castanho-escuros, pele clara como a neve, lábios levemente avermelhados e um par de olhos azuis acinzentados que ela tinha herdado de seu pai.

Para a tristeza de todos, há pouco tempo o rei Hebert havia sido morto e a rainha Ísis precisava passar a coroa para sua filha. A jovem Ariela não tinha marido e, por causa da maldição, não poderia subir ao trono sozinha. A pobrezinha, que nunca havia se apaixonado por ninguém antes, teria que se casar com alguém às pressas antes da cerimônia de coroação.

Para conhecer e encontrar possíveis pretendentes, a princesa daria um baile no palácio. Seu único pedido era para que todos os rapazes solteiros do reino fossem convidados; assim, aqueles que tivessem interesse em se casar com ela – independentemente de terem títulos de nobreza, como duques, marqueses e condes, ou serem simples plebeus – poderiam ir ao baile.

Você acha que Ariela estava ansiosa para este evento?

Não.

Nem um pouco, na verdade. A princesa apenas pensava em cumprir o seu dever e honrar os seus pais, pois, desde que nascera, ela sempre soube que um dia seria rainha, só não esperava que fosse ser dessa forma. Ela não sabia se o destino existia, mas, se existisse, não tinha dúvidas de que ele estava sendo ingrato com ela.

A herdeira da espada do SolWhere stories live. Discover now