Capítulo 2

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Existem momentos que podem mudar as nossas vidas e eu tinha um pressentimento de que hoje seria um desses dias. Fiz um esforço para tentar não pensar muito nisso, enquanto estava em meu quarto me preparando para o baile. Graças a Deus eu não precisava executar esta tarefa sozinha, pois eu tinha a Felícia, minha ajudante real. Eu a conheci quando fiz dezesseis anos, depois que a minha mãe achou necessário contratar alguém para me ajudar com qualquer coisa que eu precisasse. Com o tempo, ela acabou se tornando minha amiga.

Felícia me ajudou a colocar o vestido de baile e arrumou os meus cabelos, que foram presos em um coque com tranças. Eu usava uma maquiagem leve e escolhi colocar brincos pequenos e um colar de diamantes. A única coisa que faltava era a minha coroa. Felícia abriu a caixa em cima da penteadeira, pegou a coroa prateada com safiras azuis e a colocou no topo da minha cabeça.

— Está belíssima, princesa — ela disse, assim que finalizou.

— Obrigada, Felícia. Não sei o que faria sem você.

Olhei para ela através do espelho.

— Por que você está com está cara? — Felícia perguntou.

Franzi a testa e olhei novamente para o meu reflexo, mas não encontrei nada de errado com o meu rosto.

— Que cara??? — argumentei.

— Está parecendo que você chupou um limão muito azedo. — Ela torceu o nariz. — Só de olhar para você dá para perceber que o seu nível de empolgação é zero, princesa.

— O que eu faço? Não consigo esconder...

Felícia sorriu.

— Você não está indo para a forca, princesa. Lembre-se que tem o poder para escolher. Pense que as pessoas vieram hoje ao palácio por você, para conhecê-la. Não é possível que não exista um único homem em Austery capaz de despertar o seu interesse.

— Você acha mesmo que eu vou me apaixonar por alguém em um baile, Felícia?

— Não precisa se apaixonar, só conhecer alguém que você goste e, com o tempo, os sentimentos acontecem naturalmente. Vamos lá, coloque um sorriso neste rosto, Vossa Alteza.

Ela deu uma piscadinha.

— Está bem, você venceu. — Sorri tanto que mostrei quase todos os dentes.

— Assim está bem melhor — ela afirmou. — Sinto muito em informá-la, mas você está atrasada e a sua mãe está à sua espera.

Não me surpreendeu que a minha mãe estivesse pronta e à espera. Ela sempre foi pontual, ao contrário de mim. Levantei-me da cadeira em que estava sentada, ajeitei a saia do meu vestido com as mãos e fui em direção à porta.

— Estou indo. Deseje-me sorte!

Cruzei os dedos das duas mãos.

— Toda sorte do mundo, Alteza — Felícia disse e fez uma reverência.

Eu já havia deixado claro várias vezes para Felícia que não precisava se curvar para mim e me chamar de Vossa Alteza, mas ela insistia em dizer que fazia isso porque tinha muito respeito por mim e pela minha família.

Saí pela porta, respirei fundo e comecei a caminhar pelo corredor em direção às escadas, onde vi minha mãe à minha espera. Ela usava um vestido preto de cauda e mangas longas com pedrarias nos ombros e, em sua cabeça, a coroa dourada de rubis.

— A senhora está maravilhosa, mamãe.

Aproximei-me dela e encaixei o meu braço por dentro do seu.

— Você é que está uma verdadeira princesa. Acho que nunca a vi tão linda, querida. Você está nervosa?

— Não, eu só gostaria que o papai estivesse aqui — lamentei, olhando em seus olhos.

A herdeira da espada do SolWhere stories live. Discover now