Existem momentos que podem mudar as nossas vidas e eu tinha um pressentimento de que hoje seria um desses dias. Fiz um esforço para tentar não pensar muito nisso, enquanto estava em meu quarto me preparando para o baile. Graças a Deus eu não precisava executar esta tarefa sozinha, pois eu tinha a Felícia, minha ajudante real. Eu a conheci quando fiz dezesseis anos, depois que a minha mãe achou necessário contratar alguém para me ajudar com qualquer coisa que eu precisasse. Com o tempo, ela acabou se tornando minha amiga.
Felícia me ajudou a colocar o vestido de baile e arrumou os meus cabelos, que foram presos em um coque com tranças. Eu usava uma maquiagem leve e escolhi colocar brincos pequenos e um colar de diamantes. A única coisa que faltava era a minha coroa. Felícia abriu a caixa em cima da penteadeira, pegou a coroa prateada com safiras azuis e a colocou no topo da minha cabeça.
— Está belíssima, princesa — ela disse, assim que finalizou.
— Obrigada, Felícia. Não sei o que faria sem você.
Olhei para ela através do espelho.
— Por que você está com está cara? — Felícia perguntou.
Franzi a testa e olhei novamente para o meu reflexo, mas não encontrei nada de errado com o meu rosto.
— Que cara??? — argumentei.
— Está parecendo que você chupou um limão muito azedo. — Ela torceu o nariz. — Só de olhar para você dá para perceber que o seu nível de empolgação é zero, princesa.
— O que eu faço? Não consigo esconder...
Felícia sorriu.
— Você não está indo para a forca, princesa. Lembre-se que tem o poder para escolher. Pense que as pessoas vieram hoje ao palácio por você, para conhecê-la. Não é possível que não exista um único homem em Austery capaz de despertar o seu interesse.
— Você acha mesmo que eu vou me apaixonar por alguém em um baile, Felícia?
— Não precisa se apaixonar, só conhecer alguém que você goste e, com o tempo, os sentimentos acontecem naturalmente. Vamos lá, coloque um sorriso neste rosto, Vossa Alteza.
Ela deu uma piscadinha.
— Está bem, você venceu. — Sorri tanto que mostrei quase todos os dentes.
— Assim está bem melhor — ela afirmou. — Sinto muito em informá-la, mas você está atrasada e a sua mãe está à sua espera.
Não me surpreendeu que a minha mãe estivesse pronta e à espera. Ela sempre foi pontual, ao contrário de mim. Levantei-me da cadeira em que estava sentada, ajeitei a saia do meu vestido com as mãos e fui em direção à porta.
— Estou indo. Deseje-me sorte!
Cruzei os dedos das duas mãos.
— Toda sorte do mundo, Alteza — Felícia disse e fez uma reverência.
Eu já havia deixado claro várias vezes para Felícia que não precisava se curvar para mim e me chamar de Vossa Alteza, mas ela insistia em dizer que fazia isso porque tinha muito respeito por mim e pela minha família.
Saí pela porta, respirei fundo e comecei a caminhar pelo corredor em direção às escadas, onde vi minha mãe à minha espera. Ela usava um vestido preto de cauda e mangas longas com pedrarias nos ombros e, em sua cabeça, a coroa dourada de rubis.
— A senhora está maravilhosa, mamãe.
Aproximei-me dela e encaixei o meu braço por dentro do seu.
— Você é que está uma verdadeira princesa. Acho que nunca a vi tão linda, querida. Você está nervosa?
— Não, eu só gostaria que o papai estivesse aqui — lamentei, olhando em seus olhos.
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A herdeira da espada do Sol
Teen Fiction🏅FINALISTA DO PRÊMIO WATTYS 2023🏅 Uma jovem princesa. Um rei morto. Uma rainha que não poderia governar sozinha. Tudo seria mais simples na vida da princesa Ariela Beaumont se dependesse apenas de um reino, uma coroa e uma espada, mas, o passad...