Capítulo 20

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Ariela

Acordei assustada e com a boca seca. Ao me lembrar de tudo o que havia acontecido nas últimas horas, eu poderia dizer que aquela noite havia sido de longe a pior da minha vida. Eu não estava me sentindo bem, precisava beber um copo de água. Olhei à minha frente e vi que Samir ainda estava sentado no mesmo lugar, próximo à porta. Será que ele havia ficado acordado a noite toda?

— Estou com sede — avisei.

Samir olhou para mim.

Ele se levantou e deu alguns passos até uma mesinha de madeira velha que estava ao seu lado, pegou um copo de água em cima dela e me entregou.

— Eu imaginei que estaria com sede, por isso me antecipei e trouxe água para você — ele disse, tentando ser gentil.

Permaneci em silêncio, sem respondê-lo.

Sedenta, não esperei um minuto e bebi toda a água em um único gole. Fiquei preocupada ao pensar em quanto tempo mais eu teria que passar por aquilo. Samir voltou para o seu lugar e notei que ele tinha um papel em suas mãos. Concentrado, começou a escrever alguma coisa.

— O que você está fazendo? — perguntei, intrigada.

— Estou escrevendo uma carta para sua mãe.

Oh não! Isso não era nada bom.

— Que tipo de carta?

Samir parou de escrever e levantou a cabeça para me olhar nos olhos.

— Vou pedir que ela venha junto ao sacerdote para nos casar. Eles deverão vir sozinhos, sem a presença de guardas. Caso ela não cumpra o combinado, garantirei que eles levarão alguns dias para encontrá-la e pode ser que você morra de fome até lá. Tenho certeza de que ela não arriscaria a sua vida — ele respondeu, deixando-me abalada.

Eu já esperava que isso fosse acontecer; mesmo assim, não gostei de ouvir o plano de Samir e saber que ele seria capaz de fazer isso comigo. Ser forçada a me casar dessa forma era muito cruel. Infelizmente, na situação em que eu me encontrava, não poderia fazer nada além de rezar para que não acontecesse algo de ruim.

— Onde você os encontrará? — Eu quis saber.

— Na entrada da floresta. Amanhã à noite. Preciso que esta carta chegue nas mãos de sua mãe o mais breve possível — ele disse.

Suspirei, tentando manter a calma.

Minha mãe respeitaria as ordens dele por medo de me perder, depois do que aconteceu com o meu pai; ela não arriscaria desafiar Samir, não enquanto ele estivesse comigo, mas era difícil acreditar que esse seria o meu destino. Tudo na minha vida começou a desmoronar no dia em que eu perdi o meu pai e, quando achei que ainda poderia ser feliz, o peso da realidade caiu sobre mim e me sufocou. Mais do que nunca, as pessoas de Austery contavam comigo e era por isso que eu não desistiria delas, mesmo que eu vivesse escondida na sombra de Samir pelo resto de minha vida. Só me restavam duas opções: continuar firme ou esperar por um milagre. Nesse caso, a segunda opção era algo improvável.

A herdeira da espada do SolWhere stories live. Discover now