Lições do Amor | Vol.1

32_ Me leva pra sua casa.

ㅡ Você não falou nada o caminho inteiro ㅡ Axel falou chamando minha atenção enquanto olhava para o longe.

Naquele momento estávamos sentados num banco na frente da praia observando o mar. O vento gélido batia em meu rosto enquanto eu abraçava meus braços pelo frio, meus cabelos estavam presos num coque mal feito e o silêncio entre nós.

Ao sair da sala e sair do prédio, enxuguei meu rosto e fingi a maior naturalidade para encontrar o Axel. Chegando perto dele eu não falei nada, apenas dei um selinho nele e subi na moto.

E agora estávamos sentados no banco em completo silêncio enquanto todos os meus pensamentos estavam relacionados ao racismo.

ㅡ Você não para de falar nem quando está sem assunto ㅡ Axel falou me fazendo erguer meu queixo e olha-lo. Aparentemente, ele havia percebido isso em mim da mesma forma que o Dash. ㅡ O que foi? Tá preocupada? Foi os seus pais de novo?

Engoli em seco sabendo que eu não conseguiria esconder nada dele. Eu sei que falar com ele sobre o que eu sentia e o que eu estava pensando, era bom e me fazia bem.

No entanto, queria falar com alguém antes dele.

ㅡ Eu já vou te contar ㅡ Me pronunciei fazendo ele me olhar. ㅡ Eu só preciso falar com a Sidney antes.

ㅡ Claro, Mari. Vá lá. ㅡ Ele abriu um sorriso tão compreensivo que me fez sorri em seguida enquanto me levantava.

Peguei o celular dentro da minha bolsa e me afastei dele discando o número da Sid. Esperei pacientemente enquanto chamava até que na terceira chamada ela me atendeu.

Sid- Alô?

A sua voz era, claramente, de sono. Isso me fez perceber o horário.

Mari- Ai, Sid, me desculpa. Eu te acordei, amiga, me desculpa mesmo.

Sid- Tudo bem, Mari. Você não ligaria esse horário se não fosse importante.

Abaixei meus ombros sabendo que não teria mais escapatória porque a Sid me conhecia mais do que eu mesma.

Sid- O que foi?

Suspirei sentindo meus olhos encherem d'água automaticamente.

Mari- É que rolou uma coisa comigo hoje.

Minha voz saiu falha e embargada.

Sid- Quem foi que fez mau a minha bonequinha??? Eu vou matar um!

Mari- Foi a... a Sra Bennett.

Sid- Quem?

Mari- Minha chefe. Não chefe necessariamente, mas ela tá a cima de mim por causa do cargo que ela ocupada.

Expliquei enquanto virava as costas para o banco onde Axel estava falando algo no seu telefone.

Sid- O que ela fez?

Mari- Ela... Ela me chamou de macaca.

Gaguejei apertando meus olhos esperando que a Sid processasse minhas palavras e emitisse uma reação.

Sid- ELA FEZ O QUE???

Olhei para meus pés sentindo as lágrimas quentes descerem pelas minhas bochechas repetidamente ao ouvir a reação da Sid.

O que estava acontecendo comigo? Por que aquela situação idiota estava rolando, JUSTAMENTE, comigo? No mesmo momento em que eu estava sofrendo pela minha família que insiste em me perseguir?

Cai no chão de joelhos sem me importar com mais nada. Aquela dor era insuportável, mas a dor de sofrer aquilo e sofrer pela família era trocentas vezes pior.

Sid- MARINA??? Amiga, me responde!

Apertei meus olhos na intenção de que aquela dor sumisse, no entanto, era impossível.

ㅡ Marina?? ㅡ Axel correu até a mim ao me ver no chão. Ergui meus olhos para ele e encontrei com os deles que tinha um brilho de preocupação.

Sid- Mari, amiga, fala comigo! O que aconteceu??? Cadê o Axel??

ㅡ Mari... ㅡ Axel pegou o celular da minha mão e me ajudou a levantar. ㅡ Oi, Sid. ㅡ Ele colocou o celular perto da orelha. ㅡ Eu não sei o que aconteceu com ela, Sidney. Quando eu vi ela estava no chão... Chorando? Tá, tudo bem. Eu cuido dela.

Me aproximei do Axel abaixando a minha cabeça e encostando no seu peito. Sem dizer uma palavra Axel rodeou seus braços por cima dos meus ombros e me empurrou mais para me encaixar perfeitamente no seu corpo.

ㅡ Eu não vou dizer nada ㅡ A voz do Axel soou. ㅡ Só vou te abraçar e esperar até que você fale.

Apertei meus olhos novamente me encaixando mais naquele abraço quente. Naquele momento eu me sentia segura no meio dos braços do Axel.

ㅡ Me leva pra sua casa.

•••