17_ Complexo de inferioridade.

167 9 1
                                    

Naquele momento, eu não soube o certo o que tinha me atingido quando olhei para o Axel e vi ele muito bem acompanhado. Foi algo completamente novo para mim, no entanto, não consegui segurar minha reação nem a minha expressão.

Fechei meus punhos com força não aguentando e, simplesmente, comecei a caminhar em direção ao Axel em passos firmes e fortes esbarrando em cada pessoa que tinha ali.

ㅡ Olá! ㅡ Sorri abertamente e falsamente assim que eu cheguei na frente dos dois. Axel arregalou os olhos assim que me viu e a garota me olhou de um jeito confuso.

ㅡ Marina? ㅡ Axel me analisou de cima a baixo e me encarou. ㅡ O que tá fazendo aqui?

ㅡ A mesma coisa que vocês. ㅡ Abri um sorriso falso novamente. ㅡ Olha, sem querer me intrometer aqui no assunto de vocês. Mas, não foi você ontem que tava planejando sair comigo? ㅡ Encarei-o. O que eu estava fazendo? A minha raiva me tomou por completo, e sempre que fico com raiva falo merda e faço muita merda. ㅡ Axel, não é assim que você vai conseguir algo sério com alguém como eu.

ㅡ Marina, não é o que... ㅡ Interrompi ele rapidamente.

ㅡ Nem vem com essa desculpinha idiota. Cara, estava pensando em você ontem! Tem noção? E olha que a gente nem se beijou direito para eu ter chance de pensar no quanto seu beijo foi bom ㅡ Balancei minhas mãos erguidas. ㅡ Como pode fazer isso comigo? Era só dizer que... ㅡ Axel me interrompeu num quase grito.

ㅡ Marina! ㅡ Ele exclamou. ㅡ De onde tirou isso? Essa é a Suzy, minha prima.

Arregalei meus olhos automaticamente.

ㅡ P... prima? ㅡ Gaguejei apontando para a garota que tinha um sorriso nos lábios. Com certeza ela estava se segurando para não rir.

ㅡ Ela e o meu irmão vieram passar uns dias no meu apartamento, então eu trouxe eles para conhecer os lugares daqui. ㅡ Axel respondeu. No mesmo momento queria que uma mágica abrisse um buraco para eu me esconder pelo resto da minha vida. ㅡ De onde você tirou isso?

ㅡ Er... lugar nenhum. ㅡ Murmurei. ㅡ Até mais! ㅡ Acenei para eles com um sorriso sem graça antes de dá as costas e sair de perto deles rapidamente.

ㅡ Espera, Marina! ㅡ Axel pegou em minha mão me fazendo virar-me e olha-lo. Não consegui identificar sua expressão, mas os olhos dele tinha um brilho intenso. ㅡ A gente pode conversar?

ㅡ Acompanha a sua prima. ㅡ Soltei minha mão. ㅡ E, toma cuidado, ok? Phoebe e Bob estão aqui.

ㅡ Eu não ligo pra eles, Marina. ㅡ Axel deu de ombros enquanto me olhava fixamente nos olhos. ㅡ Por favor, conversa comigo. Não quero que role um mal entendido e você não saia comigo.

Abri um sorriso calmo tocando minha mão em seu peito.

ㅡ Eu vou tomar um ar lá fora, ok? Daqui a uns 20 minutos você vai lá e a gente conversa. ㅡ Pisquei várias vezes sorrindo dando as costas para ele e saindo daquele local.

Abracei meus próprios braços caminhando pela calçada ainda envergonhada pelo que aconteceu. O que tinha dado em mim para, praticamente, abordar o Axel sem ao menos saber??

ㅡ Que vergonha, Marina. ㅡ Resmunguei caminhando até um banco que tinha ali e me sentei. Olhei para o outro lado da rua percebendo a calmaria que o silêncio trazia.

No entanto, a minha mente turbulenta começou a formular várias vezes que me fizeram suspirar de tristeza. As memórias ruins.

Ouvi risadas se aproximando, olhei para o lado e percebi que duas garotas extremamente arrumadas e bonitas entraram na festa rindo de algo. Abaixei minha cabeça, novamente, triste.

Eu nunca fui uma criança que era segura de si, admito. Tá certo que a maioria das pessoas que eu conhecia dizia; "nossa, você é muito linda" e vários outros elogios. Porém, não era só isso que existia na frase deles. A minha irmã sempre foi apontada como a perfeita da família, a garota que nunca dava trabalho, tirava notas boas e sempre se vestia bem gastando todo o dinheiro que os meus pais não tinha.

Infelizmente, puxei alguns traços dela e isso atraiu alguns elogios acompanhado de... desgosto. Era como; "que linda, parece com a sua irmã" ou " você parece a sua irmã, mas ela é mais bonita". Eu absorvia tudo aquilo sem dizer nada e, infelizmente, aquilo se tornou alto grande.

Puxei o ar com as narinas tentando controlar as lágrimas que começaram a inundar meus olhos. Era ruim não se sentir capaz de nada, era ruim não se sentir a altura aos padrões e muito menos bonita o suficiente para se encaixar.

Uma lágrima involuntária escorreu pela minha bochecha, me fazendo limpa-la rapidamente um pouco irritada. Eu odiava ser tão emotiva. Odiava ser tão tola ao ponto de deixar que as coisas, inclusive as lembranças, me abalem dessa mentira tão grande. Mais uma lágrima escorreu.

ㅡ Marina? ㅡ Olhei para cima rapidamente e percebi que o Axel estava em pé me olhando. Limpei a lágrima rapidamente voltando a olhar para frente na tentativa de não trocar olhares. ㅡ O que tá fazendo aqui?

ㅡ Pensando ㅡ Respondo puxando o ar novamente controlando as lágrimas. ㅡ Eu falei para esperar 20 minutos.

ㅡ Eu não aguentei, Marina. ㅡ Axel respondeu sentando ao meu lado. ㅡ Queria te ver logo.

Sorri fraco olhando fixamente para o chão. Tentei segurar as lágrimas lembrando de tudo que já passei, no entanto, estava bem difícil.

ㅡ Você tá bem, né? Entendeu que era a minha prima e... ㅡ Interrompi o Axel antes que me lembrasse da vergonha que passei.

ㅡ Axel, tá tudo bem. Eu que fui uma idiota tirando conclusões e fui dá uma de doida sem saber. ㅡ Me virei para ele e o encarei, finalmente, nos olhos. ㅡ E além disso, você é solteiro, tem todo o direito do mundo de sair com quem quiser.

ㅡ Só que eu quero estar com você, Marina. ㅡ A resposta do Axel me fez engolir em seco. ㅡ Entende isso?

Eu queria entende-lo e pensar em milhões de coisas para falar, ou até mesmo dizer uma coisa que pudesse acabar com todas as minhas dúvidas sobre o que eu sentia pelo Axel. Mas, não conseguia pensar em nada além da dor que eu sentia.

Novamente, meus olhos inundaram d'água enquanto um silêncio pairava por nós dois nos olhávamos fixamente.

ㅡ Mari? Tudo bem?

Sem conseguir dizer uma palavra, simplesmente, puxei o Axel contra meu corpo o abraçando de repente deixando que as lágrimas saíssem dos meus olhos extravasando a dor.

•••

Lições do Amor | Vol.1Where stories live. Discover now