29_ Nunca duvide de si mesma.

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Suspirei me olhando no espelho passando a mão pela minha roupa. Naquele momento já era 20:10 da noite, ou melhor, 08:10.

Eu passei a tarde deitada no meu quarto pensando e chorando sozinha porque a Sidney teve que trabalhar. Eu fiz um jantar super americano porque eu não estava com cabeça para pensar em receita brasileira.

Agora eu estava me arrumando para o encontro com o Axel. Falando nele, pelo resto da tarde eu nem olhei o celular evitando falar com ele. Queria vê-lo pessoalmente e abraça-lo o mais forte que eu poderia assim como aquele dia na festa.

ㅡ Já tá se arrumando? ㅡ Sid perguntou entrando no quarto vestida com o seu moletom enorme.

Assenti pegando a jaqueta do Axel e vesti a mesma. Eu adorava aquela jaqueta em mim, porém, no Axel ela ficava extremamente perfeita.

ㅡ Tem certeza que não quer descansar? ㅡ Sid se aproximou de mim e me abraçou. ㅡ O Axel vai entender.

ㅡ Eu tô bem, Sid. ㅡ Sorri me virando para ela, em seguida beijei a sua testa. ㅡ Estou melhor. Além disso, com ele evito pensar um pouco no meu pai.

ㅡ Ok. ㅡ Ela assentiu. ㅡ Toma cuidado, ok? E qualquer coisa me liga.

Assenti rindo me aproximando da mesa e pegando o meu celular que estava com a tela brilhando. Lá estava a mensagem do Axel avisando que já estava lá na porta.

ㅡ Me deseja sorte!

ㅡ Se ele quiser, pode dá. Eu deixo. ㅡ Sid piscou o olho dando um sorriso malicioso.

Revirei meus olhos rindo pegando a minha bolsa e corri para fora de casa. Fechei a porta após sair de casa e caminhei até o outro lado da calçada colocando o celular na bolsa.

Eu nem preciso mencionar o quanto o Axel estava lindo, porém, sem a jaqueta.

ㅡ A jaqueta ficou bem mais linda em você. ㅡ Axel abriu um sorriso para mim assim que eu cheguei perto dele. Não pude deixar de sorri logo em seguida.

ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri. Aquela noite estava fria na mesma maneira que ontem. ㅡ Te devolvo quando estivermos saindo.

ㅡ Prefiro ela em você. ㅡ Ele sorriu se afastando da moto e beijando minha testa. ㅡ Pronta? ㅡ Ele me estendeu o capacete.

ㅡ Estou sempre pronta. ㅡ Peguei o capacete da mão dele, coloquei em minha cabeça antes de subir na moto e abraçar ele por trás.

Na minha cabeça ainda estava toda aquela história do meu pai e das lembranças. Saber que agora ele queria que eu voltasse para o Brasil, mesmo sabendo que ele falou que não me aceitaria de volta, era horrível.

Durante todo o caminho até o tal lugar do encontro, eu fui com minha cabeça encostada nas costas do Axel tentando não pensar. Até que chegamos lá e descemos da moto, e isso me permitiu ver.

ㅡ Praia? ㅡ Perguntei enquanto tirava o capacete após descer da moto. Analisei perfeitamente o local e vi que a praia estava vazia e a noite deixava tudo mais bonito e romântico. ㅡ O que viemos fazer aqui?

ㅡ Piquenique ㅡ Axel mostrou uma cesta de piquenique, que me fez sorri que nem uma boba. ㅡ Gosta da ideia?

ㅡ Eu adorei. ㅡ Afirmei. Ele desligou a moto tirando a chave dela, pegou na minha mão ㅡ naquele momento eu senti uma grande corrente elétrica e um frio na barriga ㅡ , e me puxou até a praia.

Tirei meu sapato enquanto o Axel colocava a toalha na areia e colocava as vasilhas tudo perfeitamente arrumada em cima da toalha. Assim que ele terminou nós dois sentamos um do lado do outro.

ㅡ Achei que teria que te buscar no trabalho de novo ㅡ Axel falou quebrando o silêncio. Engoli em seco. Eu ainda não havia falado com ele sobre o que aconteceu. ㅡ Não foi hoje?

ㅡ Sim, Axel. Você me viu entrando no táxi. ㅡ Respondi com certeza. ㅡ Só que... ㅡ Abaixei minha cabeça colocando uma mecha do meu cacho atrás da minha orelha.

ㅡ Ei. ㅡ Axel tocou seu dedo no meu queixo e ergueu minha cabeça. ㅡ Pode me contar, Marina. Estou aqui para te escutar.

Respirei fundo antes de olha-lo no fundo dos olhos.

ㅡ Como você sabe, eu não tenho uma relação boa com nenhum membro da minha família. ㅡ Comecei. Engoli em seco de novo. ㅡ Meu pai me ligou depois que eu entrei no carro e me despedi de você.

ㅡ O que ele falou?

ㅡ Ele disse que se arrependeu de ter permitido a minha vinda para os Estados Unidos. ㅡ Revirei os olhos com desdém. ㅡ E agora ele quer que eu volte para o Brasil.

ㅡ Voltar? Como assim voltar? ㅡ Axel me encarou de olhos arregalados.

ㅡ Ele quer que eu volte para aquele inferno que se alto nomeia; casa. ㅡ Revirei meus olhos. ㅡ Eu sei que uma pequena discussão não é motivo suficiente para chorar, mas não foi só a discussão. Foram as lembranças ruins. ㅡ De repente, meus olhos inundaram. Não conseguia parar de sentir a dor só de lembrar daquele assunto. ㅡ Axel, eles são minha família. Entende? Minha família! Independente de qualquer coisa eu amo eles, eles fazem parte da minha vida e essa é a parte RUIM da minha vida! ㅡ Exclamei enquanto chorava e o Axel apenas me olhava atentamente. ㅡ Eu duvido que se fosse qualquer outra pessoa estaria aqui agora chorando por eles. Eu sou uma fraca!

ㅡ Ei, ei, ei, ei! ㅡ Axel reclamou me virando e tocando meu rosto com as duas mãos. ㅡ Nunca mais volte a repetir isso, ok?? Por favor!

ㅡ Mas é a verdade, Axel!

ㅡ Essa não é a Marina Soares que eu conheci naquela festa e no dia seguinte virou a minha aluna. ㅡ Axel falou de repente. ㅡ Por que você tá dizendo isso? Por causa dos seus pais? Da sua irmã? Por que você tá chorando? O que é que tem chorar? É normal! Você é humana e tem fraquezas, e sua família faz com que essa sua fraqueza te cegue e lhe faz pensar que é fraca. ㅡ No momento eu chorava enquanto analisava o Axel. ㅡ Para de pensar nesse tipo de coisa, Marina. Eu sei que eu não sou a melhor pessoa para dizer isso, a sua fortaleza tem que vir de você. Eu sou uma pessoa que tá vendo o quanto você é batalhadora e determinada... ㅡ Ele acareciou a minha bochecha. ㅡ Os seus pais querem que você volte para o Brasil. Você vai voltar?

ㅡ É claro que não! A minha vida é aqui!

ㅡ Então, Mari. Você tá vendo? A sua vida é aqui, uma vida que você construiu aqui com sua melhor amiga. ㅡ Axel abriu um sorriso. ㅡ Os seus pais estão lá no Brasil, você tá aqui. Nunca duvide de si mesma. Até porque estar aqui nos Estados Unidos ao lado de um gato desse é a prova viva que você é uma pessoa forte. ㅡ Ri com o sorriso convencido que se formou nos lábios dele. ㅡ Combinado?

Puxei-o para um beijo sem responde-lo. Apenas queria beija-lo e deixar claro meus sentimentos através daquele beijo que, felizmente, me fez lembrar do selinho que grudou na minha cabeça.

Ah, aquela bendita festa...

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Lições do Amor | Vol.1Where stories live. Discover now