Capítulo 33

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Aos poucos as nossas mãos vão se soltando, tudo em mim doí, meu peito, minha alma, meu amor não sabe quem eu sou!

— Senhora Carmen, fala pra ele, conta a verdade.

— Não tem outra verdade querida, entendo sua preocupação, agora ficará tudo bem.— Carmen fala sem demonstrar reação.

— Mãe, o que está acontecendo?

— Você lembra-se dela?— olho para ele com expectativa, e imploro mentalmente para ser somente uma brincadeira.

— Claro que sim, ela é minha mãe, não tem como não lembrar.

Quando ia questiona-lo novamente, o médico entra e decido me calar.

— Que bom que acordou, como se sente?

— Confuso

— Imagino, sua noiva está vindo, quando ela entrar farei algumas perguntas.— Me assusto com o que o médico diz.

— Como assim? A noiva dele está vindo? Eu sou a noiva dele...— Os olhos do Renan estão nos meus, mas estão distantes, como se nunca tivesse me visto na vida.

— Kkkķkk, você é muito engraçada Ive,  mas não é hora dessas brincadeiras bobas, você sabe que o Renan e a Flávia se amam.— Meus olhos se arregalam ao ouvir o nome daquela mulher, não estou entendendo do por que ela está agindo tão friamente comigo. Sinto como se tivessem me apunhalado pelas costas, o médico me olha confuso, pois até aquele momento tudo indica que Flávia era noiva do seu paciente.

— Você se lembra o que fez ontem?

— Claro, fui em Londres com minha noiva ver seu vestido de noiva.

— Ok, Que dia da semana estamos hoje?

— 02 de outubro, de 2018

— Oi?— fico mais espantada com o que Renan diz, ele não lembra que não estamos.

— Interessante, sua memoria apagou tudo que viveu nos últimos 4 anos!

— Como assim doutor? Então eu me casei com a mulher da minha vida e não lembro?— Ouvindo isso meu peito arde numa dor incontrolável.

A porta é aberta e vejo aquela maldita da Flávia entrar, andando devagar, seus olhos estão fixos no Renan.

— Querido! Que bom que acordou.— Dona Carmen abaixa a cabeça e lágrimas escorrem pelo seu rosto.— O que faz aqui?— Ela se direciona a mim.

— Você a conhece, minha mãe disse que é minha secretaria.

— Disse?— Flávia olha pra Carmen como se tivesse reprovado isso. Fico sem entender, mal consigo me manter de pé com tudo isso.—Ah, sim, essa louca...

— Eu a chamei filho, pra ver se você não lembrava de nada, vocês são muito amigos por isso fiz essa brincadeira, desculpa!

— Realmente mãe, dessa vez você se superou, essa moça da até a entender que eu fiquei com ela ou algo assim, a senhora sabe que jamais iria trair a Flávia.— Lágrimas rolam dos meus olhos.

— Amor, por favor, não faz isso, não vê que eles estão mentindo para você.

— Já pode parar de atuar querida, tirem ela daqui.

Olho pra ele e sem conseguir controlar choro toda aquela angústia que se formou no meu peito, nossos olhares se cruzam, e mesmo não se lembrando de mim, nos seus olhos da para ver que ah alguma coisa de nós.

— Desculpa...

— Anda, sai do quarto.

— Por favor...— o médico segura nas minhas mãos que estão tremulas, mal consigo respirar, me tira devagar do quarto, ele viu como isso me deixou abalada.
Como foi que do dia mais feliz da minha vida, se tornou o meu pior pesadelo.

— Filha, eu vejo verdade no seu olhar, e vejo um amor que em todos esses anos de experiência que tenho, foi raro ver nos jovens de hoje, mas sua memória o projetou a 4 anos atrás, nesse tempo ele não lhe conhecia não é?

— Não...

— Sei que, o que vou te pedir é algo impossível de fazer pra quem se ama, mas de um tempo, as coisas estão confusas para ele.

— Eu sei.— minha voz mal sai.— Eu vou fazer isso doutor, com aquela mulher ali, não vou conseguir falar com ele, só não entendo do por que a dona Carmen está ajudando ela.

— Sei que não é da minha conta, mas acredito que a senhora Carmen esteja só protegendo o filho, não sei qual foi a condição que mulher que diz ser noiva dele fez para fazer o transplante, mas acho que seja por isso que Carmen esteja agindo assim.

Concordo com a cabeça e Fico em silêncio, mesmo que me doa na alma, vou ficar afastada, sei que ele vai se lembrar de nós, eu sei.

Volto para dentro e tenho a minha última tentativa de fazer ele lembrar de nós, mesmo que seja somente por uma fração de segundos.

— Tira ela daqui.— Flávia grita.

Vejo ele segurando nas mãos dela o meu estômago embrulha.

— Não! Quero ouvir o que ela tem a falar.— me aproximo e lentamente passo a mão no seu rosto,  sem me importar com os gritos estericos da Flávia.

— Mesmo que não se lembre de mim, saiba que você sempre será o amor da minha vida.— Respiro fundo e dou um beijo em seus labios e mesmo não sabendo quem sou ele não desvia, mas também não corresponde, no aparelho vejo que seu coração dispara.— Sua memoria pode não saber quem eu sou, mas seu coração, ele sabe, eu vou te esperar o tempo que for.— Seguro sua mão e levo na minha barriga, quando ia falar do nosso filho, Flávia me empurra e finge estar passando mal, Renan está imóvel, dou uma última olhada no seus olhos.— Adeus amor, mas saiba que não vou desistir de nós.

— Desculpa.— Seus olhos vão se fechando e ele apaga novamente.

— AH, TIREM ELA DAQUI!— Dois seguranças que nunca vi, vem me arrastando porta fora.

Um deles aperta meu braço com força e me jogam no chão.

— Apartir de hoje você nunca mais se aproxima dele.— O segurança de quase dois metros fala.

— Quem vai me impedir? Você? Um merda de um segurança, pau mandado daquela vagabunda?— Falo encarando ele de frente.

— Escuta aq...— Ele parte pra cima de mim, mas antes que sua mão me toque, Fábio acerta um soco nele.

— Está ficando louco? Você está bem Ive?

— Que bom que você está aqui.— abraço ele, e toda força que tentei demostrar acaba, choro baixinho, sem fazer alarde. Depois de mais calma vamos de encontro com meus pais que estavam no refeitório da clínica. Conto pra eles tudo o que aconteceu e Fábio disse que vai me ajudar.

— Então ele não se lembra de mim também?— Dani fala desanimada.

— Infelizmente não

— Que merda, fizeram lavagem cerebral nele?

— Pelo que vi, vai ser difícil se aproximar dele, mas vamos conseguir, você fez o feitiço que aquela maldita colocou nele quebrar, você vai conseguir novamente, só temos que tomar cuidado, ouvi um outro médico falando com a dona Carmen, que se ele ficar muito nervoso pode acontecer algo por causa da batida na cabeça, não entendi direito, parece que pode romper algo no cérebro dele, vou me informar certinho e te conto.— Fábio fala e eu fico preocupada.

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