Capítulo 27

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Já era fim de tarde quando minha secretária entra nervosa. Ela estava encostada na parede, esperando meu próximo paciente. Passo a mão na minha barriga, pensando no meu bebê e na alegria que Renan terá quando descobrir.

E infelizmente, pensando em todas as ameaças. São várias coisas que Taylor já enviou: fotos dos meus pais, do Renan e principalmente do meu bem mais precioso, Evelyn. Ele não pode se aproximar dela. Estou conhecendo um Taylor totalmente diferente do que pensei conhecer. Ele está cada vez mais parecido com o seu pai.

— Ive? — Carla fala ao entrar.

— O que houve, Carla? — Caminho até a minha mesa e vejo que ela tem uma caixa na mão. — O que é isso?

— Acabaram de deixar na minha mesa, mas não vi quem era.

— Deixa aqui, por favor. Você sabe quem foi?

— Não sei. Olhei nas câmeras e entrou uma mulher de capuz. Não deu para ver o rosto porque estava com a cabeça baixa. — Arrasto a caixa sem vontade, quando Carla grita. — Meu Deus, o que é isso?

Levanto e vejo que onde a caixa passou, tem uma listra vermelha como se fosse tinta fresca. Olho nas suas mãos também, estão vermelhas. Passo um dedo nela e tento sentir o cheiro. Dou um pulo para trás quando me dou conta do que se trata.

— Deus. — Começo a tremer quando o medo me atinge em cheio. — É sangue!

— Vou chamar a polícia. — Impede segurando na sua mão. Ela assente com a cabeça e fica do meu lado. — Tem um bilhete. — Pego-o com as mãos tremendo. Meu coração nem sabia como se batia mais.

BILHETE

Oi meu amor! Estou te mandando uma prova de que não estou brincando. Sei que planeja me denunciar, mas isso que fiz com ele é só uma das coisas que posso fazer com você. Ive, você vai pagar pela prisão do meu pai!

— Meu Deus. — Abro a caixa com medo do que vou encontrar. — Não... — Caio sentada na cadeira e começo a chorar desesperada.

— O que é, aaah. O Apolo, que monstro faz isso com um gatinho. — Carla começa a chorar desesperada, eu faço o mesmo.

— Me escuta, você não vai falar nada, está me ouvindo? Me promete Carla, pelo amor de Deus, me prometa!

Pego ele e coloco entre meu peito. Estou sentindo uma mistura de sentimentos: dor, tristeza, medo, raiva. Com o pequeno corpinho do meu gatinho, choro sem parar. Três meses atrás, meu pai havia me dado de presente um gatinho amarelinho. Ele sabe que amo gatos, mas no antigo apartamento não era permitido. Apolo tinha um pouco mais de 4 meses. Foi uma verdadeira festa quando meu pai o levou para casa. Renan e eu o tratávamos como nosso filho de 4 patas. Compramos tudo que era necessário para seu conforto. Mas ali, naquela caixa, ele estava com o peito aberto e sem seu pequeno coração. Uma profunda tristeza me atinge como uma bomba.

— Senhora, você não pode se calar. Olha o que ele fez com seu gatinho. Imagina o que ele será capaz de fazer com vocês.

— Não, não posso denunciar. Ele vai machucar eles. Taylor vai machucar a minha irmã. — Abro a gaveta e tiro todas as ameaças dos últimos meses. — Joga fora, queima, some com tudo isso, por favor. Eu não sei com quem estou lidando, mas percebemos que ele não está para brincadeira.

— Senhora.— Carla me olha e abaixa a cabeça.—  Tudo bem, será como quiser.

Com seus olhos chorosos, ela sai da sala com todas as coisas. Limpo o sangue da minha mesa sem conseguir parar de chorar. Entro no banheiro, tomo um banho e visto uma peça de roupa que sempre deixo aqui.

INFIEL Where stories live. Discover now