Stardust | TAEKOOK

No momento em que eu desisti de tudo...

"...as estrelas distantes refletiram em meus olhos por um breve momento" 

(ASTRO — Stardust)

Quarta-feira tinha sido o pior dia de sua vida, Taehyung podia afirmar com total e absoluta certeza.

Acordou cedo, foi para a entrevista de emprego que o supervisor da agência tinha lhe indicado, estava preparado e tem um portfólio de trabalhos incrível e muito bem feito, mas não tinha como vencer alguém com o sobrenome da família dona da empresa.

A vaga era perfeita — a vaga dos seus sonhos!! — mas foi tirada de si depois de um processo seletivo que de seletivo não tinha nada, era apenas uma fachada para encobrir a contratação de um familiar sem dar na cara demais.

Meritocracia é o caralho!

O nome disso é nepotismo.

Pra variar, começou a chover e Taehyung não tinha se preparado para enfrentar uma chuva, ou seja, estava encharcado, com as meias molhadas, esperando o ônibus que estava demorando mais que o normal, provavelmente por causa do trânsito ruim causado pela chuva inesperada, e estava com fome, mas só podia comer em casa, já que tinha esquecido a carteira e só saiu com o passe do ônibus.

O dia não podia ficar pior!

Mas, claro, ficou.

O ônibus estava lotado, as pessoas olhavam com nojo para ele, que estava molhado dos pés à cabeça, o motorista passou do ponto em que ele deu sinal para descer, ainda chovia forte e Taehyung acabou ficando mais molhado do que já estava.

Desempregado, molhado, com fome, cansado. Ele estava a dez metros abaixo do fundo do poço.

Um rapaz parou quase ao seu lado enquanto esperava pelo elevador do prédio. Taehyung não deu muita atenção, apenas reparou que ele parecia mais novo e tinha um nariz meio grande. E que não estava molhado. Mas, tanto quanto ele não fez questão de prestar atenção no rapaz, o moço também não fez questão de olhá-lo.

Quando, por fim, o elevador chegou ao térreo, o narigudo reparou em sua presença e deixou que Taehyung entrasse primeiro e entrou em seguida. Apertou o botão do sétimo andar, o rapaz fez menção de apertar o botão, mas percebeu que o elevador pararia no andar em que mora.

— A chuva foi forte hoje... — o rapaz mencionou e Taehyung assentiu.

Era óbvio, ele estava encharcado e pingando!

— Você mora em qual apartamento? — o narigudo insistiu em manter aquela conversa furada no elevador.

— No setecentos e dois — Taehyung respondeu, tentando não soar rude.

— Ah, somos vizinhos! Moro no setecentos e um. No fim do corredor.

Mas, antes que Taehyung pudesse responder um "que legal" ou dar um sorrisinho que encerrasse o assunto, ouviram um barulho alto e as luzes do elevador piscaram antes de se apagarem de vez.

— Mas que porra? — falou, sentindo o elevador parar num solavanco.

— Estamos presos — constatou o mais novo, novamente de forma óbvia.

— É o que parece — Taehyung resmungou, derrotado, sentando-se no assoalho do elevador e preferindo nem pensar que não era possível que aquele dia ainda pudesse piorar.

— Eu sou Jeon Jungkook — o mais novo falou, sentando-se ao seu lado no chão do elevador, quando uma luzinha fraca de emergência se acendeu.

— Kim Taehyung.