Nesse momento você sente seus olhos quase pularem das órbitas.

- Oi????

- É. A não ser que um casal tenha roubado o seu carro pra dar uma foda e depois devolver para a garagem, claro. Mas acho que eram vocês, sim.

Você poderia engasgar com a própria saliva. Mal acredita naquilo que ele está dizendo e, se pudesse, faria um buraco no chão e entraria dentro. Você pensou que o lugar onde havia estacionado não fosse muito visível a olhos alheios, mas pelo visto estava enganada.

Meu Deus, quantas pessoas viram aquilo???

- Não é pra tanto - Matt faz um sinal com a mão. - Eu também não fiquei olhando, óbvio. E acho que mais ninguém percebeu, tava escuro e os vidros embaçados, também. Só vi um carro muito parecido com o seu estacionado em um lugar estranho, prestei mais um pouquinho de atenção e vi um movimento suspeito lá dentro. Pensando bem, algumas pessoas devem ter percebido sim, mas com sorte nenhuma conhece vocês. Relaxa, acontece.

Você sente ânsia de vômito. Acontece. Claro. Todos os dias você fica sabendo que pode ter sido vista fazendo sexo dentro de um carro. Super normal.

Nem sabe como saiu do boliche e muito menos como dirigiu até em casa, se sentindo aérea o tempo todo. Além da nova bomba que caiu no seu colo, uma onda grande de melancolía se apossa de você conforme as horas passam e você sabe que está cada vez mais próxima de uma decisão definitiva. Você fica no sofá, vendo TV mas sem realmente ver. Vê quando Marco e Camila chegam, levemente bêbados, e sobem as escadas abraçados e aos risos, mal percebendo você ali. Vê as horas se arrastarem lentamente, te agoniando cada vez mais.

Porém é ainda mais agoniante quando a mensagem chega.

Rob: estou aqui.

Quando abre a porta, ele entra rapidamente, em silêncio. A casa está escura e você sinaliza para Pryce não dizer nada, fecha a porta e então estão subindo as escadas até o seu quarto. Deixa ele entrar primeiro, fecha a porta e então ali estão vocês dois, parados sob uma meia luz de um abajur, se encarando.

- Você não vai sentar? - Você pergunta.

Rob assente e se senta em sua cama, em seguida você se senta na frente dele.

- Então - Ele começa - o que você quer conversar?

- Temos muito o que conversar, Rob. Você sabe disso.

Ele esfrega o rosto e solta um suspiro.

- Eu sei - O inglês diz. - Eu sei. Achei que poderia ignorar isso e continuar vivendo normalmente, mas é impossível, não é? Eu só queria aproveitar ao máximo todos os segundos, porque eu sinto que talvez não tenhamos mais nada depois dessa conversa.

Seu coração vacila. Ele sabe que, dependendo do que for dito, talvez acabe de vez. Porque era isso o que faltava, não é? Robert admitir com as próprias palavras que te traiu, que arrumou outra assim que você pisou fora da Inglaterra. E você ouvir com os próprios ouvidos.

Não sabe se aguentaria isso.

- Estou tentando por muito tempo - Ele continua. - Juro que estou. Mas não sei se posso deixar tudo pra trás, entende? Mesmo que a gente tivesse só dezoito anos e que já tenha se passado tanto tempo...

Você franze a testa. Não entende o que ele está querendo dizer.

- Você está tentando deixar algo para trás?

O rapaz paralisa. Mesmo com o quarto quase totalmente escuro, o rosto dele é banhado pela luz fraca do abajur, os olhos não saindo de você e por um segundo eles são tudo o que você vê. Aqueles olhos que te dão vontade de chorar, mas que no momento te irritam. Por que ele está falando como se você tivesse magoado ele?

✧ e se você voltasse ✧Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon