Reiniciando...

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__ Iremos sentir sua falta.__ Giovanni disse por mensagem.

__ Também sentirei falta da equipe.__ Lembrei dos meus três anos naquela empresa. Foram três anos bons.__ Tenho que ir Gio, vovô esta me esperando para jantar.

Vovô estava um pouco afoito naquela noite, e logo após o jantar, ele teve um mal súbito. Está sendo um dia e tanto.

Rapidamente liguei para Lídia que nos deu uma carona até o hospital. E as últimas economias que tinha para uma emergência, estava se desvaindo.

__ Tudo só dá errado pra mim.__ Reclamei me jogando no chão da entrada do pronto socorro.__ Perdi o emprego, agora mais essa.

__ Calma amiga.

__ E se ele morrer, Lídia? O que vai ser de mim?

__ Fica calma amiga.__ Ainda bem que tenho você, Lídia.__ Vai ficar tudo bem.

__ Obrigado por estar aqui comigo.__ Ela sorriu sem mostrar os dentes.__ Você fica com ele enquanto vou em casa pegar algumas coisas?

__ Fico.__ Ela me deu a chave do seu carro._ Dirija com cuidado, está chovendo muito.

__ Eu vou.

Peguei a chave do velho chevet que foi do avô de Lídia e parti rumo a minha casa. A chuva caía devastadoramente, cheguei a pensar que havia um propósito nela... Abrir crateras profundas na terra.

__ Droga, só mais um pouquinho.__ Comecei a implorar.__ Não morre agora carro desgraçado.

E lá se foi o carro. Parou do nada e não saía mais do lugar.
Qual a chance de você sofrer três tipos de azar no mesmo dia?

__ Vou chegar atrasada aí no hospital.__ Falei assim que Lídia atendeu.

__ O que houve.

__ Seu carro morreu na metade do caminho. Não tem ponto de onibus onde estou, vou ter que andar um pouco.

__ Toma cuidado tá?

__ Vou tomar cuidado.

Mesmo chovendo pra caralho, comecei a minha jornada em busca de um ponto de onibus. Naquela hora já se passava das onze da noite e o medo de ser estuprada e morta era enorme.

Minha roupa e meus cabelos estavam encharcados, e eu não aguentava mais andar. Não havia nenhum ponto de ónibus. Que merda.

O som de um carro vindo na mesma direção que eu me fez querer correr, mas só orei a Deus para que me livrasse do mal. Era um carro luxuoso, um homem de quase sessenta anos usava um chapeu de chofé e terno preto.ele passou por mim e um pouco a frente, ele parou. A porta direita do passageiro abriu.

__ Para onde está indo a essa hora garota?__ O motorista que saiu do carro, perguntou.__ Pode ser perigoso, entre, vou te deixar num lugar seguro.

__ Meu carro quebrou, estou indo para casa. Não se preocupe, já estou quase em casa.__ Tentei enrolar.

__ Deixe-nos ajuda-la. Tenho uma filha da sua idade, se lhe acontecer algo, me sentirei culpado.__ Ele parecia ser um homem bom.

Apertei firmimente em meu bolso, a pequena adaga que carrego para todo lugar. Sentado dentro do carro, havia um homem muito elegante, que permaneceu encarando a chuva pela outra janela. Sentei ao seu lado sem conseguir respirar direito.

O carro estava escuro, mas dava para perceber o quanto a presença dele fazia o ambiente mudar.

__ Me desculpe por molhar seu carro.__ Tentei ser cordial mas ele não me respondeu.__ Pode me deixar no primeiro ponto de onibus que ver, senhor.__ O medo me apavorava.

__ Porque queria tanto chegar em casa, que nem esperou o seguro?__ O motorista perguntou.

__ Previso pegar umas roupas minhas e do meu avô. Ele esta internado.

__ Seus pais não estão com ele?

__ Não.__ Minha resposta foi triste, vazia e deprimente.

__ Eu sou Riccardo, não precisa temer a mim.__ Ele sorriu pelo retrovisor.__ Vamos deixa-la em casa.

__ Angelic Felippo.__ Disse meu nome cordialmente.__ E não precisa ir tão longe.

Mesmo eu insistindo para que ele não fosse até o meu muquifo com aquele carro chique, Riccardo foi e me deixou em casa. Agora a galera da vizinhança vai começar a falar como a neta de Luigi Filippo é uma puta. Dando até para os nobres enquanto o avô está enfermo.

Arrumei minhas coisas, arrumei as coisas do meu avô, e quando ia sair, Lídia ligou.

__ Estou saindo agora. Aconteceu alguma coisa?

__ Seu Luigi deu duas paradas cardíacas.__ Não, não...__ Sinto muito Angel, mas seu avô não resistiu.

Meu chão desabou. Aquele foi o dia mais azarado e doloroso da minha vida. A única família que eu tinha partiu, meu avô se foi, teve uma última refeição feliz comigo e se foi.

Talvez um dia eu supere tudo isso, talvez um dia meu mundo melhore. Mas tenho a certeza que não irá melhorar. Afinal, eu sou Angelic Felippo, a amaldiçoada.

SR. ETTOREOnde as histórias ganham vida. Descobre agora