[5] Os 7 Instintos : COMBATE

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— Jimin!

Despenco da minha montanha de devaneios quando a voz do homem ao lado, soa no meu ouvido. Jungkook me olha assustado, com um filete de suor escorrendo na sua testa e a respiração pesada, tentando controlar a transpiração naquele calor infernal que estávamos sendo obrigados a passar.

Por sorte, vim de regata. Foi preciso apenas amarrar minha jaqueta na cintura e continuei sem problemas no caminho, enquanto Jeon suava na sua camisa de basquete.

Ele nem gosta de esportes.

O maior dá um peteleco na minha cabeça e controlo meus impulsos de xingá-lo, apenas respirando fundo e mandando o dedo do meio.

— Presta atenção no caminho. Quase que você pisou no caco de vidro. — Avisa.

Pisei, é?

Dou de ombros e continuo a caminhada exaustiva que nos propusemos a fazer. Eu não sei que tática Jeon estava magicamente usando para saber que estávamos indo ao caminho certo. Ele nunca foi bom de geografia, não temos um mapa e quem dirá uma bússola. Se fosse para confiar na sua memória e ensinamentos de escoteiro que adquiriu quando tinha oito anos de idade, estávamos perdidos.

Mesmo assim, continuo junto com ele.

Segundo o que me foi dito alguns longos minutos passados, já havíamos saído de Jinhae – isso era fato – e estávamos no meio do caminho para chegar ao bairro que queríamos, em Gyeongsang.  Metade do percurso havia sido percorrido com uma caminhada mediana e isso nos custou umas boas horas. Chuto facilmente que é início de tarde e, quando saímos de casa, ainda estava no nascer do sol.

Por alguma grande sorte do destino, sequer vimos algum infortúnio pelo caminho. As ruas eram desertas, apesar da destruição em cada canto e alguns corpos mortos dentro de carros. Muitas pessoas se mataram, muitas. Foi dentro de um desses veículos que achamos uma família que aparentemente estava de viagem. Mesmo sendo uma cena catastrófica e de embrulhar o estômago, Jungkook se ofereceu para vasculhar o carro e nele encontrou uma barraca de acampamento, cordas de escalada, um isqueiro, sanduíches podres e uma garrafa de dois litros de água, com menos da metade. Além disso, Jeon teve a petulância de tirar uma câmera fotográfica do bolso de uma das vítimas do possível suicídio coletivo e pendurou em seu próprio pescoço, exibindo a máquina que fazia polaroids.

Bem, agora temos água, mesmo que bem pouca.

Minha mochila começou a ficar levemente pesada a cada parada que fazíamos. Eu sei que Jungkook tem uma mania de vasculhar qualquer canto que achar provável ter algo e isso se dá muito em conta dos trilhares de games que jogou ao longo da vida. Parece que ele sabe exatamente onde tem alguma coisa e na maioria das vezes, tem razão.

Não vou julgá-lo. Se não fosse por sua bravura até agora, só haveriam armas na minha bagagem.

Mas agora há toalhas, esparadrapos, agasalhos, uma cartela de analgésicos para dor muscular e insônia, pomada para assaduras e até um doce em compota.

É, ele sabe como sobreviver.

— Tem certeza que não quer um pedaço? Vai acabar ficando com fome. — Pergunta. Não tenho outra reação a não ser olhar para o meu ex, com nojo.

Minha bile quase para na boca quando o vejo engolindo mais um pedaço daquele roedor frito, cozido, assado ou seja lá que porra ele tenha feito com gravetos de árvore, isqueiro e um espeto de churrasco. Achamos o animal se alimentando de algo no meio-fio da rua, Jeon o matou e em menos de quinze minutos improvisou um fogão para fazer aquela coisa ser um pouco mais "comestível".

Mas é impossível para mim. Minha barriga pode até roncar de fome, mas eu me recuso a ter que usar esse tipo de método para alimentação.

— Tem noção das milhares de doenças que esse bicho tem? Só de ter encostado no pêlo dele, você adquiriu umas trinta.

The Last Sunset • JIKOOKOù les histoires vivent. Découvrez maintenant