— Chefe...

— A essa hora não sou seu chefe, você sabe disso.

— Desculpa! Renan, queria te confessar uma coisa. — Falo com um pouco de receio se devo contar sobre o Taylor, mas não é justo. Ele vai entrar numa sociedade com ele, e não quero que pense que fiz de propósito, tentando ajudar o meu marido.

— Eu sei! — Ele responde sem muita cerimônia.

— O que? Como sabe?

— Que Taylor é seu marido?

Como ele sabe? Taylor me ignorou o almoço inteiro.

— Como descobriu?

— Quando você saiu para ir no banheiro, ele foi logo atrás. Depois dos minutos que ele demorou, fiquei desconfiado, pois percebi os olhares dele quando segurei sua mão. Assim que ele voltou, Jolins se gabou de quanto a secretária é gostosa, sentou me encarando e chupando os dedos. Não preciso ser muito inteligente para saber o que aconteceu.

— Meu Deus. — Me sento, pois minhas pernas fraquejaram. Fico de cabeça baixa, estou morrendo de vergonha. Não acredito que ele fez isso. Eu sabia que Taylor era baixo, mas não nessa proporção.

— E sabe, conhecendo você como conheço, sei que jamais iria trair seu marido, ainda mais com um desconhecido. Pela sua demora, fiz um teste. Pedi uma porção de morangos para acompanhar com a calda de chocolate. Sei que você tem alergia a morangos. Quando disse que era para você, ele falou que você é alérgica. Então percebi que aquele idiota era o imbecil que te faz chorar quase todos os dias.

Estou sentada na poltrona e ele está de joelhos na minha frente, sem conseguir encarar seus olhos, sem acreditar em tudo que aconteceu. Como fui nojenta em ter feito relação com ele no banheiro, depois de tudo que ele fez naquela mesa com Eduarda.

Renan arruma sua postura e senta ao meu lado. Levemente, ele segura minhas mãos, que, pelo nervosismo, não param de tremer.

— Por que você permite isso? Olha para você, a mulher incrível que é! Como você deixa ser usada, traída e humilhada desse jeito?

— Eu não tenho o que fazer... — Me calo quando percebo que estou falando demais.

— Como assim, não tem o que fazer? Claro que tem, é só pedir o divórcio. Desamparada você não vai ficar.

— Eu amo ele, Renan, há muito tempo, bem antes dele ter me comprado como pagamento de dívida.

— Como assim, comprado? — Explico para ele por alto como me casei com ele, mas não falo da multa que teria que pagar para me livrar desse casamento.

— É o que eu sinto, sou uma mercadoria que só presta para dar prazer quando e onde ele quer. E sabe o que é pior? Eu permito, eu me deixo ser usada porque não consigo tirar esse maldito sentimento do meu peito, mesmo ele esfregando na minha cara que nunca vai me amar. — Renan me abraça e eu choro em seu peito, me sentindo um nada.

— Me diz o que posso fazer para te ajudar?

— Ninguém pode me ajudar, Renan, mas tenho 8 meses para conquistá-lo, e sei que ele, uma hora, vai me amar.

— Nossa, é sério isso? — Ele fala como se estivesse decepcionado.

— Eu quero que ele me ame, eu preciso sentir esse amor. — Ele não diz mais nada, balança a cabeça em negação, me abraça e me deixa desabafar. Era tudo que eu precisava nesse momento.

Depois de alguns minutos, me acalmo. Mudamos de assunto e consigo me ver novamente, apenas a Ive, que ri nos momentos mais inapropriados, que fala alto, faz piadas sem graça, com Renan é fácil ser eu.
Depois de mais alguns minutos conversando e rindo das coisas mais aleatórias, Renan me leva embora. O caminho todo fomos rindo, conversando, cantando desafinados como sempre fazemos.
Por alguns minutos, esqueço de como sou trouxa.

Quando chego na porta daquela maldita casa, meus risos somem, dando vez novamente para uma face triste, pois sei o que me espera à noite, e ainda tem a questão do maldito do meu sogro. Que merda de vida.

— Não fique triste, você é especial demais para ter esse lindo rosto borrado pelas suas lágrimas.

— Obrigada por me ouvir e não me julgar.

— Se precisar de alguma coisa, alguma ajuda para se livrar desse casamento, conte comigo, não importa o que seja.

— Obrigada, de verdade. Fico pensando se não era melhor eu medir ajuda, mas desisto da ideia.

— Ive...— Ele me encara por longos segundos, de um jeito que nunca me olhou.

— Oi?

Renan faz carinho no meu rosto, meus olhos vão nos seus como se fosse um ímã. Me parece que ele quer falar alguma coisa, mas desvia o olhar.

— Desculpa, não é nada. Amanhã temos outra reunião, vamos ter que fazer uma pequena viagem, mas é coisa rápida. Até ao escurecer estamos de volta.

— Já avia reservado o restaurante da cidade, aquele que me pediu! Alguma roupa específica?

— Não! Compramos lá.

— Você e essa mania de me dar roupas.

— rsrsrs, fazer o que, se seu uniforme te deixa tão sem graça.

— Olha, até ia dizer que o terno foi meu patrão que mandou fazer, mas acho que você conhece ele, e tenho certeza que meu chefe não vai gostar de ver a sua secretária reclamando da roupa, mas fala pra ele que gosto muito do meu uniforme, não tô reclamando não.— Falo rindo, pelo jeito envergonhado que ele me olha.

— Vou falar, mas tenho certeza que ele vai querer mudar.

— Nem é feio, eu gosto.— Falo rindo.— Bom, tenho que entrar. Até amanhã, Renan.

— Até, senhora Thompson. — Dou um beijo no seu rosto e sinto seus lábios abrirem em um sorriso.

INFIEL Where stories live. Discover now