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Selene

O ano novo é já amanhã e também o dia em que eu participarei da festa anual de dona Isabela como parte da família Moretti, na verdade Donatella quem fará parte oficialmente, eu sou Somente uma intrusa, um dano colateral, um tecido arrancando de um tapete para ser costurado em outro com amor e carinho.

Cinco dias convivendo com Dionísio não foram tão ruins assim, até que eu gosto da companhia dele, mesmo que maior parte do tempo ele passe calado porém eu sei que ele está aqui, do meu lado.

— Monalisa, olhos e mente na faca não em Dionísio. — Clarice diz me fazendo revirar os olhos de suas insinuações.

— Acha mesmo que meus pensamentos giram em torno de Dionísio?. — Volto minha atenção a chapa cortando os vegetais.

Conheço Clarice a dois dias e posso dizer que sabe bem ter uma mulher nesse labirinto, mesmo que ela seja doida das ideas. Clarice e negra de cabelos curtos, mesmo curto, dona de seu próprio negócio, um restaurante em Siena, e trabalha para Dionísio em tempo parcial, que nem eu mesma consigo entender.

— Correção, Dionísio gira em torno de seus pensamentos bambina!.

Não é só porquê ele é bonito, rico, gostoso, com uma energia magnética que eu sempre irei pensar nele.

— Tá pensando nele agora.

— Não estou não senhorita.

— Talvez ele de uma chance a Gabrielle então.

Deixo a faca de lado e torço meu pescoço aliviando um pouco a tensão e coço a garganta fazendo cara de paisagem.

— Quem é Gabrielle?.

— Ciúmes?.

— Ciúmes do Dionísio nunca, só curiosidade mesmo não quero nenhuma fã dele infernizando minha vida.

— Gabrielle é a administradora da pousada e da vinha, desde que Dionísio voltou da Grécia os dois tem passando muito tempo juntos.

Será que ele foi se encontrar com ela, os dois devem estar trabalhando juntos agora, felizes, enquanto eu a mãe do filho dele fico presa em casa.

— Eles já tiveram algo? Só por curiosidade.

— Eu estava só brincando não precisa ficar se remoendo de ciúmes bambina.

Não sei se fico irritada ou aliviada por saber que isso foi mais uma das  brincadeiras sem graça de Clarice.

— E daí se eu senti um pouco de ciúmes? Pelo menos ela é inventada.

— Então você admite que gosta dele?.

— Gostar é um sentimento forte, eu estou sentindo alguma coisa mais não sei o que é.

— você está se apaixonando bambina e isso é muito normal.

O barulho alto do meu celular tocando faz meu coração quase pular e trocar de lugar com a língua.

— Ciao amore mio. — Atendo a ligação e seguro o celular com os ombros pressionando na orelha enquanto lavo as mãos. Limpo minhas mãos no avental e tiro deixando sobre a bancada.

Amore mio?. — Clarice questiona franzino as sombrancelhas.

— Meu melhor amigo. — Respondo e ela assente desconfiada.

— Só não chama ele de amore mio na frente do Dionísio, ele pode se descontrolar. — Ela diz atiçando minha curiosidade.

Ciao bella, parece que alguém está de bom humor hoje.

— Seguindo enfrente e me habituando a nova realidade.

— Planos para amanhã?.

— Eu queria convidar você para o réveillon em casa de dona Isabel.

— Queria?.

— Não fode Gaspar.

— Eu aceito, eu, você, e a noite igual os velhos tempos, só que sem o álcool e pessoas incovenientes.

— Selene pro meu escritório agora. — Ouço a voz autoritária e raivosa ordenando me fazendo engolir seco e questionar o que fiz de errado.

— Agora tenho que ir falamos depois. — Sussurro desligando o celular e encaro Clarice que está contendo o riso.

— Traidora.

— Melhor você ir logo. — Ela diz sorrindo.

A cada degrau que vou subindo é como se minha cabeça tentasse formular mil e uma coisas que eu possa ter feito para deixá-lo irritado, talvez o palavrão, ele odeia palavrões. Bato a porta e ouço um entra, ele está sentado em sua cadeira e sua mão repousa na cabeça de Axel sentado aí seu lado. Quando se olha para um homem igual Dionísio se imagina que ele vá ter um  doberman, pitbull, cangal não um Golden retriever. Eles são completamente opostos.

— Algum problema?. — Questiono me aproximando dele devagar.

— Porquê você convidou seu amigo?. — Apesar de seu tom ser brando seus olhos não são tão inexpressivos assim, é possível notar a irá neles.

— Não achei que fosse um problema. — Minha voz sai baixa quase num sussurro.

— É sim um problema mia cara. — Ele se levanta dando alguns passos até ficar a minha frente. Ele acaricia meu rosto e sorri de lado — Você vai comigo, nenhum outro homem vai colocar as mãos em você a não ser eu.

Seu polegar roça meus lábios acariciando e baixa meu lábio inferior, ele revendica os meus lábios para si me beijando me fazendo perder a compostura.

— Somente para que fique bem claro caso você ainda não tenha percebido amore, você tem um homem em casa,  um homem para tudo, antes de decidir alguma coisa pergunte a mim calêndula.

Não deixarei de falar com meu melhor amigo por nada Dionísio.

— Eu sei disso. Agora vá.

Ele maneia a cabeça apontando para a porta e vira voltando ao seu lugar.

— Selene apague a luz antes de sair.

                             >>>~<<<

— Eu não acredito que as palavras simplesmente sumiram da minha boca, bastou só ele colocar seus olhos em mim. — Resmungo e Clarice gargalha.

— Agradeça por ele estar canalizando sua raiva. — Ela diz mordendo uma maçã.

— Raiva?.

— Dionísio sempre teve problemas em controlar sua raiva, desde criança, por isso ele é calado e reservado, faz isso para proteger as pessoas dele. E ele tem Axel desde que a Sali morreu a alguns anos atrás.

— Você está me dizendo que o Axel é um cachorro terapeuta?.

— Quase isso, mas vendo agora Dionísio parece mais calmo porém mais letal, acho que você é o melhor calmante que já aconteceu na vida dele.

— É muita informação para assimilar. — Falo colocando as mãos na cabeça como se elas fossem explodir a qualquer momento.

Isso explica muita coisa mesmo que ainda haja pontas soltas, talvez eu devesse começar a ser mais cooperativa e legal com ele, além da mãe do filho também uma amiga.

— Tudo que eu falei aqui morre aqui.

— O que acontece em Vegas fica em Vegas nesse caso na cozinha.

Um bebê para o italianoOnde histórias criam vida. Descubra agora