Não confunda mais meu coração, Sasuke. Pelo menos não enquanto eu estou tendo que dar a minha vida por essa missão.

Me pergunto como teria sido nosso destino se não tivesse ocorrido o massacre, se não existisse Akatsuki, se Naruto não fosse um jinchuuriki.

Me pergunto se todos nós teríamos uma vida normal. Se eu seria feliz com Sasuke, Naruto pudesse ter sido uma criança normal.

Se nenhum de nós tivéssemos que sofrer tanto.

- Ei. – Escutei a voz de Sasuke me despertar. – Onde você está? – Sua mão estava na minha bochecha, me acordando das minhas epifanias.

Sasuke, o primeiro a perceber quando me distancio. O primeiro a perceber quando a minha própria mente me leva para outro lugar.

Sorri gentil para ele.

- Em lugar nenhum. – Sem pensar, coloquei minha mão em cima da dele. – Estou com você.

Isso pareceu fazer algo com Sasuke, pois quando percebi, algumas lágrimas saiam dos seus olhos.

O Uchiha me puxou para os seus braços e me apertou com força. Eu apenas retribui o abraço, tão forte quanto o dele.

Ele me embrulhou por completo nele, Sasuke estava demonstrando uma parte dele que nunca achei que veria.

- Achei que tinha morrido. – Ele sussurrou para mim. – Achei que tinha te perdido, de novo.

Quando menos percebi, lágrimas também saiam de mim.

Puxei ele mais para mim.

- Estou aqui, Sasuke, estou com você. – Sussurrei de volta para ele. – Me perdoe, me perdoe por te deixar, me perdoe por não ter te explicado, me perdoe por te fazer acreditar em mentiras.

Ele puxou minha cabeça para o seu pescoço, nos apertando por completo. Eu estava no seu colo, sendo apertada por ele e o apertando de volta.

- Por que você foi? – Ele me perguntou baixinho após um tempo em silêncio.

Fiquei alguns segundos sem responder, me preparando.

- Eu tive que ir. – Minha garganta estava seca. – Só assim poderia destruir a Akatsuki, Sasuke.

- Por isso você se fez de morta? – Eu assenti, sentindo meu coração doer. – Eu não entendo.

Então, com o coração acelerado e minhas mãos tremendo, eu contei tudo.

Contei sem receio, finalmente confiando nele. Contei sobre o plano, contei sobre a Akatsuki, contei sobre o byakugou e, principalmente, contei sobre Itachi.

Senti meu pescoço molhar, Sasuke tremia nos meus braços.

- Me desculpe, Sasuke, me desculpe por demorar tanto para te contar. – Eu o abracei mais forte.

Choramingando, o Uchiha não desprezou meus braços como achei que faria, na verdade ele me apertou mais ainda.

- Obrigado por me contar. – Sussurrou rouco para mim.

Me senti péssima por ter demorado tanto. Sasuke novamente estava sendo afetado pelo erro dos outros.

Eu, sem ter muito o que fazer, apenas acariciei o seu cabelo.

Nós ficamos um tempo assim, sem falar nada, apenas os dois chorando, quando ele falou:

- Eu não consigo odiá-lo, nunca consegui. – Ele admitiu para mim, me surpreendendo. – Ele é meu irmão, Sakura.

Eu assenti, apenas o consolando como podia.

- Eu odeio o que ele fez, as atitudes que ele teve que tomar, mas ainda o amo. Isso é estranho, não?

- Não, Sasuke, não é. Você não pode evitar de amar alguém. – Falei, sabendo muito bem o que é querer parar de amar alguém e não conseguir.

- Eu sei que ele era uma criança e fez isso, de certa forma, por amor. Mas mesmo assim, a atitude dele, tudo que ele me fez passar... – Sasuke não completou a frase, ele apenas chorou.

Eu o puxei para meus braços e sussurrei:

- Está tudo bem você amá-lo e não conseguir perdoá-lo, Sasuke.

O Uchiha ficou um tempo chorando, mas depois ele tirou o rosto do meu pescoço e o limpou, seus olhos emanavam tristeza.

- Obrigado, Sakura, por me libertar. – Ele passeou as mãos no meu rosto. – E me desculpe, por te fazer sofrer tanto.

Meu coração se partiu mais uma vez.

- Não diz isso. – Eu olhei gentil para ele, sabendo que sempre amaria ele.

Ele passeava os dedos pelo meu rosto, me tocando, me sentindo.

Seu polegar parou no símbolo na minha testa, acariciando aquela área.

- Você apenas ficou mais linda, meu amor.

Eu olhei surpresa para ele.

O Uchiha, me surpreendendo mais uma vez, apenas me puxou na cama.

Ele me abraçou, se encaixando perfeitamente em mim. Meu rosto estava deitado em seu peito nu e ele me abraçava forte.

Eu o abracei de volta, ainda sentindo algumas lágrimas saindo de mim depois da conversa, também ouvia o respirar pesado de Sasuke.

O cansaço após choro chegou e, mesmo com as velas acessas, a escuridão veio para mim.

Estava alcançando o sono, quando ouvi: 

- Eu te amo, primavera. 

O Sacrifício da CerejeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora