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Vilão 

Encarei o portão da casa da Marlene e respirei fundo antes de entrar mais uma vez naquele lugar. 

Vilão: Vim buscar minhas parada, pô — me encostei no batente da porta vendo ela na sala. 

Ela me entregou algumas sacolas, abri só pra conferir que estava certinho. Eram todos os remédios que eu faço uso. 

Vilão: Valeu — falei já indo mas antes que eu me virasse para ir ela me chamou. 

Marlene: O seu troco — estendeu a mão me dando as notas que estavam com ela — já te disse que eu não quero nenhum centavo desse teu dinheiro sujo.  

Vilão: Que piada em Marlene, não esquece que a metade do que você recebe no teu restaurante também é de gente que faz o mesmo, ou o pior que eu — ela ficou calada. 

Virei as costas pra sair mas parei quando ela começou a falar. 

Marlene: Você sabe que eu compro todos os teus remédios porque eu sou muito gente boa contigo ainda, né? Porque nem isso você merece, você é um cara ingrato, mas mesmo assim eu sempre tô indo lá na pista comprar as coisas pra você, e sabe por quê? Porque você resolveu virar um bandido e não pode descer mais pra pista nem pra comprar seus remédios. 

Vilão: E quem foi que se ofereceu pra comprar eles pra mim? Foi você, vem querer jogar nada na minha cara não, filha.

Marlene: Jogo sim, inclusive eu jogo também que eles não servem de nada pra você não é? Porque você vive se dopando de droga, até parece que eles vão fazer algum efeito. — riu com ironia — você tá acabando com a sua vida, Ítalo. Já não bastou destruir a de todos ao seu redor, agora você quer acabar com a sua.  

Vilão: Lá vem... — ri — para de fingir que se importa comigo, Marlene, a minha vida toda você só jogou na minha cara que eu tinha destruído a sua vida, que eu tinha matado o seu filho.  

Marlene: E eu menti? Você matou o seu pai, garoto, e como se não bastasse ainda matou mais gente. Olha hoje em dia o que você se tornou. — me olhou cruzando os braços — O que você sente é culpa, a sua consciência pesa tanto que você não consegue nem dormir à noite. 

Vilão: Porra, eu posso sentir tudo, mas culpa eu não sinto não — ri irônico — eu fiz pouco com aquele cara. E ele era um ser tão fudido que nem depois de morto me deixou em paz!  

Marlene me olhou com os olhos cheios de lágrimas.  

Marlene: ele era o seu pai! Você não tinha esse direito, você tirou o meu filho de mim e vem falar como se fosse algo mais natural do mundo.  

Vilão: Teu filho que vivia estuprando a maluca da Janaína, vivia drogado, até em você ele já bateu por conta de dinheiro.  

Marlene: Mas mesmo assim ele não deixou de ser meu filho. Assim como você não deixou de ser o meu neto. Eu não te criei mesmo depois de tudo o que você fez?  

Vilão: Jogando na cara todos dias que eu era um assassino? Que eu destruí a sua vida? Que eu era um monstro? Parabéns pra você, vó! — ironizei.  

Marlene: você é um ingrato, Ítalo. Isso o que você é! Vai terminar sozinho e sem ninguém! Escuta o que eu estou te falando.  

Vilão: Ah é?! — aproximei meu rosto do dela, ela continuou no mesmo lugar mas pelo olhar eu vi que ela se assustou — saiba que eu não preciso de ninguém comigo, eu não quero o amor de ninguém, muito menos o seu, eu não preciso! Então terminar sozinho, vai ser lucro pra mim.  

Marlene: Sai daqui agora, Ítalo! Anda logo! — gritou apontando.

Vilão: Tu começa a falar e não aguenta? Qual é, quem começou foi você.

Marlene: Sai, eu não quero mais escutar a sua voz aqui perto de mim, anda! — ela me olhou séria.

Mente de Vilão Onde as histórias ganham vida. Descobre agora