Primeiro encontro que não é bem um encontro (parte 3) - Alistair

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"You're the coffee that I need in the morning
You're my sunshine in the rain when it's pouring
Won't you give yourself to me?
Give it all, oh
I just wanna see

I just wanna see how beautiful you are
You know that I see it
I know you're a star
Where you go, I follow
No matter how far
If life is a movie
Oh, you're the best part, oh"

Best Part/Daniel Caesar(feat. H.E.R)

Observo-a de relance, ela está assistindo o filme com um sorriso enorme. Ela está feliz. E eu amo tando vê-la assim.

Seguro sua mão e sinto seu olhar pousar em mim, mas continuo assistindo. No filme, a Elizabeth acaba se encontrando com o Darcy e os dois estão encharcados. Sorrio, esse é uma das cenas favoritas da Bunny, então me viro para assistí-la.

– Venho lutando em vão, não mais posso suportar, esses meses passados tem sido um tormento... – Repete ela recitando de cor a fala do Darcy, falando baixinho para que só eu posso ouvir.

Ela tem o costume de decorar as cenas de seus filmes favoritos e eu adoro quando ela faz isso, ela fica tão fofa.

– Vim a Rosings com o objetivo de vê-la, tinha que vê-la... luto contra meu bom-senso, as expectativas de minha família, a inferioridade de seu nascimento, minha posição e estas circunstâncias, mas estou disposto a colocá-las de lado e pedir que dê um fim a minha agonia...

Ela diz em um fôlego só, com um brilho maravilhoso nos olhos.

– Eu não compreendo... – Ela repete a fala de Elizabeth.

– Eu a amo... – Falei, ao mesmo tempo que o Darcy por puro impulso. – Ardentemente.

Bunny virou-se para mim, com o rosto vermelho. Percebi então o que tinha feito.

– O que... você disse?

Me xinguei mentalmente por ter sido tão burro. Não era assim que eu planejava me declarar.

– Essa é a fala do Darcy... não é? – Eu disse, estupidamente, sem saber o que eu deveria falar.

Por mil raios. Por que eu tinha que estragar tudo? Que raiva!

– Ah, claro... – Ela diz desviando o olhar. – Parece que você já decorou a fala dele... – Ela acrescenta com um sorriso tímido.

– Claro que sim. É um das suas declarações de amor favoritas... – Comentei e ela corou. – Já ouvi você recitá-la várias e várias vezes. – Acresceitei rapidamente, me odiando cada vez mais.

– É que... é eu amo esse filme de verdade e essa cena é clássica, sabe? – Ela tenta se justificar, com um pouco de vergonha.

– Sim... sim, eu sei. – Respondi rápido e ela ficou ainda mais vermelha.

Não entendi por que ela desviou o olhar e voltou a prestar atenção no filme, será que eu falei algo de errado? Será que... ah, não! Eu falei outra fala do Darcy sem querer! Mas por todos os céus! Será que eu tirei o dia pra dar uma de sr. Darcy?!

Escondi o rosto nas mãos por um breve momento. O que raios estou fazendo da minha vida? Eu falei pra minha melhor amiga que a amo sem querer e dei uma desculpa extremamente esfarrapada, bem na noite que eu iria declarar meu amor por ela. Sinceramente, eu me odeio.

Voltei minha atenção para a tela e soltei sua mão, com minha mente longe. Tentei me concentrar na cena que se seguia, quando a Elizabeth rejeita o Darcy e ele quase a beija. E eu nunca entendi ele tão bem... eu consegui perceber todo o desejo que ele sentiu em beijá-la, como ele mostrou isso com só um olhar. E bom... me deu gatilho pra fazer o mesmo.

Mas tenho que me controlar... não posso fazer isso. Não posso beijá-la, não importa o quanto eu queira...

Passaram-se alguns minutos e o filme avançou várias cenas. Em certo momento senti a necessidade de segurar a mão dela outra vezes tão, então o fiz. Ela não recuou sob meu toque, então considerei isso com uma vitória.

Ouvi uns risos abafados nos assentos de trás, mas eu não dei atenção. Estava ocupado demais observando a Bunny.

Em certo momento, eu percebi que tinha me aproximado um pouco mais e ela percebeu, pois virou-se para me encarar. Por um momento pensei seriamente em beijá-la e até me inclinei para fazê-lo.

– BUNNY!! ALISTAIR! VOCÊS POR AQUI?! – A voz de Kitty soou alto pela sala de cinema e nós nos afastamos rapidamente.

Olhei para trás e lá estavam elas, Kitty, Maddie e Lizzy. Lancei-lhes um olhar mortal, para demonstrar o quanto estava bravo pela interrupção. Apenas Lizzy e Maddie pareciam estar constrangidas pelo comportamento de Kitty. Me pergunto há quanto tempo elas estão aí.

– Ah, olá. – Disse Bunny, extremamente corada. – Não sabia que vinham para o cinema também.

– Pois é, a gente também não. – Respondeu Maddie e levou um cutucão de Kitty nas costelas.

– Pelo jeito parece que estão aproveitando o filme. – Ela disse indiscreta.

– É... esse é o meu filme favorito. – Se justificou Bunny, visivelmente constrangida pela pouca discrição da Kitty.

– Me admira que vocês estejam aqui... justo hoje. Desde quando você gosta de Orgulho e Preconceito, Kitty? – Pergunto falando pela primeira vez.

– Gosto de quê? – Indagou ela, com as sobrancelhas erguidas.

– De Orgulho e Preconceito. O filme que está passando.

– Ahh... desde... muito tempo. Sabe? – E quando ela piscou para mim, pude compreender que ela não falava do filme.

Alguém próximo a nós, fez um "shhhhh" barulhento. Pedindo para fazer silêncio e nós o fizemos.

Virei-me para frente outra vez e voltei a assistir o filme, extremamente frustrado. Que raiva. Conseguiram estragar o meu encontro que nem sequer era um encontro.

☆        ☆         ☆

Quando o filme chegou ao fim, acompanhei não só a Bunny para casa mas também Maddie, Kitty e Lizzy. A caminhada só não era mais silenciosa porque Kitty ficou tagarelando sobre alguma coisa que eu não dei atenção.

Chegamos ao dormitório das meninas e me despedi de Bunny, que ainda estava com vergonha do que tinha acontecido antes, me deixando arrependido por ter deixado ela tão sem graça. Ela subiu para seu dormitório acompanhada de Maddie e Lizzy, me deixando a sós com Lizzy.

– Você precisa ser mais rápido se realmente quer ficar com ela. – Disse Kitty com um olhar distante.

– O quê?

– Você é muito lerdo. Não percebeu que ela gosta de você? – Ela me encarou com um olhar de julgamento. – Até eu já percebi e olha que eu não gosto de estar errada. Tome logo uma atitude ou vai se arrepender por demorar demais. – Ela deu dois tapinhas nas minhas costas antes de se virar para entrar.

– Eu ia tomar uma atitude, mas você atrapalhou. – Disse fazendo com que ela se virasse.

– Ainda não era a hora certa. – Ela deu um sorriso maroto como se soubesse mais do que eu sobre o que eu sentia.

Ela desapareceu e me deixou sozinho do lado de fora, sem entender o que ela quis dizer com "ainda não era a hora certa".

 Destinos Escritos - Você escreve seu destino Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon