Vida nem tão perfeita - Apple

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Música tema do capitulo: Brutal, Olivia Rodrigo.

Acabei de ter uma conversa com a minha mãe. Ela quer saber porque meu nível de popularidade está tão baixo e o que eu posso fazer para mudar isso. Eu disse para ela que dei a ideia para criar o FPS, mas ela quer resultados. Quer que eu volte a ser a mais boazinha da escola. E eu disse que ia tentar.

Eu sei que ela só quer o meu bem, mas essa cobrança dela está me matando. Eu tô cansada de ser tão perfeita, porque eu não sou. Poxa, eu nem sei mais qual é o meu destino! Me sinto perdida e não tenho com quem desabafar. Claro que tenho muitas amigas, mas quem entenderia?

Fui para a aula seguinte, que era princesologia, e esperei ansiosamente para ouvir o sinal tocar. Eu estava bem triste, mas coloquei o meu melhor sorriso no rosto e adivinha? Ninguém notou que eu não estava bem.

Após a aula fui para a biblioteca e almocei lá. Eu queria ficar sozinha parar colocar tudo em ordem. Enquanto comia, aproveitava para ler e estava tão entretida que demorei a notar que alguém estava sentado à minha frente.

- Apple, você está bem? - Perguntou Darling, observando-me com o cenho franzido.

- Estou. - Respondi, dei um sorriso forçado - Estou ótima! Por que eu não estaria?

- Você esteve muito mais quieta na aula de princesologia e eu mal te vi sorrir. O brilho dos seus olhos se apagou. - Ela estava preocupada - O que houve?

Não respondi de primeira, desviei o olhar, sabia que se a encarasse eu iria chorar. Mas fiquei surpresa, como a Darling reparou tudo isso, nós nem somos tão próximas e nem minha melhores amigas notaram? Ainda com essa dúvida contei a ela sobre a conversa que tive com minha mãe.

- Minha mãe insiste em dizer que a bondade só vale a pena quando reconhecida. - Contei, olhando para baixo - Ela diz que eu sou boa, mas que devo ser perfeita como ela é. Mas caramba! Eu não sou perfeita. Eu nunca fui perfeita. E nunca serei.

Meus olhos encheram de lágrimas, estava prestes a chorar, olhei de relance para Darling, ela parecia compreender de alguma forma, pois me deixou continuar falando.

- Aos dez anos eu planejava governar um reino e ser a melhor rainha que já existiu. Sete anos se passaram e eu não cheguei nem perto disso. Eu só não imaginava me sentir tão sozinha e perdida. Eu já nem sei qual o meu destino. Na verdade, acho que nunca gostei muito do meu destino, só o aceitei por causa da minha mãe... Eu já não sei mais...

- Você sempre se sentiu assim ou só depois de descobrir... bem... que o Daring não é seu príncipe? - Perguntou ela, tocando num assunto que era bem desconfortável pra mim.

- Acho que sempre senti isso, mas ignorei até... até ele não ser capaz de me acordar...

Mantive o olhar fixo no chão, pensando em como a minha vida desandou por completo.

- Enfim, eu tô tão cansada de fingir que sou perfeita. Eu odeio a forma como sou interpretada, afinal, olha pra mim. Como você me vê? Me veem como uma princesa boazinha e irritante (pelos menos é o que dizem). E pra minha sorte, utimamente tenho sofrido de estresse, porque amo pessoas que não gosto. Não sou interessante, não sei quem sou e não sei fazer nada direito! - Desabafei, num só fôlego.

Escondi meu rosto nas mãos, derramei poucas lágrimas e fiquei feliz por não ter que ver o olhar de pena da Darling. Ela não disse nada por alguns segundos, segurou minha mão gentilmente.

- Olha Apple, nunca imaginei que te diria isso, mas você não é obrigada a seguir seu destino. Não precisa seguir os passos da sua mãe. Veja a minha história: Eu estava destinada a ser uma donzela indefesa, só que eu me tornei meu próprio cavalheiro de armadura.

Levantei a cabeça, surpresa, vi o quão compassiva e decidida ela era. Continuei escutando-a, desta vez com mais atenção. Talvez ela estivesse certa.

- Grande parte do que você disse é insegurança... poxa, durante todos esses anos você criou uma imagem idealizada de si mesma e tentou segui -la a todo custo e esqueceu de amar quem vocé é. Porque Apple, você é estraodinária. E eu não preciso da aprovação da sua mãe ou dos outros pra saber disso.

Senti meu lábios se curvarem em um sorriso. Ela sabia usar as palavras como ninguém. Decidi secar minhas lágrimas e não consegui formular uma frase decente pelos próximos segundos. E Darling viu nisso um sinal para ela continuar falando.

- Tente ser você mesma e faça algo que VOCÊ quer, não que os outros querem. O amor próprio começa aí. - Seu sorriso se alargou, mostrando suas covinhas.

Darling ficou ali me fazendo companhia, não disse mais nada e eu também não. Isso me fez ter uma ideia fantástica!

- Darling! Já sei como resolver esse problema: vou dar uma festa do pijama para todas as meninas!

- Mas Apple... você tem que parar de querer aumentar sua popularidade...

- Não por isso! - Interrompi, eufórica - Mas porque vai animar todas as garotas e vai ser tão divertido! -Me levantei e coloquei a mochila nas costas - E além do mais, vai ser uma oportunidade pra eu ser mais eu mesma. Você me ajuda a organizar?

- Claro! Tô aqui pro que precisar. - Respondeu, também se levantando.

Dei um pulo e a abracei, sussurrei um "obrigada" somente para ela ouvir. Então agarrei o braço dela e começamos a ir para a próxima aula, passamos o trajeto conversando e discutindo sobre a festa.

Passamos o resto do dia conversando sobre isso, e eu me senti mais próxima dela do que nunca. As palavras de Darling tocaram meu coração de uma maneira que nem a mais perfeita poesia conseguiria.

Vou dar a melhor festa que Ever After já viu! Estou decidida. E não farei isso pela minha mãe, ou pela popularidade. Farei isso por mim mesma e somente por mim. As meninas não perdem por esperar.

 Destinos Escritos - Você escreve seu destino Where stories live. Discover now