08| Cry Of Supplication

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Narrador

Brooklyn, Nova York.
Nove e quinze da noite.

Amy estava naquele beco escuro a duas horas. Sem água. Sem comida. Sem forças para fazer qualquer coisa, qualquer mínima coisa. Ela só sabia chorar e chorar, era como se todos aqueles anos em que seu próprio pai a rejeitou e ela nunca entendeu o motivo, tivesse doendo agora tudo de uma vez e da pior maneira possível.

Ter enfrentado o seu pai pode ter sido algo burro visto ao olhos de outras pessoas, mas ao olhos de Amy foi a melhor coisa que ela poderia ter feito no momento atual que sua vida está. Amy precisava ouvir da boca do próprio pai tudo que sentia por ela, todo o desprezo e ressentimento que ele criou pela a filha quando ela ainda era uma pequena bebê, só por causa que seus caprichos não foram atendidos pelo o universo e o destino. Amy estava com raiva, além disso também estava muito triste, ela queria poder estar no colo de sua mãe agora recebendo amor, carinho e conforto e não em um beco escuro sozinha, triste e desolada. Ela queria só ser amada de verdade por alguém.

Bem perto dali, Scarlett parava sua moto para não acabar sofrendo um acidente de trânsito, já que a mesma estava em velocidade bastante elevada e podia se machucar ou tomar uma multa da polícia. E ela definitivamente não queria isso. Scarlett apoiou a cabeça na moto e tardou a chorar por tantas dores que tem que carregar sozinha, mesmo tendo Edward como seu ombro amigo com quem ela pode dividir essas dores. Quer dizer, isso foi a um tempo atrás. Edward agora que está em um quase relacionamento com Brian não está dando tanta atenção a sua amiga e nem sendo um amigo muito presente na sua vida. Scarlett fica chateada, porquê ele é o único na cidade que gosta mesmo dela e se preocupa com ela. O resto das pessoas só a suportam.

Scarlett ali sentada na sua moto, chorando baixinho e com medo de morrer por ser um lugar perigoso, só sabia pensar em quando ela iria ser amada de verdade ou quando alguém iria aceitar ela verdadeiramente e de peito e coração aberto. Ela só queria alguém para a dar um colo. Só isso.

- Merda de vida. Merda de cidade. Merda de pai! - Scarlett pôde ouvir uma voz chorosa próxima aonde ela estava, o que a fez suspirar, por saber que ela não era a única com problemas ali naquele mesmo lugar.

Desceu da moto e caminhou devagar pelo o beco entrando em outra parte do beco e vendo Amy, sentada no beco de cabeça baixa chorando muito. Ela parecia desolada demais. O que levou Scarlett a um questionamento: o que aconteceu com ela? Ou o que fizeram com ela?

- Amy... está tudo bem? - perguntou vendo ela levantar a cabeça e a olhar com uma expressão brava. Acho que ela não gostou muito de ver Scarlett por aqui.

- Ah, era só o que me faltava. Scarlett Johnson, a garota que fez o meu primeiro dia de aula ser o mais esquisito possível, me viu chorando jogada em um beco quase escuro. - se levantou e caminhou até uma bicicleta, que Scarlett julgou ser dela. - Não me siga, nem fale nada comigo sobre isso. Isso aqui que você viu não aconteceu, ok? - disse por fim, indo embora dali, deixando Scarlett confusa.

Ela parecia precisar de ajuda sentada no beco chorando daquele jeito, mas por que não aceitou a ajuda de Scarlett? Ou melhor, por que reagiu de maneira tão ríspida com Scarlett? Scarlett se perguntou isso logo após que a mais nova saiu, e então chegou a conclusão que era por causa do que disse sobre a sexualidade dela ter a ver com a sua admiração de fã pela a Taylor Swift. E então Scarlett riu, pensando então que era melhor consertar aquilo se quisesse não ter mais alguém a odiando naquela escola. Principalmente porque Amy parecia ser bem... interessante, ao olhos de Scarlett.

( ... )

Amy estacionou sua bicicleta do lado de fora de casa e suspirou antes de entrar em casa e ter que lidar com aquela realidade terrível que viveria todos os dias a partir daquele dia em diante, ela não estava pronta para isso, mas estava se esforçando a pelo menos fingir bem.

Abriu a porta de casa torcendo não ver seu pai e principalmente seu irmão, já que por ele ser uma criança iria fazer muitas perguntas por causa dos gritos dentro de cara. Ela não saberia como omitir tudo para seu irmão, ela não queria fazer isso. Mas infelizmente Peter e Adam estavam na sala assistindo desenho animado, enquanto Peter tinha uma expressão triste no rosto. O motivo era a gritaria de horas atrás dentro de casa e o sumiço repentino da irmã mais velha, após ela ter dito que brincaria com ele e então ter sumido quando ele voltou.

Quando viu Amy passar pela a porta, saiu correndo do sofá ao lado de seu pai e foi até a irmã a abraçando forte, como se ela estivesse fora a meses. Enquanto Amy apenas suspirou e tentou manter a calma para lidar com a situação.

- Maninha! - apertou ela forte, como se fosse a única coisa que ele poderia fazer na vida. - Você está bem? Por que sumiu de repente? - perguntou curioso, vendo ela sorrir para o mesmo.

- Eu estou bem, Peter. Só fui andar um pouco. A irmã passou mal e queria respirar um ar fresco. Só isso. - mentiu olhando para Peter e desviando o olhar para Adam, que mantinha a carranca de sempre. Sem falar nada, com expressão brava.

- E os gritos? Ouvi gritos. Muitos gritos. - perguntou fazendo Amy suspirar. Ela estaca ficava encurralada. E Peter cada vez mais curioso e com medo do que poderia ser.

- Eu já disse que foi só uma barata, filho. Sua irmã viu uma barata e saiu gritando pela a casa, até eu matar ela. - ditou Adam, fazendo Peter intercalar o olhar entre os dois.

- E foi por causa da barata que passou mal? - perguntou para Amy, que assentiu.

- Sim, exatamente isso. - sorriu. - Não precisa se preocupar, está tudo bem! - proferiu vendo Peter assentir sorrindo.

- Ok então. Eu vou para a cama. Boa noite! - disse sorridente subindo as escadas, enquanto Amy suspirava aliviada por ele ter acreditado. O que ela menos queria era que seu irmão tivesse medo de estar na própria casa, assim como ela estava tendo.

- Espero que mantenha Peter fora dessa história. Seu irmão não tem nada haver com isso. - disse Adam, fazendo Amy rir em tom de deboche.

- Diferente de você, eu nunca iria querer machucar ou acabar com o psicológico do meu irmão, Adam. - disse então por fim, saindo dali e indo para o seu quarto, onde Amy tomou banho e preferiu ir dormir sem comer nada para não ter que passar na sala e ver seu pai novamente.

( ... )

Scarlett suspirou fundo e saiu de cima da sua moto, caminhando até a porta de entrada da casa de Edward. Ela tinha tomado coragem para ir ver o amigo e quem sabe ganhar um colo naquela noite triste, mesmo sabendo que as chances de Brian estar lá eram enormes. Ela tinha que tentar pelo menos.

Bateu na porta e esperou Edward abrir. Quando Edward abriu a porta, estava com o abdômen descoberto e o cabelo bagunçado e Scarlett logo imaginou o que estava acontecendo e desistiu por ali da ideia de ir atrás do amigo naquela noite. Mas pelo menos precisava dizer um "oi" a ele.

- Oi Ed... está ocupado né? - o olhou de cima a baixo, vendo Edward rir da mesma.

- Estava. Brian saiu daqui a uns cinco minutos. Precisou ir para casa cuidar da mãe doente. - disse fazendo Scarlett respirar aliviada, podendo então soltar as lágrimas que estava prendendo desde do trajeto até a casa de seu amigo, vendo Edward se preocupar de imediato com ela. - Oh minha florzinha, o que houve? - puxou a amiga para um abraço, vendo ela chorar mais ainda.

- Eu preciso de um colo, Edward. Eu preciso que me deixe passar a noite aqui. - disse entre o choro, fazendo Edward suspirar a dando um beijo no topo da cabeça.

- Tudo bem, meu anjinho. O Ed vai cuidar de você hoje. - a puxou para dentro de sua casa e fechou a porta, a levando para o sofá e deitando a cabeça dela no seu colo, onde Scarlett chorou por meia hora sem falar uma palavra sequer.

Depois de tanto chorar, Scarlett explicou que sua mãe a fez uma daquelas visitas nada agradáveis e a lembrou que no final do ano a escola acaba e a estadia dela na casa também. Contou também que isso acabou por desencadear uma crise depressiva na mesma, o que não acontecia a bastante tempo. Edward deu suporte e carinho para a amiga e se desculpou por estar tão ausente, ele nem se deu conta do afastamento e do quanto ela precisava dele muito mais do que Brian, e prometeu que agora seria diferente, que iria estar ao lado dela como antes e cuidaria dela sempre que preciso.

Após a conversa franca, Scarlett e Edward foram jogar videogame durante a noite e aproveitaram para assistir a alguns filmes juntos. E quando foi por volta das cinco da manhã, foram dormir e descansar daquele sábado cheio de acontecimentos.

Meu Primeiro AmorOù les histoires vivent. Découvrez maintenant