Capítulo 13 - Pequeno Príncipe

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13 de Setembro de 1992

"Pequeno Príncipe"


Harry não conseguia, nem que quisesse os olhos de si no espelho. Detestava tudo que estava vendo. Seus olhos verdes, já não tão brilhantes quanto estavam na noite anterior, percorriam as cicatrizes e marcas espalhadas pelo seu torso, as seguiam como se fossem instruções de um mapa cheio de pontinhos. Chegava ao rosto e o grande X em sua bochecha, a marca em seu lábio superior e a sua cicatriz em forma de raio.

Sua postura estava terrível – do jeito que Draco e Faw sempre reclamavam e pediam para arrumar – seus ombros estavam caídos e olheiras profundas estavam marcadas embaixo dos seus olhos cansados. Era deplorável.

Ele se curvou mais para perto do espelho, se apoiando na pia de mármore escuro para não escorregar. Abriu bem a boca, virando o rosto de um lado para o outro e julgando suas mais novas e brilhantes presas.

Suspirou, vendo o vidro a sua frente embaçar por sua respiração e se afastou, passando as mãos pelo cabelo. Já era difícil o suficiente fingir normalidade em ter o corpo repleto de cicatrizes, caninos sobressalentes aparecendo de repente só deixariam as coisas mais difíceis.

Ele se arrastou até a cama de Draco quando terminou o banho e ignorou totalmente quando Malfoy reclamou sobre ele estar deitando em sua cama com o cabelo molhado. Entrou debaixo dos quentinhos cobertores e apoiou a cabeça em um, dos muitos, travesseiros de Draco.

— Sério, Harry. Seque o cabelo. Vai deixar meu travesseiro encharcado!

— Não quero – Harry resmungou, afundando o rosto no travesseiro. Sentiu seu óculos entortar completamente — Fala baixo. Vai acordar os meninos.

— Pare de ser insuportável e seque o cabelo – Draco insistiu, fechando o seu livro e balançando Harry de um lado para o outro.

— Draco, eu estou cansado – Harry resmungou, impaciente.

— Se não for por bem, vai ser por mal – Draco provocou. Harry levantou o rosto e o olhou com uma expressão desafiadora.

— Quero ver você tentar.

Draco o olhou com uma das sobrancelhas arqueadas e um sorriso maldoso no rosto antes de puxar rapidamente a própria varinha de cima de sua cômoda e apontar para Harry, que em uma tentativa falha de escapar, desequilibrou da cama e caiu no chão, levando uma parte dos lençóis e um travesseiro com ele.

— O que está fazendo?

Ventus – Fez um leve movimento em espiral com a varinha e uma rajada forte de vento atingiu o rosto de Harry, que segurou os óculos no rosto. Quando finalizou o feitiço, Malfoy soltou uma risada gostosa enquanto apontava displicentemente para o cabelo de Harry, que estava todo para cima e espetado em todas as direções possíveis. Sua cicatriz em forma de raio aparecia completamente.

— Achou engraçado, não é? – Harry perguntou, ficando de pé e o olhando sério. Abriu um sorriso maroto e pegou o travesseiro do chão.

— Não, não – Draco disse, deixando a varinha de lado e pegando um travesseiro — Potter, não se atreva. Meu cabelo não.

Harry sorriu, erguendo mais o seu travesseiro antes de acertar bem no rosto de Malfoy. Eles começaram uma guerra – que deveria ser silenciosa, mas não foi tanto assim – até que cansaram e estavam ofegantes demais para continuar.

— Seu cabelo está uma bagunça – Malfoy comentou com um risinho mal segurado no rosto enquanto arrumava a cama.

— Meu cabelo é bagunçado.

Blood Moons - Segundo LivroWhere stories live. Discover now