1 - Um novo propósito

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As pessoas raramente notam pequenos detalhes valiosos à sua volta quando estão mais preocupadas em chegar a tempo ao trabalho escravo que os prende

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As pessoas raramente notam pequenos detalhes valiosos à sua volta quando estão mais preocupadas em chegar a tempo ao trabalho escravo que os prende.Ou com seus telefones em mãos que, por vezes, estão eufóricos enquanto discutem algo irrelevante com a pessoa do outro lado da linha.

Ninguém vê ou muito menos se preocupa com o que está bem ali na sua frente. Assim como aquele artista de rua do outro lado da calçada,cantando lindamente uma canção popular enquanto pessoas apenas passam reto ou jogam algum dinheiro no pote como se fosse esmola.

Fazia 20 minutos que eu o observava sentada próxima ao local. Sentia inveja pela sensação de liberdade estampada em seu rosto enquanto soltava a voz sem se preocupar com qualquer opinião alheia. O jovem rapaz de pele escura vestindo um chapéu marrom claro e roupas tropicais emanava alegria e tranquilidade. Era satisfatório assistir seu show,aquele que acontecia toda sexta à noite na avenida mais movimentada de Nova York.

Em um suspiro triste me levanto e caminho em sua direção,meus ouvidos zumbindo quando o barulho da caixa de som fica mais alta. Deixo uma quantia para ele,o máximo que minha carteira pobre permite, recebendo um olhar de gratidão de volta enquanto sorrio suavemente.

Agora sentada no banco gelado do metrô,pensava em como a internet poderia ser mentirosa em relação à aquela cidade. A maioria pensa que tudo é repleto de beleza, modernidade e segurança quando na verdade não chega nem perto disso.

Continuo de cabeça baixa para evitar o olhar do drogado que está bem na minha frente,algo comum de acontecer nos metrôs daqui. O melhor que você pode fazer é ficar quieta e o ignorar o máximo possível.

Semana passada uma garota que claramente não era daqui havia enfrentado um igual,incomodada com o olhar constante em cima de si.Mas se arrependeu no mesmo instante quando o rapaz se levantou e começou a gritar coisas desconexas enquanto andava de um lado pro outro e ,por vezes, ameaçando bate-la. Sorte a dela que seu ponto de parada estava muito próximo quando isso aconteceu,e a pobre garota saiu correndo assim que as portas automáticas se abriram.

A voz no alto falante anunciando minha parada me fez respirar aliviada,desesperada para sair daquele ambiente e longe da vista do cara a minha frente. Quando as portas se abriram meus passos se misturaram com os da centenas de pessoas que estavam ali. Andei apressada para fora das estações,uma rajada de ar frio cortando a pele do meu rosto.Felizmente a faculdade era próxima, então foi apenas 10 minutos para chegar até lá.

Atravessei o grande campo verde até chegar na entrada,vários alunos passando por ali. Fui diretamente até a sala,ciente de que já havia começado e isso estava fazendo minha pele coçar com a sensação de vários olhos mirando em mim assim que eu abrisse a porta.

Aconteceu exatamente isso, porém,abaixei a cabeça e andei rapidamente para algum asseento mais ao fundo enquanto a voz aguda do meu professor soava. Abri minha mochila e tirei o material,pousando-os na mesa.

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