Capítulo II - Penumbra

90 8 44
                                    


Tenham uma ótima leitura :-)

_____________________________________

Petrificado como uma estátua achava que os olhos lhe mentiam. O corpo daquela mulher sequestrava-lhe as palavras. Um trovão forte rosnou no céu tempestuoso e com toda força que tinha, Ohali empurrou o cadáver para ao lado pulou do contentor e correu. Quase que foi atingido com um enorme ferro que se partiu do telhado e levantou uma cortina de poeira. Teve um ataque de tosse por instantes e mal podia enxergar. Fechou olhos e ergueu os braços até face para traspassar a pequena tempestade de poeira que se formara. Quando saíu do compartimento onde estava aventurou-se a enfrentar o pequeno pântano, porém quanto mais corria mais as poças de lama puxavam-no para baixo.

- Socorro! - gritou quando caiu, ficando todo enlameado.

Ohali caia cada vez que tentava pôr-se em pé, parecia que a chuva e as trepadeiras daquele lugar armavam encarcerá-lo, porém, depois das vãs tentativas de se levantar decidiu engatinhar até alcançar a saída. Os relâmpagos serviram-lhe de lanterna enquanto ele tacteava o chão lamacento.

- Irina?! - Gritou quando pareceu-lhe ver a silhueta da mãe, mas os clarões evidentemente o mostraram que estava alucinar.

- Irina! Mãe por favor ajuda-me! - gritou chorando. Mas como podia a tempestade ter pena dele? A própria chuva ocultava as suas lágrimas! Se o Ohali estivesse a chorar ou não, ninguém poderia saber. Ohali continuou a gritar pois era mais fácil acreditar numa ilusão do que encarar a realidade de que ninguém estava lá para o ajudar.

Como reposta aos seus desesperados gritos só havia os trovões incessantes. Quando ele menos esperava os clarões iluminaram de uma tal maneira que ele conseguia ver a passagem e tudo a sua volta. Enfiou-se na abertura, por instantes ficou preso - o corpo rechonchudo não ajudava decerto. Fez um grande esforço até que o arame rasgou boa parte da sua camisa. Por fim conseguiu escapar e rumou a sua casa.

Acelerou os passos e chegou finalmente ao quarteirão próximo da sua casa. No extremo da sua correria
tropeçou e cambalhotou contra uma das casas causando um estardalhaço.

Uma senhora abriu a porta olhou-o dos pés à cabeça e reconheceu o rostinho pálido e assustado de Ohali.

- Entra filho - disse a mulher.

- Obrigado! - respondeu Ohali aos soluços.

- Senta-te filho.

- Humbita, traga uma toalha por favor - disse.

Depois de o terem secado e cuidado dos ferimentos. Ohali, cabisbaixo, aconchegava-se na manta enquanto bebericava o copázio de chá de camomila que o ofereceram tentando não encarar os olhos da senhora e da filha
que o olhavam fixamente a espera de explicações.

- Beba mais filho - Disse a Sra. São quebrando o silêncio. - Vai acalmar-te.

- Que fazias lá fora com essa tempestade? - indagou Humbita.

Ohali fitou o chão e depois a ela e não respondeu.

- Ouça filho, se não quiseres falar está tudo bem não vamos...

- Eu só estava a fazer um recado aqueles tontos é que sempre querem me bater agora não tenho, Irina vai me... E depois aquele lugar... Aquela mulher...

- Calma filho - disse a Sra. São acariciando-lhe o ombro. - Ninguém vai te machucar.

- Que lugar? Que mulher? - perguntou Humbita intrigada. Ela observou muito bem como as pupilas do rapaz se dilatvam e como a pele ficava arrepiada a cada palavra que dizia.

OhaliTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon