- Bom dia, Luiza. – Joana buscou uma xícara, depositou o café quente e sentou-se em um banco ficando de frente para mim. – O que aconteceu desta vez?

- Não imagina? O comportamento mudou, carinhoso e prestativo, uma peça teatral trágica e violenta. – Sorri em desgosto diante de minhas palavras. Desgosto e vergonha. – Tudo se multiplicou quando me questionou sobre uma conversa que tive com Duda ontem a noite e acabei citando o famoso "nome proibido". – Ela me observava de forma interrogativa e logo, entendi o que realmente desejava saber. – Ela vai voltar, Joana. Está voltando para Miami.

- Realmente, esta é uma notícia de peso. – Joana era minha maior confidente dentro desta casa, por esta razão, sabia de minha história e sentimentos pela mulher. Sabia tudo o que havia passado quando seu nome se fazia presente em meu casamento. – Não consigo imaginar qual foi a reação, mas, julgando por toda maquiagem que está usando, me pergunto o que posso fazer para ajudá-la.

- Não quero envolve-la em meus problemas. – Toquei sua mão que repousava sob o balcão que nos separava e lhe abri um sorriso singelo e sincero. – Às vezes, me questiono se algum dia poderei ser feliz... – Suspiro fortemente.

- Claro! Infelizmente está em uma situação difícil e complexa, que em determinados momentos possa parecer impossível de escapar e respirar, mas, não existe uma pessoa com tão nobre e bonito coração como o seu, Luiza. Tenho certeza que vai sair dessa, sabe que tem a sua família, amigos e uma velha senhora ao seu lado. – Joana se levantou do banco em que estava, se aproximou e me presenteou com os melhores abraços. – Todos nós estamos aqui por você e seu pequeno...não sinta vergonha ou incapaz. Merece viver, ser feliz e conseguir o amor. – Naquele instante segurou meu rosto entre suas mãos e declamou. – Como sempre lhe disse, um dia ela voltaria e quem sabe, possam viver tudo o que negaram anos atrás.

- Obrigada, Joana.

- Por nada, minha menina. – Ela secou minhas teimosas lágrimas, se afastou por breves minutos e retornou com meu celular em mão e estendeu o aparelho em minha direção. – Ligue para a senhorita Eduarda, esqueça o trabalho e converse com ela, irá lhe fazer bem.

Decidi seguir o conselho de Joana, não estava em ótimas condições para o trabalho e ficar um tempo com minha amiga seria a melhor de todas as decisões. Enquanto apreciava meu café, combinei com Duda de encontrá-la em sua casa, ela estava trabalhando em um novo projeto e fazia questão de minhas opiniões sobre os mais variados detalhes. A chegada da arquiteta em minha vida, havia aplacado o vazio deixado por Valentina, nos conectamos instantaneamente e confiamos uma na outra cegamente.

Convidei Joana para um passeio, minha mãe sentia saudade de conversar com minha governanta e como buscaria Léo para também levá-lo para casa de minha amiga e assim, brincar com sua filha, gostaria que Joana também relaxasse após todo o alvoroço que se fazia presente em minha casa. Algo que ela topou e comemorou. Não importa quais seriam os rumos de minha vida, levaria essa doce mulher comigo para qualquer canto do mundo, tinha muito o que aprender com ela. Me fazia sorrir, contava histórias de sua própria família, paqueras e o que aprendeu durante sua jornada. Meu filho amava sua "vovó Joana", que nunca o deixou sozinho e possuía todos os abraços aconchegantes do mundo, suprindo a falta de carinho do pai com o meu menino.

Após alguns minutos, estaciono o carro em frente a casa de meus pais e verifico minha imagem no espelho retrovisor. Meu filho, mãe e irmã, não poderiam suspeitar do que acontecia em quatro paredes em minha casa. Depois da rápida inspeção, caminhei com Joana ao meu lado e adentramos o espaço da linda residência familiar, possibilitando que ouvíssemos algumas risadas e gargalhadas no jardim. Observar meu pequeno correndo pelo gramado junto de minha irmã sendo observado pela avó, aquecia meu coração, por entender que ele era amado e estava alheio a qualquer maldade a aflição.

Never Be The Same - ValuWhere stories live. Discover now