Capítulo 8

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Eu te afundei no trabalho e no diário do vovô, eu queria ser o cara que cuidaria da Stone, eu sabia que eu poderia ser esse cara e essa certeza me fazia querer focar cada dia mais e assim dias foram se passando e esses dias se tornaram semanas e e...

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Eu te afundei no trabalho e no diário do vovô, eu queria ser o cara que cuidaria da Stone, eu sabia que eu poderia ser esse cara e essa certeza me fazia querer focar cada dia mais e assim dias foram se passando e esses dias se tornaram semanas e essas semanas meses, metade do meu prazo já tinha se passado até hoje e eu ainda não tinha encontrado nada no diário que poderia me ajudar e na empresa eu continuava fazendo o meu trabalho com exímio como sempre fiz. Eu estava concentrado na leitura e avaliação de um novo projeto quando o telefone da minha mesa tocou.

— Luis Henrique. - Falei já tendo ciência que era a minha secretária.

— Então eu ainda tenho um filho? - Diferente do que eu pensei foi a voz da minha mãe que eu ouvi do telefone - Quero falar com você a sua secretária disse que você não queria ser interrompido. Eu pouco me importo com o que você quer ou deixa de querer, eu vou entrar Luis Henrique.

Ela desligou na minha cara sem me dar chances de resposta e logo a porta da minha sala foi aberta e minha mãe passou por ela. Eu me levantei da cadeira e fui até a que ela iria se sentar para puxar para ela.

— Oi mãe. - Cumprimentei quando ela chegou até mim.

— Oi Rick - ela falou puxando minha orelha - Isso é para você aprender que ainda tem mãe e pai. Como você está querido?

— Bem, com muito trabalho. - Falei indicando para ela minha mesa.

— Metade desse trabalho poderia ser delegado que eu sei, mas você prefere perder sua vida aqui a fazer isso.

— Eu não estou perdendo minha vida. - Falei.

— Não? - Falou me olhando com aquele olhar que me dizia que ela estava certa e eu errado.

— Eu sei que estou focado, um pouco além do normal, admito, mas mãe, eu estou me esforçando para chegar aonde sempre sonhei. – Falei.

— Seu avô sempre falava uma frase que eu só entendi quando seu pai me explicou do ponto de vista dele, depois de me encontrar grávida do Lucas, a frase dizia mais ou menos assim "cada um tem a vista da montanha que decidiu escalar", a hora que você chegar lá em cima, isso é se tudo correr bem, você me conta se valeu a pena ou não ter escolhido escalar essa montanha. – Ela terminou de falar e já foi se levantando da cadeira. – Bom, eu já vi que você está vivo então posso seguir fazendo o restante das minhas coisas em paz.

— Você já vai? – Perguntei.

— Já, eu tenho que terminar de arrumar algumas coisas com a Nalu da despedida da Ava.

— Despedida?

— Se você se importasse um pouco com a família saberia que a Ava está indo morar em outra cidade, ela passou no teste. Hoje é o último dia dela aqui na cidade. – Falou – Se der tempo e não for atrapalhar sua agenda, ou te interromper passe por lá, afinal de contas um dia Ava foi sua melhor amiga.

— Ela ainda é. – falei.

— Não é o que me parece. Tchau filho.

E do mesmo modo com que tinha entrado em minha sala minha mãe saiu, parecendo um furacão, deixando tudo em mim revirado. Abri a gaveta da minha mesa e peguei meu celular que eu deixava guardado ali para que evitasse distrações. Entrei no aplicativo de mensagens e procurei Ava nas mensagens, sua conversa sempre esteve fixada no meu aplicativo, já que ela era uma das pessoas com que eu mais falava. Quando abri a conversa vi várias mensagens da Ava que eu não tinha respondido, mas eu tinha avisado ela que eu não ficaria concentrado no celular, já que precisava me focar em outras coisas. Rolei a conversa até próximo da data em que o testamento do meu avô foi lido e tinham muitas mensagens que eu não me lembrava de ter visto, eu só abria a conversa para sumir aquele número irritante da lateral e fechava, jurando que depois voltaria e responderia tudo. Ava tinha me contado ali sobre o teste, e depois me convidado para a comemoração de ter passado nele, ela tinha me mandado fotos do apartamento que tinha ganho do meu avô e que tinha arrumado suas coisas para ficar enquanto estivesse na companhia, ela tinha me mandado fotos, vídeos, piadinhas sem graça e algumas até engraçadas, mas não tinha me convidado para a sua despedida.

Sai da conversa e fui olhar outras a da tia Ana Luisa chamou minha atenção porque a última mensagem tinha sido enviada há menos de uma hora e era o convite, escrito da despedida, escrito ser surpresa e em baixo da mensagem em caixa alta e negrito estava escrito "você vem? " Eu quis responder na hora que sim eu iria, mas fiquei em dúvida se daria tempo, achei melhor mandar só um emoji de "joia" e esperar para me resolver depois. Fechei o aplicativo e voltei aos meus afazeres, eu ainda tinha muito a fazer.

Quando batidas na porta foram ouvidas por mim que eu olhei ao redor e notei pela minha janela que já havia escurecido, mandei quem quer que fosse entrar e minha secretária empurrou um pouco da porta e colocou sua cabeça para dentro da sala e falou comigo.

— O senhor vai precisar que eu faça mais alguma coisa?

— Não Pâmela, por hoje é só. – Falei olhando as horas e vendo que estava atrasado para a despedida da Ava. – Eu também já estou encerrando por hoje.

— Certo, até amanhã. – Falou.

— Até amanhã, bom descanso.

Pâmela fechou a porta novamente e eu colei um post-it no papel que estava analisando sinalizando onde tinha parado minha leitura, desliguei o computador, as luzes, tranquei minha sala e fui em direção a garagem. Entrei no meu carro e parti rumo a casa da Ava.

Eu sabia que estava atrasado, mas mesmo assim gostei de ouvir o barulho que saia da casa assim que toquei a campainha, aquele som me era familiar. Bruce abriu a porta para mim e me deu passagem.

— Achei que não viria. – Murmurou virando de costas para mim.

— Quem é papai? – Ouvi a voz de Ava vindo de dentro da casa – Tem mais alguma surpresa, porque já estão todos aqui.

Ouvi aquilo foi como receber uma punhalada nas costas, minha melhor amiga não estava se lembrando de mim.

— Aqui se faz, aqui se paga. – Bruce falou passando por mim. – É o Luis Henrique filha.

E como o furacão que era Ava veio correndo e se jogou em meus braços, em tive que dar dois passos para trás para não cairmos os dois.

— Achei que não viria. – Falou me dando um beijo na bochecha depois de se soltar de mim.

— Percebi, mas estou aqui. – Falei puxando do meu bolso um presente que tinha comprado para ela na vez em que ela tinha ido fazer o teste e tudo aconteceu – Eu trouxe um presente, para te dar sorte na sua nova vida.

— Para mim? – Perguntou pegando a caixinha das minhas mãos. – Não precisava.

— Eu achei que sim. – Falei – Desculpa pelo meu vacilo nos últimos dias, é que está tudo meio corrido.

— Fica tranquilo. – Ela abriu o pacote e pegou a pulseira com o pingente de trevo pendurado.

— É um relicário. – Falei abrindo para mostrar para ela – Eu sei que você gosta deles.

— É lindo Luis. Obrigada. – Ela falou passando os dedos pelas duas fotos dentro do relicário. Uma era nossa quando bebês, quando o pai dela foi sequestrado e a outra era atual.

— Assim a gente sempre vai estar junto. – Falei.

— A gente sempre está Rick, independente dos seus vacilos.

Para mim era isso que importava, saber que independente de tudo, Ava sempre estava ali, por mim.

PredestinadaWhere stories live. Discover now