Chapter Nineteen

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"But I crumble completely when you cry. It seems like once again you've
had to greet me with goodbye."

Na segunda-feira pela manhã, estávamos de volta à Wye Hill. De bochechas vermelhas por causa do sol em Leeds, com as pernas cansadas por ter andando entre os vários palcos e a voz falha e completamente rouca após dois dias de show, praticamente me arrastei pelos corredores da escola ao lado de Mason, que também não estava numa situação muito melhor.

As duas primeiras aulas foram passadas em um ritmo extremamente entediante, preenchidas com bocejos e os olhares estranhos para cima de mim por parte das pessoas que, por um motivo ou outro, não conseguiam aceitar que Theo e eu estávamos, tipo... juntos.

— É um desperdício — uma garota comentou com a outra por cima do livro de Virginia Woolf. Eu sabia de quem elas estavam falando, e não
pareciam fazer esforço algum para esconder. — Você não acha? É Theo Raeken, o capitão. Que nada a ver gostar de pau assim, do nada. Aposto que está naquela onda toda gay.

Mason virou a cabeça lentamente em direção a elas, tirando a atenção do próprio iPad escondido sob a mesa. Seu rosto estava amassado e as olheiras eram perceptíveis, mas os olhos negros afiados provavelmente compensavam qualquer imperfeição temporária nele.

— O que você disse, amor? — perguntou à primeira garota, virando o corpo inteiro em direção a ela.

Arregalei os olhos, acompanhando a cena quase em câmera lenta quando ela se virou para respondê-lo com uma sobrancelha erguida e a boca meio aberta, como se não acreditasse que Hewitt estava falando com ela. Bem, nem eu. Antes que eu pudesse impedir, ela repetiu e ele continuou, cerrando o maxilar de uma forma que só fazia quando estava bravo:

— Sabe o único lugar onde teve uma "Onda Gay?" Em 1969, Nova York, no bar Stonewall. Sabe o que foi essa onda? Uma união de todas as pessoas gays, lésbicas, transexuais e bissexuais para se defender do ataque de policiais. Essa foi uma onda para tentar alcançar a liberdade de ser quem é, sem vir alguém e deslegitimar a sexualidade de outro por um motivo tão fútil quanto, por exemplo, o seu sonho em ficar com Raeken. Orgulho, amor. Algo que você, aparentemente, não sabe nada sobre.

Após dois segundos, ele virou-se à frente novamente para continuar a jogar no iPad, como se nada houvesse acontecido, e as garotas até abaixaram os livros. Quase consegui ver as engrenagens rodando dentro da cabeça delas enquanto eu tapava a risada com a manga da blusa, orgulhoso de Mason por falar mais que duas palavras a estranhos e ainda mais por ele ter meio que defendido Theo.

Tanto fazia se aquelas palavras fossem ficar por um dia só na cabeça delas. Valeu a pena.

— Você fez o quê?! — Tracy exclamou, vindo para cima de Hewitt e sentando no colo dele, enchendo as bochechas vermelhas do meu melhor amigo de beijos. — Você é a pessoa mais educada, linda e meiga da Wye Hill. Temos orgulho de tê-lo na formation.

De onde estava escolhido de vergonha, sentado em uma das fileiras das arquibancadas, com o casaco de Corey em volta do corpo esguio e cabelos bagunçados devido aos beijos de Tracy, Mason riu baixinho antes de endireitar os óculos mais uma vez com a ponta do dedo médio.

— Não fiz nada de mais.

— Fez, sim — Hayden interviu, estendendo o braço para arrumar o cabelo dele. Tracy era a mãe bagunceira, Hayden era a mãe séria. — Não deveria ser, óbvio. As pessoas deveriam saber respeitar a sexualidade dos outros, mas já que não sabem, temos que agradecer quando alguém nos defende. Até mesmo quando é toda essa parada de marketing puxando para o lado LGBTQ+, e tal. Fazer o quê, né. O capitalismo sempre acaba ganhando e encobrindo os movimentos sociais com lucro.

Ephemeral (thiam's version)Where stories live. Discover now