Chapter Sixteen

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[Theo’s pov]

Eu estava ansioso.
Já era acostumado com essa sensação que me deteriorava e corroía cada pequeno pedaço de mim todos os dias quando precisava me colocar em frente aos outros jogadores do time ou enfrentar alguém. Mas a sensação havia aumentado tanto nos últimos minutos que eu a sentia se transformando no gosto de bile acumulado permanentemente no fundo da minha garganta.

Por isso, ao desligar o carro em frente à casa de Liam e mandar uma mensagem a ele avisando que já estava ali, eu abaixei as janelas e, com as mãos mais ou menos trêmulas, acendi um cigarro.

O primeiro trago foi apressado, carregado de uma ânsia catastrófica. A segunda, o suficiente para começar a me acalmar. À altura da terceira, meu coração ainda estava disparado dentro do peito, martelando contra a caixa torácica dolorosamente, mas foi o suficiente para apagar toda a imagem exterior. Eu parecia calmo e era o suficiente porque, assim, eu não deixaria Liam nervoso.

Eu não podia incomodá-lo mais do que já fazia desde que tive a coragem de me aproximar, por isso eu precisava transparecer tranquilo. Por ele. Porém, eu deixaria todos sabendo que eu era gay por mim. Precisava fazer aquilo por mim mesmo, não podia ir embora ainda usando a máscara que havia construído ao longo dos anos.

O álbum do Blackbear tocava baixo no rádio, apenas um fundo servindo como meio de distração, e eu virei o rosto a tempo de ver Liam abrindo a porta de casa e ajeitando a alça da mochila cinza sobre o ombro. Ele usava um suéter. Era bege, parecia confortável e macio, e já tendo noção da sua sensibilidade maior ao frio, eu sabia que havia mais duas outras blusas por baixo.

Soltou um sorriso pequeno ao me ver, mas logo tentou disfarçá-lo ao abaixar a cabeça enquanto dava passos cuidadosos na calçada coberta de neve ainda no processo de derretimento. Ele era assim... tão macio quanto o tecido do suéter e, ao mesmo tempo, tão quente quanto o sol. Liam tinha a capacidade única de fazer olhares durarem três ou quatro segundos a mais sob ele e ser totalmente alheio a isso.

Ele merecia muito mais. Merecia alguém que o amasse para sempre, que prometesse a eternidade mesmo sabendo que talvez não durasse tanto assim. Eu não o merecia. Ele era demais para mim e eu estava me sobrecarregando cada vez mais com o calor que ele espalhava pelo meu corpo inteiro porque era a única temperatura capaz de me fazer sentir menos congelado.

Liam era meu verão adolescente em todos os sentidos: quente, novo e, assim como tudo o que é perfeito de forma particular, rápido.

— Boa escolha de música, Meno.

Ele não sabia o que fazia comigo quando me chamava daquilo. Eu sorri e aceitei de bom grado o beijo delicado na minha bochecha quando Li se inclinou sobre o console. Seus lábios estavam quentes, provavelmente do chá que tomava todos os dias pela manhã, e ele cheirava à... suéter. Aquele que você deixa no fundo do guarda-roupa e, mesmo assim, mantém o mesmo cheiro de casa.

— Você diria que combina com a gente?

Liam sorriu, encostando-se ao banco para passar o cinto sobre o peito. Eu dei um último trago enquanto o esperava responder.

A música do Blackbear chamava-se Just Friends? O trecho principal era: "se você não puder ficar, então eu te levarei para casa. Se você mudar de ideia, nós poderemos ser mais que amigos essa noite." E... porra. Hávia três noites, na minha cama, que nós havíamos sido bem mais que amigos. Às vezes parecia que eu ainda era capaz de senti-lo.

— Eu diria que combina com uma certa noite — respondeu a mesma coisa que eu estava pensando. — Não com a gente. Somos indefinidos.
Yeah, éramos.

Eu amassei o cigarro no cinzeiro embutido ao painel e fechei a janela, finalmente dando partida no carro. Senti sua mão na minha coxa segundos depois. Eu tinha esse costume para sempre passar segurança a ele, e algo me dizia que Liam estava sentindo que, naquele dia, quem precisava de segurança era eu.

Ephemeral (thiam's version)Where stories live. Discover now