Capítulo 01 - Perdidas

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Camila Cabello  |  Point of View




Acordei e virei para o meu despertador. Não acredito que acordei mais cedo que ele novamente... OITO E SETE!

— Caralho! Porra! – Corri para o banheiro e, coloquei pasta na minha escova. — Porra!

Coloquei-a na boca e fui me vestir enquanto mastigava a mesma. Peguei meu celular e minha pasta e saí correndo, mas a casa estava vazia.

— Inferno, Lauren! Custava me acordar...

Corri duas quadras, mais uns minutos no metrô e mais uma longa corrida até o prédio que eu trabalho. Finalmente cheguei à minha sala e me atirei na mesa estava suada e ofegante.

— O carro estragou novamente, Cabello? – Meu chefe brotou do meu lado me assustando.

— Não... desta vez eu me atrasei mesmo. Desculpe, senhor. Não vai se repetir.

— Assim espero.

Ele saiu da sala depois de deixar uma pilha de papéis ali... algo que nem se eu tivesse chegado duas horas mais cedo conseguiria terminar. Então comecei... com o mesmo ânimo nulo de sempre.


×××


Voltei para estação caminhando, sentei no metrô e peguei um livro... li até a terceira página e escorei minha cabeça no encosto.

— Outro carro ajudaria muito.

— Falou comigo? – A senhora do meu lado perguntou e eu neguei retribuindo o sorriso dela.

Caminhei o mais rápido que pude, mas cheguei à minha casa quando a noite já tinha caído. Se tivesse outro carro, poderia almoçar em casa e ter o intervalo normal como o de todo mundo na empresa. Lauren precisa mais do carro porque as crianças têm aulas em horários diferentes e quando um tem aula disso, o outro faz curso daquilo, um joga futebol, a menina tem aula de música, depois violão... eles fazem tanta coisa que eu tenho que me virar em cinquenta para fazer o orçamento fechar... o que fica cada vez mais difícil. E por que a Lauren não me busca no trabalho? Bom… isso é com ela e o grau de ranço que ela sente por mim.

O silêncio na casa era enorme, olhei por ela e nada de ninguém. Após o banho ouvi o carro e logo eles entraram, os meninos me abraçaram e subiram para os quartos.

— Já jantamos na rua. – Lauren disse subindo as escadas e recostei minha cabeça no sofá... vou ter que cozinhar, mas como a preguiça é maior que a fome, só fiz um sanduíche e fui ver os meninos no quarto. Conversei com eles, me contaram empolgados sobre o dia e quando falaram em comida italiana minha barriga roncou. Beijei a testa de cada um os arrumando nos respectivos quartos e fui até o meu Lauren saiu, para fazer o mesmo que eu e logo estava deitada ao meu lado.

— Podia ter me pegado no trabalho para jantar.

— Nem me lembrei de você.

— Ou podia ter me acordado pela manhã.

— Não sou seu despertador.

— Mas se eu perder o emprego sabe muito bem o que vai acontecer com essa casa.

— Claro. A grande Camila Cabello não vai poder sustentar a casa e eu, indefesa, vou morrer a míngua com meus filhos. Me poupe, Cabello. – Ela disse virando de costas para mim.

— Não foi isso que eu quis dizer. É só um bom emprego e está nos mantendo bem, não quero perde-lo.

Ela ficou em silêncio, logo sua respiração era mais pesada pelo movimento de seu corpo... ela dormiu. Comecei a pensar no que vou fazer para comprar o violão que Liz quer para ensaiar em casa... espera um pouco, meu depósito antigo, tenho os instrumentos da banda guardados. Posso trocar a guitarra pelo violão.


×××


Lauren se movimentava de um lado do quarto a outro. Acordei e sentei na cama.

— Vou vender minha guitarra que está no depósito e comprar o violão da Liz.

— Nossa... eu nem lembrava desse depósito.

— Deve ter mais coisas de valor por lá.

— Fala sério, Camila.

— A guitarra é bem valiosa. Tem a assinatura do Morrissey nela.

— Grande coisa. Você não vai usar ela para nada, faça algo por alguém que realmente tem futuro na música aqui em casa.

— Eu tinha muito futuro na música.

— Tinha. Falou muito bem e você nem era tão boa assim.

— Eu era boa pra caralho e não precisei tocar a quinta nota para você jogar a calcinha para mim.

— Eu era jovem e burra.

— Tanto faz... eu nem abri meus olhos direito, eu só vou pegar a droga da guitarra no depósito e queria compartilhar que eu encontrei a solução.

Ela saiu do quarto e eu cobri meu rosto com o travesseiro, mordendo o mesmo para reprimir o grito que queria soltar. Porra... não posso me atrasar.

Levantei e depois do banho fui tomar café, meus filhos conversavam empolgados e nós duas rimos quando olhávamos a interação deles, mas o sorriso morria nos nossos rostos quando nos olhávamos. Era como se eu nem conhecesse mais ela, Lauren era tão feliz e cheia de vida quando nos casamos, agora tudo é motivo de briga, confesso que eu não sou fácil também, mas são coisas que podemos resolver, mas não parece que queremos de fato. Eu nem lembro quando conversamos por mais de dez minutos sem brigar, parece que queremos magoar uma a outra e tudo vira uma batalha sem sentido de ofensas e quem se sacrificou mais para erguer a família. Quando conheci ela, pensei que a vida seria mais leve, mas estou vendo o casamento dos meus pais todinho se repetindo e eu não quero morrer como eles... odiando um ao outro.

Despertei do transe com as palmas das mãos de Lauren espalmadas na mesa.

— Que susto.

— Depois diz que não te chamo. Vai se atrasar se dormir na mesa.

— Obrigada, Lauren.

Caminhei até o metrô e logo estava sentada na minha sala, com a mesma pilha de papéis revisar, mesma coisa sempre, mesmo dia de sempre com o mesmo final de sempre. Eu devo ter pecado muito na outra vida.

— Olá, Camila.

— Ally... Você voltou.

— Sim, minhas férias acabaram... infelizmente.

— Ainda bem, estava ficando loucamente solitária.

— Ainda na mesma?

— Acho que não vai melhorar nunca.

— Você cresceu tão rápido quando começamos.

— Eu tinha incentivo... era motivador, Ally. Agora eu sou um grande tanto faz em todos os campos da minha vida.

Ela me abraçou e ficou ouvindo eu reclamar... amiga é pra essas coisas.

NÃO ESQUEÇAM!

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Broken FlameWhere stories live. Discover now