Marcas [Concluída - Revisada]

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Era uma época um tanto estranha a que Wei Wuxian vivia. As seitas estavam se fechando em si mesmas e não se preocupavam em ajudar quem realmente importava. Há algum tempo já era assim. Ele tinha vinte e seis anos, mas havia sido criado nas ruas e como um ômega, isso foi o verdadeiro inferno na terra pra ele. Já teve que se esconder em lugares variados na infância e adolescência, o que não evitou que o pior acontecesse com ele... Não uma, mas três vezes.

Ele não havia sido criado numa seita e foi obrigado a aprender a cultivar de outra forma, usando energia ressentida para se defender. Tinha ódio suficiente de pessoas que faziam mal aos mais indefesos e prometeu a si mesmo que qualquer alfa filho da puta que ousasse tocar num ômega ou beta contra a sua vontade, deveria morrer.

Ele sofreu abusos demais, tinha cicatrizes demais, foi obrigado a crescer rápido demais pra proteger a si, mas às vezes se permitia esquecer a idade que tinha no meio dos amigos que o acolheram e o faziam sentir como um adolescente que cresceu demais.

Wei era um homem sério, mas gentil. As famílias que conviviam mais próximas a cabana em meio a floresta que ele vivia, eram gratas à ele por salvar seus filhos, filhas, esposas ou esposos ômegas ou betas.

Todas as noites ele saia e todas as noites encontrava algo pior do que a noite anterior em lugares diferentes. Porém, dessa vez, ele não poderia imaginar que encontraria algo que mudaria a sua vida...

Já era madrugada e o ômega vinha caminhando de volta para sua casa, dando graças aos céus que pelo menos naquele dia, não houve nenhuma criança machucada ou em perigo. A mão dele tremia enquanto ele caminhava com algumas lembranças lhe enchendo a mente... Ele odiava cada uma delas. Sabia que teria uma noite de merda e cogitou passar na cabana de Wen Qing para que ela lhe desse algum chá que o fizesse dormir por uns dois dias. Ele tinha seus próprios traumas e com certeza, naquela noite, os pesadelos viriam. Por mais cansado que ele estivesse, eles sempre vinham.

Wei Wuxian suspirou apertando a flauta negra que tinha na mão para manter a cabeça no lugar, foi quando ele sentiu um forte cheiro de sangue e correu. Ao chegar no local, ele encontrou marcas de espadas nas árvores, uma espada sem a bainha com o cabo azul caída. A arma era magnífica e de primeira linha, com certeza uma das melhores armas espirituais que ele já havia visto. O ômega olhou para os lados, havia muito sangue no chão, foi quando ele viu uma mão branca em meio aos arbustos próximos e caminhou devagar.

A cena que Wei Ying viu, o fez ficar tomado de raiva, pois ali, desmaiado e completamente nu, estava um adolescente que não deveria ter mais que dezesseis anos, de pele clara e cabelos muito negros. Ele estava terrivelmente machucado e o pior não era isso, eram os cheiros que vinham dele.

_Filhos da puta que abusam de crianças! – falou ele tirando o robe externo e tratando de enrolar o garoto.

Ele o olhou e não o reconheceu. Com certeza o reconheceria se já o tivesse visto, ele era o ser mais lindo que já havia cruzado o seu caminho.

O ômega o ergueu do chão e o levou para casa. Não sabia quem eram os pais dele, então, ele mesmo cuidaria do adolescente até que ele acordasse e lhe dissesse.

Foi com cuidado que Wei Wuxian deu banho no garoto enquanto Wen Qing preparava remédios para ele. O ômega o colocou na cama e quando lhe secava os cabelos, viu sua amiga entrar no quarto e o cheiro dele ficou evidente e o coração de Wei Ying acelerou.

_Um alfa... Um filhote alfa... Não bastasse esses merdas abusarem de crianças betas e ômegas, agora estão fazendo isso com alfas!?

_Eles não querem saber A-Xian, se pegam alguém inocente e mais fraco, eles machucam.

Ele continuou secando os cabelos do adolescente e limpou com cuidado um corte que ele tinha no meio deles enquanto Wen Qing cuidava de outra parte do corpo do adolescente.

_O que aconteceu pra te machucarem desse jeito? – quis saber ele com lágrimas nos olhos fazendo carinho no rosto quase angelical do garoto.

Wen Qing segurou a mão do amigo e a beijou ao ver que ele estava chorando.

_Tudo bem. Eu estou bem A-Qing.

Ele penteou os cabelos compridos do alfinha, e começou a passar remédio nos cortes que ele tinha pelo corpo e A-Qing imobilizou ambas as mãos dele, já que as duas estavam quebradas.

_Com certeza foi assim que conseguiram fazer com que ele não usasse mais a espada e ele não pôde se defender. – disse a médica.

_Covardes.

O ômega mirou a espada de cabo azul celeste que estava num canto e tentou identificar os detalhes da arma, mas não conseguiu. Conhecia pouco sobre as seitas por não ter sido criado dentro de uma. O jeito, seria esperar.

_A-Xian, vou deixar os remédios. – falou a alfa – Se você precisar de mim, grite. Ele é um adolescente, mas você é um ômega,os feromônios dele ainda afetam você. E se ele fizer mal à você, eu o mato!

_Ele não vai. - ele olhou para o garoto na cama e passou a mão no rosto dele. - Algo me diz que ele jamais machucaria alguém que não merecesse castigo.