XXXV - O primeiro passo

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Não houve tempo suficiente.
Minha energia foi sugada como se um aspirador gigante estivesse me puxando entre as terras com uma velocidade que nunca havia presenciado antes.
Não tive dúvidas, algo havia mudado, mas em minhas memória não havia nada que me explicasse a razão. Não saber de algo não faz parte da minha realidade e por esse motivo sinto o medo.

Meus olhos estavam fechados quando meu corpo finalmente atingiu o chão e abriu uma cratera ao meu redor. Não sabia em qual terra estava e nem quem havia feito isso, mas no instante seguinte tudo fez sentido.

Eu a sentia. Antes mesmo de abrir os olhos, eu sabia que a parte mais poderosa de Seth havia se lembrado e se libertado da terrar ímpar. Um universo de esperança invadiu tudo o que pensava, era o êxtase de sua presença.

Meus olhos cansados se abriram e a sombra dela me cobria. Voando no céu muito azul, com asas douradas feito ouro, e os cabelos ondulados e vermelho se perdendo por seu busto, ela estava séria enquanto o meu sorriso era tão involuntário quanto o bater acelerado do meu coração.

Lorenzo finalmente havia caçado cada uma das almas de Teodora e dado a ela fragmentos suficientes para que rompesse a barreira de sua terra e tivesse conhecimento sobre o próximo passo para o fechamento do triângulo da morte. O fim estava próximo, finalmente, e as lágrimas que deixavam meus olhos eram de pira felicidade.

Eu daria cada uma das penas de minhas asas para que tudo finalmente terminasse.

Meu sorriso, infelizmente, de desfez depressa. Acima de seus cabelos, no lado direito do topo de sua cabeça, minha luz atingiu o enorme monumento que dava voltas só redor de si mesmo em seus 104 centímetros de pura arte do criador. Um chifre.

Nada me deixou mais confusa, em toda a minha existência, do que observar um chifre na cabeça dela. Estava errado. Desde que minha existência foi moldada, não há nada ali. Então, junto ao som agudo que deixou meus lábios secos, e minha mão que chegou à minha barriga rapidamente, eu havia entendido.

O chifre na cabeça dela era Lúcifer.
Notei, então, que na mão direita dela estava a arma que não temeria caso estivesse na mão de nenhum outro ser, mas me fez tremer ao ver nas mãos dela. Teodora tinha uma lança de zinco e em seus olhos eu via que ela não iria hesitar e atirar em minha direção.

No momento que Teodora deitou vôo em direção à cratera que eu havia aberto, saltei com velocidade e abri minha asas para me livrar de seu ataque. Eu nunca seria mais rápida que ela e a lança de zinco arranhou minha asa direita. Cai no chão apenas alguns segundos depois de começar a voar.

- Não! - gritei, e comecei a me rastejar com a dor impressionante que se alastrou pelo meu corpo. Coloquei-me de pé e sabia que ela caminha, calma, em minha direção. - Não, Seth.

Eu me virei, com o corpo inteiro tremendo, o suor pingando de minha testa, e minhas bochechas machada pelo vermelho do líquido que deixava meus olhos. Ela parou de andar.

- Eu não sou Seth - sussurrou.

Claro que não é. Seth nunca mataría seus filhos. Admirei a sombra que se fez no chão, uma por uma, quando as outras monodas nos encontraram. Eusébia pousou ao meu lado e eu apoiei o meu corpo contra o dele, em uma difícil impressionante de manter as pernas firmes.

Caim pousou bem à frente do demônio de asas douradas e tentou, de maneira assustada, entender quem era aquele ser e o que estava acontecendo depois que ele ceifou a última das ramificações de Teodora. Quase como uma criança, ele ergueu a mão direita, cujas unhas eram enormes, e alisou o chifre dela. A cabeça era movida de uma lado para o outro em curiosidade e eu estava fraca demais para entender a quantidade de sentimentos misturados dentro dele.

FUGITIVOS DO INFERNO 02 -Triângulo Da Morte [EM ANDAMENTO] Where stories live. Discover now