Taehyung deu de ombros, mas seu rosto corou — dessa vez por timidez, e não por tentar segurar o riso.

— Os kestonianos gostam de alegorias e metáforas — Ele explicou a Arslan, pegando um pergaminho e uma pena para se ocupar — Vossa Alteza já viu o formato das medlars?

Os olhos de Arslan se iluminaram em malícia.

— Ó, desculpe. Eu não pude fazer a associação tão rapidamente quanto...

— Vossa Alteza, eu não quero ouvir um comentário impróprio.

Arslan colocou a mão no coração fingindo estar ofendido.

— Eu não iria dizer mais nada.

Taehyung balançou a cabeça, estalando a língua, voltando toda a sua concentração para a tradução. O beta fazia tudo com precisão e confiança: até mesmo traduzir uma simples carta. O cabelo dele, agora curto, não cobria seus olhos mais, o que lhe dava um ar mais adulto. Os seus cílios, em contrapartida, eram tão longos que fazia sombra em suas escleras quando ele olhava para baixo.

Arslan ficou preso no estudo. Havia um certo magnetismo em assistir alguém tão compenetrado.

Taehyung o tirou do momento de distração ao deslizar o papel que antes estivera escrevendo em sua direção.

— Leve ao seu pai.

Arslan pegou a folha com a tradução. A frase estranha agora havia sido traduzida de maneira correta: Agradecemos ao Rei Argard por ter nos vendido as medlars mais doces que já provamos.

Arslan riu e balançou com a cabeça.

— Meu pai estava prestes a iniciar um conflito por causa de uma fruta. — Ele levantou-se do lugar. — Obrigado pela ajuda, Traducere.

— Alfas têm a cabeça muito quente — Taehyung falou, virando o pescoço para o lado, seu olhar ficando distante por um segundo.

Arslan se perguntou se ele tinha um alfa específico em mente quando dizia aquilo. Analisou as mudanças na expressão de Taehyung e a forma com que seus lábios ficaram mais rígidos.

O príncipe deu-lhe um sorriso afetado.

— Por isso, Taehyung, os betas são os nossos perfeitos complementos.

***

Música: Fear of Water - Piano Solo - SYML

— Estou ansioso para o dia que você falar. — Jeongguk terminou de amarrar a blusa no filho, sentando-o na cama. — Sinto que você terá muito a dizer, Ever. Muito a dizer.

O garoto, obviamente, não respondeu. Ele permaneceu quase estático, apenas seguindo Jeongguk com os dois olhos negros, observador e calmo. Jeongguk arrumou o cabelo dele, penteando os fios lisos para trás. Ever aninhou-se em sua mão, apoiando o queixo nos dedos de Jeongguk como se estivesse pensativo.

Jeongguk riu.

— Você será um garoto inteligente, eu tenho certeza. — Jeongguk brincou com suas orelhas. — O seu jeito me lembra tanto ele que é como se fosse… — Jeongguk pausou, mordendo os lábios, prendendo as palavras dentro de si. Ele sentiu uma nova pontada de dor na nuca. O seu coração acompanhou, dando uma batida mais dolorida em seu peito.

Aera voltou ao quarto naquele instante. Jeongguk acariciou a bochecha de Ever com polegar uma última vez antes de se afastar. Ele começou a ajeitar tudo ao redor, separando as roupas e os panos sujos para lavar.

— Você disse que precisará sair? — Aera perguntou.

Jeongguk assentiu, mantendo os olhos baixos, escondendo-os, ganhando alguns segundos para se recompor.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaKde žijí příběhy. Začni objevovat