capítulo dois

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Eu não tinha ideia do que estava fazendo com minha vida até o momento em que joguei duas malas dentro do carro – que incluíam a pequena malinha de Darth que teria que ser deixado na casa de minha avó por um tempo, graças ao apartamento não ser pet...

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Eu não tinha ideia do que estava fazendo com minha vida até o momento em que joguei duas malas dentro do carro – que incluíam a pequena malinha de Darth que teria que ser deixado na casa de minha avó por um tempo, graças ao apartamento não ser pet-friendly - e tomei a estrada sem pensar duas vezes.

Pareceu divertido em um primeiro momento, tanto que consegui passar a maior parte do tempo cantando as músicas da Taylor Swift da forma mais dramática possível, como se elas fossem parte da minha vida. Speak Now era definitivamente meu álbum favorito e tudo que eu mais queria era o lançamento do Taylor's Version.

Então, duas horas depois, eu tive que comer um hambúrguer com fritas tão gorduroso na estrada que quase chorei pela vaca que precisou morrer de forma cruel apenas para me alimentar.

Mas o grande ápice da minha viagem foi no momento em que eu fiquei tão apertada - porque me recusei a usar o banheiro do restaurante pouco antes - que precisei parar o carro para me aliviar no meio da estrada e fiquei sendo encarada por um urso curioso.

— Nunca viu uma mulher mijando na vida? — Resmunguei, como se ele pudesse me entender.

Em seguida, eu estava correndo com medo de ser atacada por aquele enorme animal faminto que andava pela beira da estrada. Não que ele parecesse interessado em comer uma garota humana com quase setenta quilos naquele fim de tarde, mas estávamos na época de preparação para a hibernar.

Percebi depois que se eu tivesse segurado mais quinze minutos, teria utilizado o banheiro de vovó em segurança. E por falar na velha que costumava fazer cabelos brancos surgirem na minha cabeça, meus planos mudaram quando recebi uma mensagem de Leona informando que havia conseguido que o dono do imóvel liberasse ter um único animal que não pesasse mais que cinco quilos – Darth entraria de dieta assim que nossos pés tocassem a pacata cidade de Raymount.

Depois de todas aquelas pequenas desventuras, cruzei a placa de boas-vindas no limite da cidade e respirei um pouco do ar puro que me abraçaria pelos próximos meses em que eu estaria tentando agir como uma pessoa normal ou quase isso.

Meu único problema era que nenhuma garota normal chega a uma cidade aparentando ser um zumbi com uma blusa manchada de mostarda, um pinscher mijado e uma dezena de prêmios de tecnologia – sem contar o diploma da pós-graduação.

— Tudo bem. — Tentei me acalmar, encarando meu reflexo no retrovisor. — Você ainda tem um tempo para se adaptar.

Darth rosnou em resposta.

Aproveitei o semáforo vermelho no centro da cidade para colocar o endereço que Connor havia me passado no celular. Não era tão distante quanto eu pensava que seria e o trânsito do interior de British Columbia era tão relaxante que eu poderia até mesmo colocar o carro em piloto automatico sem ficar paranóica sobre Elon Musk estar tentando me matar.

Meu irmão e sua namorada haviam combinado que eu moraria com ela por um tempo, até conseguir encontrar um lugar perfeito para ficar. Ela tinha um quarto vago e, de acordo com aquela criatura com quem eu compartilhei um quarto por quase metade da minha vida, seria a forma perfeita para conhecê-la melhor. Como se nós duas já não fossemos íntimas o suficiente pelas trocas de mensagens e videochamadas que ultimamente ocorriam com mais frequência do que eu estava acostumada.

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