Cornetas e Tambores

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Os aplausos iam se cessando e os olhares do público se atentando às expressões do palhaço que tinha o holofote sobre si. Jisung entrou em um breve transe até se lembrar que tinha um show para fazer. Tinha que ofuscar seus próprios problemas naquele momento.

O espetáculo não podia parar.

Ao perceber que todos notaram a confusão em seu rosto, rapidamente fez uma careta de desentendido e, em seguida, arregalou os olhos, fingindo estar assustado com todas aquelas pessoas. O palhaço trabalhava muito para que o público conseguisse entender o que ele queria passar através de suas expressões faciais, sem dizer nada. Sua figura acanhada o deixava fofo e engraçado.

A música não tocava mais, deixando apenas os efeitos de som para os movimentos do palhaço. O artista extravagante continuou mantendo contato com o público, de modo a expressar suas emoções como se fosse a primeira vez que estava no picadeiro, sendo visto por muitas pessoas. Sua palhaçada começava dessa forma, se mostrando um sujeito ingênuo que estava vivendo novas experiências e que queria apresentar suas brincadeiras.

Ao ouvir algumas risadas, o Esquilinho, se mostrando envergonhado, começou a dar passos tímidos e cautelosos pelo picadeiro. Como não tirava os olhos do público, o palhaço acabava tropeçando algumas vezes, deixando evidente o quanto era desastrado. Sua vergonha dava lugar a uma expressão mais esperta e irritada, que logo mudava para quando as pessoas riam de seus tropeços e tombos. Fazia alguns desafios como andar de monociclo e se equilibrar em uma corda com meio metro de altura do chão, fingindo que poderia ser um equilibrista, obviamente fazendo palhaçadas para se deixar cair de bunda até mostrar que conseguia seu feito. Pulava em um pé só, tocava sua buzina e dava risadas como "Há há há" junto com as crianças, principalmente quando olhava discretamente para o assento onde sua filha estava e via que ela se divertia muito.

Os minutos de sua apresentação pareceram correr e não demorou para o Han se despedir, de modo desajeitado, do público que se mostraram satisfeitos e contentes com o número feito pelo palhaço. Ouvindo o som das cornetas e dos tambores tocando para finalizar seu show, ele saiu do picadeiro pulando e passou pelas cortinas. Quando se viu escondido dos vários aplausos, suspirou aliviado por ter conseguido fazer seu espetáculo, sem deixar a preocupação em sua mente sabotá-lo.

Queria que fosse assim todas as vezes. Ver seus maiores problemas dando piruetas para longe de si.

Jisung começou a tirar seu nariz vermelho, procurando acalmar sua agitação. Sentia seu corpo exausto e trêmulo. Ouviu o mestre de palco anunciando a próxima atração, que seriam os malabaristas, e então decidiu tomar alguma coisa. Saiu da tenda e voltou para o camarim. Encontrou Jinsoul na entrada, esta que quando o viu, rapidamente o ajudou com os acessórios para que não perdesse nenhum deles outra vez.

- Como foi? – perguntou ela.

- Recebi muitos aplausos e risadas – respirou com calma, entrando no camarim. – Acho que fui bem esta noite, mas sei que a presença da minha filha tem uma grande influência para que isso aconteça.

- Tenho certeza que ela adorou te ver. Bom, vou ver se acho Hyunjin e peço para ele vir aqui antes de todos se despedirem.

Após a figurinista se afastar do camarim, Jisung foi até o freezer que guardava algumas bebidas para os artistas. Ainda tinha algum tempo até precisar voltar para o picadeiro junto com a companhia e agradecer pela presença de todos. Queria beber pelo menos uma água sem gás, mas viu alguns energéticos e cervejas. Sabia que não era muito seguro sequer considerar ingerir bebidas alcoólicas por causa de suas medicações, mesmo que sentisse uma vontade momentânea de provar o gosto daquelas bebidas outra vez.

Getting Colder - JilixOnde as histórias ganham vida. Descobre agora