Luzes

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Entre as inúmeras coisas que o palhaço se questionava, uma delas foi a sensação de abandonar um sentimento angustiante quando menos esperava. O caminho para o trabalho naquele dia despertou nele uma satisfação genuína. Ele não se preocupou com a possibilidade de ter uma crise de repente, sequer chegou a se lembrar disso. Tudo porque estava sendo cativado pela conversa inacabável que acontecia dentro de seu carro.

De início, pensou que seria arriscado permitir que o trapezista e sua filha conversassem sobre assuntos que o envolvia, visto que o loiro fazia questão de relembrar certas coisas que eram demais para o seu coração. Entretanto, era visível que a confiança de Eunbi em Felix crescia quando este falava carinhosamente de Jisung. Sabia que a mais nova poderia estar pensando que os dois eram muito amigos, então ela também queria ser amiga dele.

Então, o Han apenas se deixou ouvi-los em silêncio. Não queria brigar com Felix e causar uma confusão na cabeça de sua filha, que não tinha ideia do que houve entre eles. Ela não entenderia o motivo do pai estar dando carona a alguém que deveria evitar. E seria difícil explicar sua relação com o loiro quando estava gostando da presença dele naquele momento.

Tanto que ficou um pouco deprimido quando viu que tinha chegado ao local dos ensaios. Os mais velhos não demoraram a descer do carro. Felix esperou Jisung desprender a filha dos cintos do assento infantil e guardar o gorro que ela usava dentro de uma bolsa para então seguir junto com eles. O trapezista não queria se afastar tão cedo e, vendo que o Han não se mostrava incomodado consigo ali, tinha mais um motivo para acreditar que não deveria desistir dele.

- Será que já chegou todo mundo? – perguntou o Lee. Andava no mesmo ritmo de Jisung, este que não tinha pressa de caminhar com a filha nos braços.

- Não sei, mas acredito que estamos um pouco adiantados. Não parece que estão começando a se reunir ainda – viu o loiro assentindo, forçando um sorriso e parecendo um pouco tenso. – Está tudo bem?

- É que o Chan me ligou ontem e disse que tinha algo importante para tratar comigo.

- Você tem ideia do que pode ser?

- Sinto que tem a ver com a vaga que eu ocupei aqui. Acho que não tem outra razão – o Lee estava com um olhar baixo, pensando no que iria ouvir durante a reunião.

- Vai dar tudo certo. Acredite em você.

Felix olhou surpreso para Jisung, este que apenas deu de ombros e voltou a olhar para frente. Não sabia o que tinha acontecido com o Han naquele dia, mas tinha certeza que seu coração estava criando ainda mais esperanças sobre ele.

Continuaram andando mais um pouco, vez ou outra, cumprimentando alguns artistas que passavam por eles. Antes de chegarem na tenda central, ouviram a voz de Chan um tanto indignado tentando não dar muita atenção a um Hyunjin preocupado que vinha atrás de si.

- Pela última vez, Hwang. Eu não posso resolver esse problema para você – o mais velho respirou fundo, olhando a cada cinco segundos para o relógio do seu celular. – Você é adulto e pode lidar com isso.

- Mas Chan! E se ele quiser me trocar? Você vai permitir essa traição aqui?

- Vai ser uma escolha dele, ué. Você o fez chorar e eu não posso obrigá-lo a te querer depois disso – o mais velho parou, se virando para o maquiador que estava a ponto de surtar. – Já está na hora de você mesmo tomar uma atitude, não acha? Eu conheço vocês dois muito bem para saber que podem se resolver sem precisar da minha ajuda.

- Que inferno! Parece que todo mundo o conhece, menos eu.

O Bang estava prestes a repreender o mais novo, mas sua atenção foi para duas crianças que passaram correndo por eles. Em seguida, viram Minho tentando alcançá-los, mas que parou no caminho, visivelmente exausto.

Getting Colder - JilixOù les histoires vivent. Découvrez maintenant