— Eu sei o que a irresponsabilidade da idade pode fazer com vocês jovens, mas nessa idade nem tudo o que parece, de fato o é.
— Quem é você?
— Isso não importa, meu querido, o que importa é que você está movido por um sentimento passageiro que pode não ser o que você acha que seja.
— Eu... não entendo.
— Você, vir até aqui, entrar no palácio de inverno de Montero, todo desesperado apenas por causa de uma paixão juvenil irresponsável. É disso que estou falando.
— Não... não. Eu gosto dele de verdade.
Ela ri.
— Sim, meu querido. A idade nos faz pensar que sim, mas a realidade é que esse seu amorzinho apenas vai privar o jovem príncipe Eric de ser o que ele foi preparado para ser desde seu nascimento.
— Não...
— Não, não, não, não, não — ela ecoa as palavras na minha mente — sim, sim, meu querido. Você está disposto a destruir tudo pelo qual Eric vem sendo criado para assumir.
Eu não queria chorar, não aqui, não com ela, mas sinto a lágrima escorrendo.
— A gente pode dar um jeito.
Ela para de olhar para a janela e fita seu olhar em mim.
— Ah, meu querido, nem tudo na vida "se dá um jeito", ainda mais no que diz respeito à Coroa.
— Onde ele está? — Pergunto. Minha voz quase não sai.
Ela sorri.
— Ele provavelmente está se preparando para o casamento — ela diz olhando novamente para a janela. Cada palavra dela parece um milhão de espadas sendo forçadas contra minha pele. Depois de um tempo, ela vira-se para mim — Oh, meu querido. Você não achou que ele realmente gostasse de você, não é?
Não consigo respirar direito.
— Eu...
— Como eu disse, jovens levam as coisas muito a sério. Mas na verdade o que possa ter acontecido com vocês pode não ter sido nada mais que algo passageiro.
— Mas... — Não consigo falar nada.
— Oh, meu querido, parece-me que você não sabe da história dos dois príncipes. — Ela ainda está olhando pela janela.
— O quê?
— Então, Eric não te contou que eles se conhecem há tempos e têm se preparado para esse casamento desde então? — Meu coração parece desabar em um abismo escuro. Eric. — Ah, sim. Faz sentido, Eric não contaria tais coisas para um rapaz que ele simplesmente conheceu por uns dias.
— Eu não...
— Você não o quê, meu querido?
Então, surge um guarda na porta do quarto.
— Vossa Majestade — O guarda diz e faz uma reverência. É o mesmo guarda que estava na Vila Vermelha, o mesmo guarda em quem dei uma facada e de quem roubei dinheiro — ele invadiu o castelo e não conseguimos detê-lo.
A mulher sorri para mim.
— Tudo bem, Rik, ele já estava de saída.
— Vossa Majestade? — Digo e então tudo fica tão claro como a luz do sol em um dia de primavera — Você...
— Levem-no!
— Você é Luna.
— Sim, meu querido. Eu não deveria sair falando disso para qualquer um, mas acho que você deve saber que até o início da noite Aurora será minha, como deveria ser desde muito tempo.
— Então isso tudo é sobre isso?
— Sobre o que mais seria, meu jovem? — Ela sorri.
— Não vou deixar...
— Não vai deixar o quê, meu querido? — Ela se aproxima de mim, seus olhos parecem faiscar. — Eu já esperei tempo demais para começar minha vingança, não será um camponês qualquer que vai me impedir, agora.
— Talvez eu não seja apenas um camponês qualquer...
Ela sorri, seu rosto está muito próximo do meu, e diz, talvez para que apenas eu ouça:
— Talvez não. Mas que diferença fará. O que eu sei com certeza é que você e seu querido príncipe talvez nem vivam o suficiente para viver outro grande amor.
— Não!
Puxo a espada e a seguro encostando a lâmina no pescoço da rainha.
— Como você se atreve? — Ela grita, a sala esquenta.
Os guardas chegam por trás. Cada um com uma lâmina apontada para meu próprio pescoço.
Provavelmente, se as circunstâncias fossem outras, eu cortaria o pescoço da rainha Luna sem pensar duas vezes, mesmo sabendo que morreria logo depois. Mas agora isso é tudo o que não pode acontecer. Preciso ficar vivo; preciso ficar vivo por ele.
Solto a espada.
— O que fazemos, Vossa Majestade? — Rik pergunta.
— Levem-no e o prendam nas masmorras, pelo menos por enquanto. Não vale a pena matá-lo aqui, não com Eric tão próximo e com os preparativos do casamento.
— NÃO! — Os guardas começam a me puxar para fora do salão. — Não. — Grito, enquanto Rik se aproxima da Rainha.
— Vigiem-no interruptamente. Ele não pode ver o príncipe de Aurora por um instante sequer, pelo menos não antes do casamento. Depois, quem sabe, possamos tornar as coisas mais românticas e matar os dois juntos.
— Não o machuquem...
— Sim, Vossa Majestade.
A rainha sorri.
— Foi um prazer conhecê-lo — diz, olhando para mim, e fecha a porta do cômodo em que está.
Saio arrastado pelo palácio de inverno de Montero, tentando organizar os pensamentos atordoados o mais rápido possível; rápido o suficiente para tirar Eric dessa merda toda.
***
(AVISO: A CONTINUAÇÃO DESSA HISTÓRIA CHAMA-SE A PROFECIA DO PLEBEU E ESTÁ SENDO ATUALIZADA SEMANALMENTE)
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A Canção do Rei [Concluída]
FantasyE se os contos de fadas fossem diferentes? "A felicidade está sempre a um passo de distância, basta apenas que tenhamos coragem de dar um passo a frente" O príncipe Eric Lluv descobriu há pouco tempo que herdou os poderes destrutivos do pai e agora...
Capítulo 25 - Vossa Majestade???
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