Capítulo 4 - Meu noivo e minha melhor amiga

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[Narrado por Eric Lluv]

Cambaleio sobre a grama e abro a porta da estufa e entro e lá estão Enrique e Tamara se beijando. Um raio corta novamente o céu.

***

A PRINCÍPIO, APESAR DO CHOQUE e do raio em si, penso em dar a volta e sair daqui o mais rápido possível, mas eles me notam.

— Eric! — Tamara diz exasperada.

Meu corpo se petrifica antes de sair da estufa. Seria muito bom se ele me obedecesse e corresse, mas não é o caso. Faço exatamente o contrário e me viro, e encaro os dois.

— O que...? — Ainda está muito difícil falar com a respiração do jeito que está.

— Você está bem? — É ela quem diz novamente, pois ela sabe das minhas crises. Ela observa, acima do telhado de vidro da estufa, o céu escuro. Enrique apenas olha para mim.

Apoio-me em uma das bancadas com mudas de rosas e assinto, mesmo sabendo que não, não estou bem. Eu ainda estou tentando controlar a respiração, e todo o resto.

— Eric, lembre-se do que eu te falei, você controla isso, não o contrário. — Enrique diz, ele conhece esse meu lado melhor que ninguém.

Não falo nada. Ouço o tilintar dos pingos da chuva fraca no telhado de vidro. Minha respiração parece ficar mais controlada.

— O que foi isso? — Pergunto.

— Eu queria te falar...

— Nós queríamos — Enrique intervém.

— Mas não tive a oportunidade.

— Desde quando? — Minha voz sai com dificuldade. Minha cabeça parece estar pesada demais.

— Faz três meses — Enrique responde.

— Três meses? — Pergunto diretamente para Tamara. Ela assente. — E você não teve a oportunidade?

Três meses que eles estão tendo um caso e nunca me falaram nada! Fico com raiva. Uma raiva idiota, confesso, mas o silêncio deles por todo esse tempo me machuca. Minha raiva nem é de ciúmes, pois sei que não gosto de Enrique, pelo menos não do jeito que eu deveria gostar para me casar com ele; é de, sei lá, decepção. Tamara é minha melhor amiga de sempre, ela deveria ter me dito. E Enrique também é meu amigo, na verdade.

— Então quando soubemos do casamento vocês já estavam juntos?

Os dois confirmam.

— E você aceitou o casamento mesmo assim? — Pergunto.

Enrique pigarreia e olha para Tamara que assente para ele.

— O que foi? — Pergunto.

— Fui eu quem propôs o casamento ao meu pai.

Um peso invisível cai sobre mim e eu só consigo olhar para os dois.

— O quê?

— Fui estúpido? Sim, mas era minha oportunidade de me mudar para Aurora de vez e de ficar...

— Com a Tamara?

Ele assente.

Sorrio, incrédulo.

— Eric — Tamara diz.

— Não precisa se explicar. — Digo e me viro para sair dali o mais rápido possível, senão tenho a impressão de que vou morrer.

— Eric...

Viro apenas para dar o recado para Enrique:

— Você deve estar ao meu lado em, sei lá, dois minutos.

E saio dali. E, felizmente, nenhum dos dois vem atrás de mim, porque não quero brigar com eles ainda mais e não quero exagerar como fiz com minha mãe. Sei que esconderam isso de mim por três meses, mas quem sou eu para julgar o amor deles, não é mesmo. Preciso apenas de tempo para lidar com tudo isso.

Então, ouço passos chegando perto de mim e me viro esperando encontrar Enrique ou Tamara, mas quem vejo é um homem que nunca vi na vida.

— Boa noite, Vossa Alteza.

Antes que eu possa responder, sinto a pancada por trás na cabeça e tudo fica escuro.

A Canção do Rei [Concluída]Where stories live. Discover now