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   Sentia minhas pálpebras pesadas e a sensação de formigamento em meu corpo ia sumindo aos poucos conforme nos aproximamos dos portões da grande propriedade.

Sou a primeira a descer da égua, logo ajudando Feyre que ainda parecia grogue por conta da magia. Sinto o olhar de Tamlin queimar em mim e parecia estar sondando minha alma a procura dos meus pecados mais obscuros. O olho de volta lhe oferecendo meu sorriso mais meigo e ele logo desvia o dele, sem jeito por ter sido pego.

Feyre agarrava minha mão fortemente durante o caminho para a grande mansão, ela tremia tanto que me preocupei de minha irmã estar tendo algum tipo de ataque. Enquanto eu caminhava tranquilamente como se estivesse indo visitar um velho conhecido e agindo como se aquela não fosse a toca do inimigo, adentrando a casa como se já estivesse acostumada ao lugar.

Seguimos o totó até chegar a uma sala de jantar com uma mesa repleta dos mais diversos alimentos. Observo a fera transforma-se no macho loiro enquanto sentava-se na cabeceira da mesa e indicava os assentos vazios ao seu lado. Eu sequer exito quando me sento na cadeira a sua direita impedindo de Feyre sentar-se próximo a ele.

Ele me observa, parecendo satisfeito com minha ação como se eu fosse um bichinho que estava sendo inesperadamente obediente com seu novo dono. E é exatamente como eu quero que ele me veja, ingênua e submissa, uma pobre humana baixo seu controle.

Já Feyre parecia indignada por me ver obedecer tão facilmente mas mesmo assim segue meus passos, sentando-se ao meu lado mas sem tocar a comida.

O silêncio era constrangedor e eu até sentiria pena de Tamlin se não soubesse o quão filho da puta ele é. Ignorando os outros dois começo a servir minha comida, eu que não vou morrer de fome por simples birra.

— Você deveria comer alguma coisa.— diz ele em direção a minha irmã.

O feérico encheu um copo com o vinho de um decantador de cristal exótico e bebeu com gosto. Como se precisasse.

Fiz o mesmo mas em quantidades menores pois não sabia quão afetada pelo álcool feérico eu ficaria. Sentia o olhar da fera analisando meus movimentos por baixo da máscara dourada.

Voltando seu olhar para minha irmã ouço quando ele solta um grunhido baixo.

— Coma.— ordenou.— A não ser que prefira desmaiar?

— Não é seguro para humanos.— é tudo o que diz.

— Sua irmã parece discordar.— rebate com uma pitada de diversão na voz.

Sinto Feyre me encarar e apenas dou de ombros como se dissesse "Que foi?" fazendo com que minha irmã bufe contrariada e comece a se servir, ganhando um assentir satisfeito de Tamlin.

Quaisquer que fossem as palavras ríspidas que eu tenho certeza que Feyre soltaria foram cortadas quando mais uma pessoa se fez presente na enorme sala de jantar.

—E então?— falou o estranho logo em seguida fazendo uma reverência para o macho sentado.

Me engasguei com o vinho quando o reconheci, os cabelos ruivos e uma túnica prateada, a máscara de uma raposa escondendo levemente seus olhos que agora estavam dirigidos em minha direção, confusão em seus belos traços.

Minha irmã me olhava estranha enquanto dava pequenas batidas em minhas costas ao qual eu agradeci após parar de tossir.

— Então o quê?— nosso captor inclinou a cabeça, o movimento mais animal que humano.

— Andras está morto, então?

Tamlin apenas assentiu.

— Como? — indagou Luci, os nós dos dedos esbranquiçados quando ele os fechou sobre os braços musculosos.

ᏒᎬᏁᎪᎦᏟᎥᎠᎪ ᎬᎷ ᎪᏟᎾᏆᎪᏒ Where stories live. Discover now