Capítulo 17

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{Nyx}

Só parti quando tive certeza de que as mãos de Primrose não tremiam mais. Só fui embora quando senti que seu coração se acalmou, assim como o laço que ligava nossas almas.

Eu sentia ele me puxar, e doía. Sentia Primrose com raiva, dor e angústia. Era uma sensação que ficava presa no peito. E aquilo era ruim demais para mim, e eu não podia imaginar como era pra ela.

Tinha visto suas garras mais de perto. Garras que eram maiores do que eu esperava, e com certeza, eram maiores do que ela conhecia. Mas ela parecia ter medo e desgosto das próprias garras, e a angustiava não conseguir fazê-las sumir.

Desejava ter ficado mais um pouco. Era assim que eu estava me sentindo toda vez que precisava me afastar. Desejando ficar por mais um minuto, só mais um minuto.

Só para ter a oportunidade de olhá-la. De me deixar ver aquele rosto que conseguia ser como uma brisa. De vez em quando, gelado como o vento do inverno, mas ao mesmo tempo, conseguia ser quente, como o vento no verão. Primrose conseguia ser as duas coisas ao mesmo tempo.

Mas, eu sabia que tinha que partir. Eu sempre tinha que partir. Aurora me esperava na Corte Diurna, além disso, se alguém me visse ali, seria terrível.

— Nyx! - ouvi a voz ansiosa de Aurora me chamar assim que eu atravessei para a Corte Diurna. Ela devia estar à minha espera a um bom tempo. A fêmea encarou minhas mãos que carregavam outro envelope — Você não entregou a carta? - seus olhos castanhos escuros confusos, me encararam com desapontamento

Dei dois passos em sua direção, escondendo o pequeno sorriso que se formava em meus lábios.

— Entreguei - assenti, ao me abaixar um pouco para ficar mais próximo de sua altura — Essa aqui, ela escreveu para você - ergui a carta que Primrose havia me entregado

Aurora sorriu mostrando os dentes, e pegou a carta nas mãos. Ela a abriu rapidamente, comprimindo os lábios com concentração, e seus grandes olhos começaram a encarar o papel com ansiedade. Sorri fraco. Alguns segundos depois, ela fez uma careta confusa e nervosa.

— O que foi? - perguntei, franzindo as sobrancelhas e sentindo meu sorriso sumir. Por mais que tivesse tido vontade, eu não tinha lido a carta, não sabia o que ela dizia

Aurora mexeu um pé, desconfortável, e desviou o olhar para o chão. Ela abaixou a carta, e depois me encarou de cabeça baixa.

— Eu não sei ler direito - ela explicou, tão baixo que tive que me abaixar mais um pouco para escutar melhor

Comprimi meus lábios contendo um sorriso, o escondendo para que ela não notasse.

— Certo, desculpe - pedi, me desculpando por não ter percebido antes — Posso ler para você - sugeri

Ela assentiu, e me entregou a carta. Encarei a letra pequena e delicada de Primrose, que ao mesmo tempo, parecia ter sido feita com pressa. Como se os seus pensamentos fossem rápidos demais para chegar até suas mãos. Comecei a ler em voz alta:

"Querida Aurora,

Agradeço muito por toda a hospitalidade, assim como agradeço, seu pai, sua mãe e seu avô, pela oportunidade de ter estado em sua Corte.

Sinto muito pela forma como parti. Queria ter me despedido apropriadamente, mas não consegui. Saiba que a culpa disso não é sua de forma nenhuma. Esses dias com você, foram curtos, mas fizeram a diferença para mim, mais do que imagina.

Fico muito feliz por sermos amigas. Eu tenho muita sorte de ter uma amiga como você. Continuei assim, doce, gentil, e sorridente.

Beijos, Prim"

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora