Redenção|Livro Um

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Helena: Vai tranquila minha filha, qualquer coisa eu te ligo-ela falou pela décima vez

Mordi o polegar sentindo minhas mãos suadas e se eu não soubesse os sintomas de um infarto podia jurar que eu tava tendo um nesse instante

Júlia: Tem certeza?, não queria te deixar sozinha, acabei de chegar-perguntei um pouco culpada e minha mãe revirou os olhos

Helena: Se serve um conselho, viva sua vida minha filha, um dia pode ser tarde demais para correr atrás-Ela beijou minha testa com carinho

Escutei a buzina do carro da Micaela e eu quase vomitei de nervoso, mas respirei fundo e abracei minha mãe

Júlia: Qualquer coisa me liga-coloquei meu celular no bolso

A vizinha da minha mãe, dona Fernanda, ia fazer companhia pra ela, parece até que elas marcavam de todo sábado virem pra cá fazer croche e verem a novela, ela até dormia aqui para ficar de olho na minha mãe, então então fiquei mais tranquila

Sai de casa e vi a HB20 branca da Micaela parada em frente a minha casa com um funk alto tocando, entrei no carona e ajeitei meus cabelos

Micaela: Você tá gostosa ein, nossa senhora-ela deu partida no carro e acelerou

Look Júlia

Look Micaela

Júlia: Você também, tá querendo chamar atenção de quem?-perguntei já sabendo que tinha algum homem na mente dela

Micaela: Vou te mostrar hoje-ela piscou

Em poucos minutos paramos na frente da rua do baile que estava lotada, uma nostalgia me pegou de jeito e eu tive que me forçar a andar, mesmo minha mente gritando que era uma péssima ideia ter vindo

Micaela: Quer voltar?-ela perguntou percebendo meu nervosismo

Júlia: Não, vamos e eu preciso de uma bebida-murmurei e ela cruzou nossos braços

Alguns seguranças que estavam ali por fora fizeram a contenção dela até o bar, estava tão cheio que eu tive que me espremer, se eu não tivesse acostumada a andar de salto teria virado o pé com certeza, pegamos dois copos de 700 ml de caipirinha e eu dei uma boa golada sentindo o gosto da cachaça queimar minha garganta

Micaela: Um copo desse é o suficiente para você dar pt-ela piscou se remexendo com a batida da música

Júlia: Deus me livre mas quem me dera, sempre fica tão cheio assim?-ela balançou a cabeça em concordância

Micaela: Geralmente eu fico no camarote, é mais vazio e tem bebida de graça, mas meu irmão tá com a Rafaelle e eu não vou fazer você encontrar com ele- ela explicou e meu estômago remexeu com só com a possibilidade

Júlia: Vem, vamos dançar-puxei ela pelo braço

Fomos para perto de uma caixa de som e eu dei mais uma golada na bebida, comecei a rebolar jogando meu cabelo para o lado e joguei a bunda no ritmo da música, como era um pouco mais acelerada, intercalava entre subir e descer, fazia tempo que eu não dançava assim, já que em São Paulo eu corria de baile igual o diabo foge da cruz

Ficamos um bom tempo dançando, já estava no meu segundo copo de bebida e sentia meu corpo começar a ficar suado, trocou para um rap e ao mesmo tempo eu vi que vários seguranças começaram a abrir caminho entre as pessoas, nem precisei pensar muito, segundos depois o Gabriel passou na minha frente junto da mulher dele, meu coração acelerou e eu senti meu peito queimar, todos os sentimentos que até então estavam guardados vieram a toa naquele instante

Como a porra de um imã seu olhar cruzou com o meu por alguns segundos, mas diferente de 5 anos atrás, eu não conseguia ler nada,  sua postura não vacilou nenhum momento, sustentei o olhar por alguns segundos e olhei para mulher dele, ela tava agarrada nele usando um enorme colar de ouro escrito "General", me obriguei a desviar o olhar e bebi todo líquido do meu copo 

Micaela: Vem, vamos embora-ela me puxou pela braço mas eu neguei com a cabeça

Júlia: Vamos ficar, uma hora isso ia acontecer, vamos agradecer que foi em um lugar que eu posso beber até esquecer-falei dando um gole na minha bebida

Micaela: Ótimo, pode deixar que eu cuido de você-ela piscou e me deu o copo dela

E foi exatamente isso que ela vez, saímos do baile quase 6 da manhã, fazia tempo que eu não ficava assim, tinha até dado uns beijos em um segurança que tava de plantão, era um gato e beijava bem, não sabia se tinha trocado telefone com ele, mas esperava que sim

Micaela me carregou até o carro enquanto eu fazia birra pra dançar mais e me levou em casa impedindo que eu acordasse minha mãe, me colocou em baixo do chuveiro frio e eu quase afoguei ela embaixo da água, coloquei meu pijama e deitei na cama quase em um coma alcoólico, peguei no sono com o caralho da imagem do Gabriel na minha mente.

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Personagens

Gabriel Silva
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Vulgo: General

Rafaelle Santos
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