Prólogo - MEGALOVANIA

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Arrastou seus dedos sobre o sangue, quase seco, misturado com terra e pedras pequenas. Sentia a poeira entrando entre suas unhas. Era mais um que ela tirara dele.
Erguia-se do chão, se apoiando em seus joelhos, ajeitando a camiseta colada de cor preta e abanando sua calça larga da mesma cor. Levantou sua cabeça para cima, deixando uma única lágrima escorrer de seu rosto. Logo olhou para frente, e passou reto pelo corpo de seu amigo, deixando o mesmo para trás, junto com as lembranças que tiveram naquele ano maluco.
Saindo daquela zona destruída, Moisés chegou até uma rua, onde havia vários corpos e carros destruídos, de longe, podia até mesmo ver três tanques de guerra, todos pegando fogo, com várias marcas de cortes. Passando por todo aquele estrago, avistou uma igreja próxima de lá, ele reconhecia ela, já foi lá a bastante tempo...

''Será que continuará a mesma? ´´

Perguntou ele a si mesmo em sua mente.

Por mais que estivesse parecendo uma zona de guerra mundial, não havia quase som algum, apenas os passos de Moisés e o som do fogo estalando ao redor. Isso o incomodava, não havia sequer uma alma viva, chegava a ser até um pouco excitante, saber que só restava ele e mais uma pessoa naquela cidade inteira. Como vira bem mais cedo, a ponte da cidade estava interditada por soldados estadunidenses, não havia entendido antes, mas agora sabia o porquê daquele alvoroço, Ruth estava bem mais forte, conseguia até mesmo enfrentar tanques...

''Quanto EXP ela conseguiu? ´´

Perguntava-se novamente, enquanto entrava devagar na igreja. Não adiantava tentar descobrir muita coisa sobre o que ela fez agora, só havia uma coisa que Moisés podia fazer, e ele sabia que se arrependeria disso.
Pisando devagar no piso frio da igreja, ele olhou ao redor e via várias imagens de jesus e de anjos nos vidros/janelas da mesma. Havia caminhos para a esquerda e direita, onde provavelmente ficavam os banheiros, e um corredor para frente, com duas portas de madeira envernizadas de cor mogno, fechadas. Moisés se aproximou das portas, e soltou dois trincos de metal, um encima e outro embaixo, segurando depois nas maçanetas de ferro, pintadas de um bronze escuro. Estava gelado, mas o garoto nem ligou, apenas girou a mesma e abriu as duas portas juntas, fazendo um alto rangido que ecoou pelo salão principal da igreja, onde haviam vários bancos da mesma cor das portas, e no final do corredor, feito pelos bancos em perfeita simetria, havia um altar, com um púlpito marrom, onde um microfone podia ser visto encima. As janelas eram totalmente coloridas, e as paredes, de cor amarelo bem claro, semelhante a areia da praia de Miami. Depois de observar cada canto daquela igreja, Moisés conseguia se ver, quando era criança, passando por debaixo dos bancos com uma garotinha, usando tranças, seguindo ela para lá e para cá. Essa mesma garotinha, estava sentada no primeiro banco do lado esquerdo do salão, estava assoviando uma música familiar para ele. Quando o mesmo começou a andar para o meio do corredor, a garota parou a música, e se levantou com cuidado. Suas roupas estavam sujas, de poeira e terra, várias manchas de sangue no rosto, corpo e cabelos, que estavam totalmente pretos e raspado do lado direito, com o resto do outro lado, amarrado em um pequeno rabo de cavalo, o mesmo estava imundo, oleoso, empoeirado e completamente pegajoso. Ela também estava usando uma camiseta preta de manga comprida, e por cima uma vermelha de manga curta com capuz, a camisa de cima estava manchada de sangue, deixando-a com algumas manchas pretas, já a preta por baixo, havia um buraco em cada manga, onde a garota colocava seu dedão, deixando a mesma como uma luva, as duas estavam bastante rasgadas, mostrando algumas partes de seu corpo, como cintura e abdômen. Acompanhado de um short curto e colado da cor marrom, com a barra do mesmo indo até o meio de suas coxas. Por baixo do short, ela também usava uma meia calça preta, e abaixo, um par de coturno pretos com cinza e de canos médios. Todos sujos com poeira e sangue.

- Finalmente você chegou... - Dizia a garota, no fim do corredor, revelando seus olhos escarlate e seu sorriso psicótico.

Moisés permanecia em silêncio, apenas olhando sem expressão para a garota que parecia empolgada com algo que estava por vir.

- Sábias palavras Moi, enfim... O que achou dos presentes que deixei para você ein? - Debochava a garota, colocando os braços para trás e balançando alegremente.

Ele continuava em silêncio, mas começava a andar até a garota, fazendo os sons de seus passos ecoar pelo salão.

- ... você não vai falar mesmo? Aff que chato... eu pensei que você fosse querer pelo menos conversar comigo - Fazia um biquinho e levantava as sobrancelhas, inclinando o corpo para frente e olhando maliciosamente.

- Você entendeu errado... eu vim aqui para ouvir a sua decisão - Moisés impôs sua voz em alto e bom som, que fez a garota se assustar um pouco - Se você escolher desistir de tudo isso e resetar... eu não vou fazer nada, mas... se escolher continuar, eu juro... Pela Nicole, que eu vou te matar - A voz do garoto engrossava, demonstrando raiva, seus olhos se afiavam para a garota, que sorriu, e frangira suas sobrancelhas para o mesmo.

- Quero ver você tentar! - Revelou um sorriso amarelo com um líquido preto surgindo de sua pele, flutuando sobre seu corpo todo.

Moisés arregalou os olhos com a atitude da mesma, talvez ele estivesse fazendo exatamente o que ela queria. Suspirou fundo e sussurrou as palavras chaves, ficando com o cabelo branco, a pele pálida e seu olho esquerdo, em uma azul safira, que começou a cintilar.

- Vai mesmo seguir esse caminho - Aquele olhar afiado de Moisés, agora se transformava em uma expressão triste.

- Eu já comecei... não posso parar agora - Uma faca vermelha aparecia na mão direita da garota, ela brilhava junto com algumas substâncias negras envolta dela.

- Por favor Ruth! Pensa primeiro!

- Eu já pensei o suficiente! E essa é a minha escolha! - Gritava antes que Moisés pudesse continuar a falar.
Avançou contra ele com uma incrível velocidade, deixando o vento do seu impulso, balançar os bancos. A única coisa que dava para ver, era o brilho de seus olhos vermelhos.

- Droga! ... - Moisés estalava sua língua e desviava do ataque imersivo de Ruth, que ao atingir o lugar em que estava, o chão quebrou em diversos pedaços, os bancos envolta, voaram para o lado, fazendo um enorme barulho.
Ruth desmanchava seu sorriso malicioso, quando viu que não o atingiu. Ela olhou para os lados, e em sua esquerda Moisés flutuava para trás, com vários Blaster* prontos para atirar nela, a última imagem que ela viu antes de ser atingida, foi o olho safira de Moisés, que brilhava ainda mais com a ajuda das lágrimas que escorriam bem pouco.

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⏰ Last updated: Apr 04, 2022 ⏰

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