business office

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Ouço o trinco da porta se movendo, o som de sapatos femininos invade o local silencioso como já estou acostumada. Permaneço lendo o 'pdf' no laptop a minha frente sem animação alguma. Suponho ser Haley. Ela havia saído a pouco para pegar a autorização de carga com Madden.

Ergo o olhar com calma enquanto começava a pronunciar o nome da minha assistente, mas paro no exato momento.

— Você não é a Haley — levo meu tronco para trás enquanto a pego me fitando sem ao menos tentar disfarçar. — O que deseja?

— Que você pare de ser infantil e faça o seu trabalho, O'connell. — a voz de Eleanor é clara e lenta, me surpreendendo.

Sua postura e seu tom de voz tinham um contraste gritante com a mulher a qual eu havia encontrado no banheiro um dia atrás.

Droga de mulher bonita.

— Como disse? — ela dá de ombros, se aproximando da minha mesa.

— Mandar Lauren fazer seu trabalho porquê não quer me olhar nos olhos, é sim, bem infantil. — ela conclui, comum sorriso no canto dos lábios.

Pela persiana aberta consigo ver Lauren passando em meio ao tumulto de funcionários andando de um lado para o outro em suas mesas próximas umas às outras, com um café em mãos junto a Haley e um sorriso safado no rosto.

Jauregui, eu te odeio.

— Seja lá o que for que ela te contou, não é...

— Negar qualquer coisa vai piorar a sua situação, e se por acaso a senhorita vier a contar algo a ela sobre nós duas de novo, não vou ser tão amigável quanto estou sendo agora — seu tom de voz se torna mais frio e autoritário.

Por segundos, Eleanor se assemelha tanto com o pai, que até me faz ter um déjà vu. A figura fria, autoritário, e sem índole nenhuma que era Hernández, o Todo Poderoso, havia cumprido a missão de criar uma cópia feminina sua, apenas em questão logística.

— Você ter se arrependido de ter relações sexuais comigo não afetar o meu trabalho, é um problema somente seu.

— Deixa de ser somente meu quando você não faz o seu trabalho por conta disso. — reviro os olhos.

Durante segundos, ficamos em silêncio, um silêncio tão incomodo que me causa as malditas borboletas na barriga em um nível tão alto que preciso me levantar para tentar acalmar a minha ansiedade.

Enquanto me levanto, noto a mulher alí fechando as persianas delicadamente enquanto lança um último olhar às pessoas atrás da parede de vidro. Estranho ato mas não a contesto, dou passos curtos contornando a mesa, até que eu possa escorar meu corpo na madeira apoiando meus braços ali.

— Acha que eu não percebi você me evitando pelos corredores em todos esses dias? — finalmente quebro aquele silêncio.

Ela se vira a mim e dá de ombros.

— Nós temos uma reunião hoje à tarde, as demais informações estão com a sua secretária — Eleanor dá passos lentos até mim enquanto diz a frase melancolicamente — Você vai, não aceito outra pessoa no seu lugar — dou uma risada nasal.

— Diga-me, Senhora Hernández, não acha curioso o fato de me querer tanto assim ao seu lado? — a sua postura arrogante tem uma queda mínima, mas notável.

Vê-la perdendo sua pose autoritária me fez perceber que Eleanor apenas fingia todo aquele teatro bem feito para que eu não pudesse notar o efeito que eu causava sobre ela.

— Por quê fechou as persianas? — me desencosto da mesa com essa fala, acabando com o pouco espaço que resta entre nós.

— Não queria dar mais boatos infundados a esta empresa — sorrio fraco.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora