lunch

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— Sim, papai, entendi o que disse... — respondo ao homem sem elevar meu olhar. Só conseguia enxergar uma bagunça deixada por ele, a qual eu deveria me virar para conseguir concertar de um jeito ou de outro.

— Deveria chamar alguém para te auxiliar. Alguém tão competente quanto o Diretor Comercial, sabe? Ele é um rapaz excelente, inteligente... bonito? — ergo uma das sobrancelhas quanto escuto sua frase. O encaro pela tela do laptop, ele gira o 'gim' dentro da taça enquanto sorri levemente — Dixon me disse que vocês vão almoçar juntos hoje, por acaso estão...

Sua pergunta paira no ambiente.

— Nossa relação é dada estritamente ao trabalho — respondo, colocando pouca emoção na voz.

Já faziam duas semanas desde que comecei a trabalhar aqui. Duas semanas desde que ignoro Dixon e o enrolo sobre o tal "almoço".

Duas semanas desde que transei com Billie.

Duas semanas desde que ela não sai da minha cabeça.

Duas semanas desde que eu me afundei no trabalho para tentar a esquecer, nem que por alguns minutos.

— Deveria dar uma chance a ele, talvez ele te faça esquecer Polac de uma vez por todas. Talvez ele te ajude em-

— Eu já esqueci Polac, pai, não quero me relacionar com ninguém. Nem homem e nem... — murmuro a última frase, me perdendo em seu fim — Não preciso de ninguém.

— Só estou dizendo que ter alguém ao seu lado é importante! — meu pai sorri fraco, encarando algo atrás do celular com o qual estava ligado a chamada de vídeo comigo — Sua mãe me ajudou bastante.

"Sim, ela realmente te ajudou em ser submissa e lavar, passar, dobrar, cozinhar e parir cinco crianças, que por acaso foram criadas por babás e quase não viam os próprios pais!"

— E eu estou dizendo que sou bem melhor sozinha — é mentira, meu pai não acredita nisso, muito menos eu.

Antes que eu possa dizer ou escutar algo, sou interrompida pela porta do meu escritório sendo aberta sem aviso prévio.

— Preciso trabalhar, te mando notícias minhas mais tarde. — sorrio fraco para a câmera antes de a desligar.

— Bom dia! Atrapalho algo? — nego, observando o homem à minha frente.

— Na verdade me salvou de uma conversa chata com o meu pai — sorrio de volta a ele, mesmo que eu não conseguisse transparecer animação ou alegria.

A palavra dita pelo meu pai ecoou pela minha mente: "[...] bonito?".

Sem duvidas, Dixon Madden era portador de uma beleza exuberante. Parecia ter saído de algum livro de fantasia ou coisa assim. Sempre usava roupas sociais e sapatos de marca, não gostava de ternos então abusava das camisas de linha ou com abotoaduras detalhadas. Seus cabelos pretos estavam jogados para trás e penteados com a pomada capilar, sua mandíbula era demarcada fortemente e seu sorriso era lindo.

Mas não é tão bonito quanto...

— Billie saiu 'pra almoçar com uma amiga e fui dispensado mais cedo da nossa reunião — franzo o cenho.

— Que amiga?

— Lauren Jauregui — murmuro "hm" enquanto o homem moreno se aproxima de mim.

Me lembro de Lauren, havia conversado com ela poucos dias atrás.

— Quer sair agora? Também não tenho nada para acabar até antes do almoço — Dixon assente com um pequeno sorriso.

Chegava a ser idiota o fato de eu tentar ignorá-lo por tanto tempo. Ele parecia perfeito. Literalmente. Em todos os aspectos, tanto em sua personalidade como na sua estética.

— Como achar melhor — ele dá de ombros.

Quando saio do escritório acompanhada de Madden, Rosa me lança um aceno de despedida e um sorriso doce.

O restaurante escolhido por ele era bonito, perto da empresa e pouco movimentado, o que facilitava minha vida em vários ângulos. Quando chegamos, a recepcionista nos indica a mesa reservada por ele, aos arredores da sacada, podendo nos dar a vista da rua movimentada abaixo de nós.

Me pergunto quantas vezes ele havia adiado essa reserva...

Há flores em um vaso ao centro da mesa e os talheres estão minuciosamente separados. Ele puxa a cadeira para que eu me sente e agradeço, recebendo outro de seus sorrisos.

Pedimos nosso almoço e rapidamente a comida chega até nós, Madden conversa comigo sobre assuntos aleatórios, nunca deixando a animação da conversa morrer.

— Você anda dormindo? — escuto sua voz serena após dar um gole de seu copo d'água — A vejo chegando às seis da manhã e saindo tarde da noite. Admiro seu esforço, seu pai não fazia isso.

— Obrigada — dou um sorriso fraco, remexendo minha comida com um garfo prateado — Gostava de trabalhar com meu pai?

— Odiava! — rio com sua frase — Ele me empurrava para um monte de reuniões às quais nem eram da minha jurisdição e fazia os outros diretores executarem o trabalho pesado, para no fim do mês sair na capa de uma revista de "Empresários exemplares".

— Sei bem como o Todo Poderoso Hernández é — garanto a ele — Dizem que eu sou a cópia dele. Se eu realmente for assim, não sei como me aguenta por tanto tempo.

— Vocês não tem muito haver, acredite — continua — Talvez o seu jeito autoritário e a sua aparência se assemelhem, mas é só isto.

— Eu sou autoritária?!?

— Depende, você vai me demitir se eu lhe irritar? — nego, Dixon ri — De vez em quando, sim... Talvez bastante. Mas de um jeito bom. Intimida as pessoas e te deixa ainda mais... atraente.

Sua última palavra me arranca um sorriso, pendo a cabeça para o lado, me apoiando em meu braço para o observar.

Já era hora de eu esquecer Billie de uma vez por todas.

— Me acha atraente, Madden? — coloco luxúria na minha fala, noto-o se embolar antes de falar a primeira frase, era fofo e remetia o nervosismo que escondia.

— Acho, Hernández — Dixon entona a mesma voz que eu, se não com mais drama — Seria louco se não a achasse.

— É bom saber — sorrio fraco a ele. "Que merda você tá fazendo, mulher?!?" — Vou ao toalete, se não se importar...

Ele dá de ombros, e assim me levanto seguindo o que eu achava ser o caminho do banheiro.

Dixon é um cara legal, mas... não, Eleanor, nem ouse algo! Mesmo que isso já seja tarde.

Entro no banheiro com pressa, não havia ninguém lá dentro. Apoio meu corpo em meus braços, me encarando no espelho bem iluminado. Eu só vim trabalhar e já estou quase me metendo com outra pessoa, eu realmente não aprendo nada.

Meu coração palpita rápido quando a vejo pelo reflexo do espelho.

— Está me evitando? — Billie me observa com as mãos para trás escorada em uma viga de mármore, seu rosto é sério e a cabeça está tombada para o lado, prestando toda a atenção em mim.

Se olhar matasse eu já estaria abaixo do chão.

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a eleanor::

a eleanor::

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𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Kde žijí příběhy. Začni objevovat