— Bem, porque se realmente existirem outros universos, vai ser incrível! E também, porque gosto de ajudar pessoas legais. — Ela sorriu. — Prometo que vou te ajudar. Além disso, você foi gentil me convidando para vir aqui, nessa casa enorme. — Paty passou o olho pela sala. — Leyla nunca me convidou para vir, com exceção das vezes que tínhamos trabalho escolar para fazer.

— Meus pêsames pela Leyla.

— Tudo bem. Eu já consegui lidar com isso. — Ela olhou para o chão. — Mas sinto falta dela.

Sentiu pena de Paty. Não devia de ser fácil perder um amigo. Não sabia o que faria se perdesse Tiago. Porém, de qualquer maneira, havia o perdido, certo? Já estava convencida de que não iria voltar para seu mundo. Talvez, tivesse que se acostumar a viver como Leyla Scarlett. Tudo que desejava era que, mesmo sabendo que poderia nunca mais ver seu amigo, ele estivesse bem. Pelo menos, Tiago estava longe de toda essa confusão, seguro no Mundo Um.

— Onde estão seus irmãos? Bem, não os seus, mas você entendeu. — Paty perguntou de repente.

— Foram ao enterro de Daniel, com a Rosa. Carla decidiu enterrá-lo, no final. Talvez percebeu que os filhos tinham direito disso.

As crianças não haviam aceitado muito bem a morte do pai, o que era compreensível. Na noite anterior, Camila subiu direto para seu quarto, e não viu quando Carla deu a notícia aos filhos, e ficou feliz por isso. A última coisa que queria ver era a reação de mais alguém ao receber uma notícia de morte.

Alguns minutos depois, Camila caminhou com Paty até o saguão de entrada, que já estava de saída e iria voltar para Pandiógeis. Quando chegou ao local, teve um déjà-vu ao ver Ximú parada no saguão, em frente à Carla.

— Vamos, ela passou por muita coisa. Vai ser bom para ela. — Ximú disse em tom de súplica à Carla. Quando seu olhar se pousou em Camila, ela abriu um sorriso. — Sobrinha!

— Oi! — Ela retribuiu, surpresa ao vê-la ali.

— Isso é muito esquisito, Angelina. Há anos você decidiu que queria viver como uma indigente e iniciar uma nova vida; você renegou o nosso nome. E agora, quer passar um tempo com a minha filha? — A expressão séria e indiferente de Carla continuou a mesma, porém, a curiosidade em sua voz era notável.

— Bem..., eu percebi que a família é mais importante do que qualquer outra coisa. — Ela deu um sorriso amarelo.

Carla pareceu pensar por alguns segundos antes de suspirar e se virar para olhar Camila.

— Leyla, quer passar alguns dias com a sua tia? Talvez seja melhor para você... — Ela pareceu hesitar. — ...se recuperar do que passou. E acredito que aqui em casa não seja adequado para isso. Eu não sou boa com... situações sentimentais.

Notou uma leve preocupação em sua voz, e mesmo que tenha sido pouca, foi o suficiente para surpreendê-la.

— Eu adoraria! — Sorriu e olhou para Ximú.

— Ah, ótimo! — Ximú deu pulinhos de felicidade, recebendo um olhar esquisito de Carla. — E você deve ser a Paty, não? — Ela olhou para a menina, que assentiu. — Está indo para casa? Se quiser te levo até lá.

— Não precisa, mas é muita gentileza. Obrigada. — Paty deu um sorriso amarelo. — Como uma suposta uma barata sabe dirigir? — Confusa, cochichou no ouvido de Camila, que apenas a olhou e riu.

— Bom — Carla começou. —, vá fazer suas malas, Leyla. — Camila apenas assentiu e se despediu de Paty, subindo as escadas rapidamente, em seguida.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora