— Sim, eu estava prestes a sair para encontrar o Aidan e conseguir uma carona para casa. O que você tem em mente?

— Quer dar uma volta comigo? Eu prometo que você não vai precisar ficar sobre o seu tornozelo ou nada do tipo. — ele perguntou e no fundo eu sabia que ele estava implicando mais do que suas palavras queriam dizer, mas isso não me fez sentir ansiosa ou incerta, por algum motivo. Com uma confiança que eu não sabia realmente ter até aquele momento, eu assenti, um pequeno sorriso em meus lábios.

— Eu adoraria.

❄️❄️❄️

Hunter fez uma parada para comprarmos chocolate quente e muffins de blueberry e então dirigiu para um local que eu não conhecia, mas que ele me prometeu que eu iria gostar. Embora nenhum de nós dois tivesse dito em voz alta, ambos sabíamos, sentíamos que aquilo era um encontro, e eu me sentia mais confortável do que havia imaginado diante dessa constatação. Eu queria estar em um encontro com Hunter. Não fazia ideia de onde essa estrada nos levaria mas, depois de meses de insegurança, agora eu finalmente me sentia pronta e desejosa em explorá-la.

Hunter estacionou em frente à uma antiga casa, que era pequena, particularmente alta e parecia vazia. Considerando que estávamos em uma das extremidades da cidade, onde as construções eram mais escassas e espalhadas, provavelmente era o caso. Hunter, entretanto, parecia familiar ao local, saindo do carro e abrindo a porta para mim como se já tivesse feito um isso um milhão de vezes. Atento ao meu tornozelo, ele me ajudou a sair do carro, sua mão envolvendo a minha.

— Onde nós estamos? — eu perguntei.

— Um lugar secreto. — ele respondeu. Ele tirou um cobertor de seu porta malas e me entregou — Vamos, está quase na hora.

— Você percebe o quão suspeito todo esse conjunto parece, certo? Lugar deserto, respostas vagas, garota sozinha... — eu provoquei.

— Oh não, você descobriu. — Hunter respondeu, entrando no jogo — Você caiu na armadilha de um serial killer.

— Um não muito criativo. — eu apontei.

— Engraçadinha. Vamos lá. — Hunter disse. Ainda segurando a minha mão, ele me guiou para dentro da casa, que realmente estava abandonada. Uma das únicas coisas que pareciam conservadas era a escadaria de madeira, para onde Hunter rumou. Ele parou diante do primeiro degrau, dobrando os joelhos e me puxando para perto dele — Vem, eu levo você. Eu prometi que você não forçaria seu tornozelo.

— Hunter... — eu comecei a protestar, mas ele me lançou um olhar afiado, um que dizia que ele não aceitaria qualquer desculpa e que me fez suspirar antes de me mover. Eu enrolei o cobertor ao redor dos meus ombros antes subir nas costas de Hunter, enganchando minhas pernas ao redor da cintura dele e envolvendo meus braços ao redor do pescoço dele com cuidado. Hunter me segurou com facilidade e se endireitou enquanto eu me sentia subitamente muito auto consciente.

— Você realmente não precisa....

— Nós estamos fazendo isso, Hastings. — ele afirmou e então começou a subir os degraus. Sem ter o que fazer, eu apenas me segurei e assisti e quanto Hunter subia dois longos lances de escadas até uma portinha. Hunter me colocou no chão gentilmente antes de abrir a porta, me surpreendendo ao revelar uma pequena varanda cuja vista era mais do que impressionante. Sobressaindo-se em altura sobre todas as outras construções próximas, era possível observar a paisagem ao redor sem problemas, bem como o céu, e quando eu vi os tons de rosa pintando o cenário que parecia infinito a nossa frente, eu compreendi porque estávamos ali.

— Bem na hora. — Hunter disse, sorrindo diante da minha expressão admirada. Ele gesticulou para o pequeno banco que havia ali e nós nos sentamos, enrolando o cobertor ao redor de nossos corpos enquanto assistíamos ao por do sol.

— É realmente lindo. — eu disse — Como você achou esse lugar?

— Sorte, eu acho. — Hunter deu de ombros — Aqui não fica longe do lago onde nós costumávamos vir patinar no inverno quando crianças. Um dia eu só resolvi explorar e acabei aqui em cima, bem a tempo de assistir o por do sol. Eu sempre venho aqui quando tenho tempo desde então.

— Um golpe de sorte, então. — eu disse — Você é um amante do por do sol então?

— Eu prefiro o nascer do sol, na verdade. — Hunter confessou, erguendo uma sobrancelha em seguida — Não vá sair por aí espalhando meu segredo, hein?

— Jamais. — eu sorri. Estávamos sentados muito próximos e, quando nossas pernas se roçaram, um pequeno arrepio percorreu minha pele, mas eu não me afastei do contato, e nem Hunter o fez. Ao invés disso, ele se aproximou mais até que minha cabeça estivesse quase colada em seu ombro, uma posição em que eu facilmente poderia me aconchegar contra ele se quisesse.

— Me conte um segredo. — Hunter pediu.

— Um segredo? — eu repeti — Eu não tenho muitos interessantes e você já sabe muitos deles.

— Bem, eu acredito que é mais difícil ser desinteressante do que interessante. Pessoas tem camadas e camadas que formam quem elas são, algumas mais do que outras. Mas não existe somente preto e branco, interessante ou não; existem um milhão de nuances entre esses dois extremos, um uma infinidade de cores que tornam tudo tão único e particular. — Hunter disse — E, acredite, Alisson Hastings, você não conseguiria ser desinteressante para mim nem que tentasse.

— Oh, por favor. — eu fingi exasperação, mas tinha certeza que minhas bochechas estavam vermelhas devido ao elogio — Que tal se você me fizer uma pergunta, já que quer saber alguma coisa.

— Tudo bem. — Hunter assentiu, virando seu corpo para me encarar propriamente e então, baixando a voz, perguntou — Como você se sentiria se eu te beijasse agora?

Oh céus. Definitivamente não era a pergunta que eu estava esperando e eu me enpertiguei com as dele palavras por um momento, quase que chocada mas, para minha própria surpresa, me vi respondendo logo em seguida:

— Eu não te impediria. — as palavras saíram suaves de meus lábios e assim que elas saíram, uma das mãos de Hunter está a se movendo para o meu pescoço, se enroscando na minha nuca e gentilmente puxando minha cabeça para perto enquanto ele se inclinava para frente. Eu senti sua respiração quente antes de nossos lábios se tocarem e meus olhos se fecharam com a sensação, tanto do beijo em si quanto do calor que aflorou em meu peito. A outra mão de Hunter segurou meu rosto com delicadeza, seus dedos deixando rastos de eletricidade contra a pele sensível da minha mandíbula. Oh, isso era bom.

Como se tivessem vida própria, meus próprios dedos se enroscam no cabelo de Hunter enquanto nossas línguas se encontram, mas nada sobre o beijo é frenético ou cheio luxúria ardente e apressada. É calmo e gentil, como um mar tranquilo ou o por do sol que estávamos assistindo minutos atrás. Me enche de uma sensação de ternura e pacificidade que eu não achava que já havia experimentado antes e isso me fascina e assusta ao mesmo tempo, felizmente mais o primeiro do que o segundo. Quando nós afastamos, ambos sem fôlego, nossas testas descansam coladas uma na outra enquanto ambos absorvemos o momento.

— Ei. — Hunter sussurra finalmente.

— Ei. — eu retruco baixinho.

— Acho que eu estou começando a gostar de você. — ele diz, um sorriso puxando em seus lábios, um sorriso que dizia que começando era um pequeno eufemismo.

— Bom. — eu respondi — Seria estranho se eu fosse a única me sentindo assim.

— Eu garanto que não é. — Hunter pousou um beijo na minha bochecha — Sem sombra de dúvida.

The Colors BetweenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora